Parte Quinze - Bruce

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Segundo Liv, a festa começaria cedo, tanto porque a polícia estava mais rígida que nunca com o clube, tanto porque não havia acomodações suficientes para os convidados de fora, e com a lua já subindo, música alta e várias motos estacionadas, era hora de começar a bagunça.

Ela estacionou a moto perto da entrada do clube, muitos conhecidos já acenando para ela e gritando seu nome, uma certa correria para dentro do clube - provavelmente para anunciar sua chegada.

– Tá prestes a se enfiar num antro pior que o Clube Iceberg, cheio dos caras mais perigosos que eu conheço – o encarou quando desceram da moto, Bruce se oferecendo para pegar a mochila dela. – Bom, uma parte deles. Fica frio, cuidado com a língua, tente se enturmar, e pelo amor dos deuses: não se meta em confusão. Tá usando as lentes?

– Sim. Trouxe esse par por precaução – entregou a ela o case.

– Ótimo, detetive – guardou a caixinha no bolso. – Vai ter muita investigação pra fazer quando voltar pra casa – sorriu de canto.

Segurando sua mão, levou-o consigo para o clube, percebendo que a maioria dos convidados já tinha entrado, e no momento em que passou pela porta, o coro ecoou estridentemente.

Membros da SAMCRO e de outras filiais do clube, membros dos Mayans, Grim Bastards, várias garotas em roupas provocativas servindo os rapazes... Alguns rostos que ela jurou que nunca mais veria porque Chibs disse que tinham saído do clube.

Um olhar para o escocês e ele soube que teriam uma discussão feia depois por causa daquela mentira, mas inicialmente, quando ele se aproximou, sua preocupação era outra.

– E esse aqui? – mediu Bruce da cabeça aos pés. – Da última vez que deu as caras aqui, você queria matá-lo.

– A vontade passou – Olivia sorriu descaradamente, e logo Bruce ficou de escanteio quando Chibs pôs o braço sobre o ombro dela e a conduziu para o centro do salão.

– Irmãos, amigos... – olhou para os presentes. – Essa é uma noite muito especial. Para a nossa filial, em particular. Boa parte de vocês só conhece a Pequena Sereia pelo nome, mas pra nós, que a vimos crescer e florescer, essa noite é histórica. Pelas regras do nosso clube, mulheres não entram, assim como nos de vocês, mas todos sabemos que Olivia não é uma mulher comum. Olivia deu sangue, suor e lágrimas por este clube sem nunca receber o direito de fazer parte da irmandade. Fez coisas que muitos de nós não faríamos sem nos ferrarmos. Clay e Jax nunca a aceitaram no clube e muitos de vocês também não queriam, até ver o que a ruivinha é capaz de fazer – deu dois tapinhas nas costas dela.

Bruce mantinha os olhos pelo salão, escaneando a maior quantidade de rostos possíveis, esperando que Alfred estivesse no computador para analisar as imagens.

– Apesar de todas as tragédias, essa aqui se manteve leal a nós, na alegria e na tristeza. Sentimos sua falta durante esses anos – a olhou por um momento. – Mas é uma alegria imensa tê-la de volta em casa. Nós somos uma família, afinal de contas – instigou alguns a concordarem. – E tenho certeza de que se ela estivesse nessa filial antes, as coisas teriam sido diferentes. Não dá pra mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro dos Sons of Anarchy e dos nossos amigos.

Happy se aproximou trazendo um kutte, menor do que os que eles usavam, e Chibs se afastou dela para segurar a peça de couro, Happy sorrindo para Olivia ao dar tapinhas em suas costas.

– Estamos burlando algumas regras e estatutos essa noite, é verdade, mas fazemos isso pelo bem do clube. Pelo bem do nosso futuro. Olivia não tem mais nada a provar a nenhum de nós. Foi uma old lady exemplar, uma mãe exemplar... – a fez engolir a seco ao cutucar a ferida fresca. – A filha e irmã que muitos sonham ter. Fez coisas que muitos prospects não tem culhões pra fazer, é mais homem do que muitos que arregaram e saíram com o rabo entre as pernas e que nos traíram – no que os demais concordaram. – Hoje, Olivia Teller, nós dos Sons of Anarchy Redwood Original a aceitamos como um de nós – mostrou o kutte, onde lia-se os patches do clube. Um patch a surpreendeu: Unholy Ones*. Chibs abriu o kutte, ajudando-a a colocá-lo e ela se virou para ele. – Bem-vinda à família – sorriu, a abraçando.

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