Parte Vinte e Nove - Bruce

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Era como se tivesse voltado para aquela noite fria de 31 de outubro de novo, vinte anos atrás.

O medo o assolava a cada passo que dava no corredor daquele hospital, enquanto avançava pelos repórteres, seguranças e médicos, cego sem enxergar nada além de Alfred, Jason e Annika, sentados em um banco, chorando.

– Cadê ela?!

– Fique calmo – Alfred levantou e o impediu de continuar caminho. – Eles estão fazendo tudo que podem.

Bruce sentiu um arrepio gelado.

– Como assim ''fazendo tudo que podem''?

– Eles não sabem a extensão dos danos. Tive que dizer que ela tem uma ''condição de pele'', não há forma de operá-la, se for preciso, mas estão examinando tudo que podem. Tive que contar que ela está grávida.

Pondo as mãos na cabeça, começou a andar em círculos, tentando processar o que podia fazer.

– Eu vou matá-lo – sussurrou.

Alfred o segurou pelos ombros para fazê-lo parar e lhe desferiu um tapa com as costas da mão que fez Bruce voltar a si, surpreendendo Jason e Annika.

– Eu só vou falar uma vez, então me ouça com atenção – o tom de Pennyworth o fez engolir a seco. Ainda que fosse mais baixo, naquele momento era muito mais intimidador. – Foi você que insistiu para que ela trabalhasse com você, você, Bruce, a arrastou para isso, e é a segunda vez nesta noite que ela recebe o impacto de uma bomba estando grávida. Se alguma coisa acontecer a essa moça, que Deus me perdoe, os seus dias de vida noturna vão acabar por bem ou por mal, está me entendendo? Agora ponha a sua cabeça no lugar e raciocine. Se uma bomba não a feriu, não temos que temer pelo pior agora, só precisamos esperar para saber se há motivos para nos preocuparmos. Você me entendeu, Bruce?

– Tudo bem – baixou os olhos para o chão.

– Precisa tirar Jason e Annika daqui antes que a polícia queira interrogá-los também. Onde está Selina?

– Aqui! – a morena correu na direção deles. – Olivia? – encarou o mordomo aflita, lágrimas ameaçando cair.

– Estão a examinando, não tenho nenhuma atualização ainda. Precisam tirar esses dois dos olhos públicos e rápido.

– É melhor você ir com eles – Bruce se arriscou. – Foi uma noite agitada pra todos nós, deveriam...

– Não ouse me mandar descansar, meu jovem – Alfred retrucou irado. – Nenhum de nós dormirá esta noite, garanto isso.

– Alfred, por favor – Selina o fitou, esfregando os olhos para afugentar as lágrimas. – Nós ficaremos aqui. Alguém avisou a Dory?

– Já a informei, dei a ela uns dias de folga em casa até que a torre possa ser habitável de novo, mas eu ficarei aqui – bateu sua bengala no chão com convicção.

– Já que insiste, então deveríamos conversar – Bruce o encarou.

– Sobre o que?

– Senhores – ouviram uma enfermeira se aproximando. – Sei que estão em uma situação delicada, mas terei que pedir que conversem em outro lugar, por favor.

– Vamos – Selina chamou por Jason e Annika. – Mando o endereço do hotel depois, vou pegar os gatos na torre – fitou Bruce, se afastando com a dupla mais jovem.

Bruce procurou por uma sala de espera e Alfred o seguiu, e assim que ficaram a sós, Bruce fechou as persianas e trancou a sala, se virando para o mordomo, que tinha acabado de se sentar no sofá.

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