Parte Vinte e Quatro - Liv

23 4 1
                                    

Aquela não era uma noite em que ela estava particularmente com vontade de brigar com alguém, salvo aqueles caras. Se pudesse, teria apenas ido embora com os outros sem olhar pra trás.

Mas se fosse embora sem acabar com aqueles otários, eles voltariam em algum momento pra terminar o serviço. Pouco interessava a ela o motivo pelo qual estavam ali - pegar Annika, que não tinha culpa nenhuma de ser fotografada por um anônimo e ser colocada no olho do furacão em um longo e extenso esquema que nenhuma delas entendia.

No momento em que empurraram a mesa que servia de barricada e começaram a atirar de uma vez, Liv só tinha uma coisa em mente.

Matar todos eles.

Seus rostos eram borrões para ela enquanto avançavam sobre si e pegava suas armas, as quebrando com um mero apertar de mãos. A atacavam com tacos de baseball, os de metal, outros trouxeram machetes, outros machados, mas mesmo que as pancadas e tentativas falhas de cortá-la a incomodassem e lhe causassem algum desconforto, não eram o suficiente para pará-la e não bastavam para que se defendessem dos punhos certeiros dela, ou de seus joelhos.

O calor da luta a cegava como uma droga alucinante. Assim que o primeiro otário sangrou e ela sentiu seu sangue quente nas mãos, entrou em frenesi, os segurando pelos cabelos e batendo suas cabeças umas nas outras para quebrar os crânios, ou pisando nos pescoços deles. Atravessou o peito de outro com um soco que o fez cair duro no chão, e quando os demais, com narizes, dedos, e costelas quebradas, a encararam, percebendo que não tinham como vencê-la, começaram a correr. Mas era tarde demais.

Os pegou de um por um nas escadas, os lançando contra as paredes, os jogando uns contra os outros para rolarem degraus abaixo antes de pular sobre eles e ouvir os ossos se quebrando, fazendo-os se engasgarem no próprio sangue.

O último que restava tinha se arrastado até a porta do prédio com uma trilha sangrenta atrás de si por causa da canela quebrada, mas Liv não o deixaria se safar.

– Não, por favor! – o rapaz de cabelo loiro curto, jovem demais pra estar naquela confusão, implorou, se virando de para ela com os olhos arregalados em horror, encarando seu rosto sangrento à meia luz externa que passava pelo vidro da porta. – Por favor, eu não quero morrer, eu não quero morrer, eu só tava cumprindo ordens! Não me mata, por favor, Liv, não me mata!

– Foi isso que os soldados nazistas disseram sobre o que fizeram na Alemanha, moleque. Essa desculpa não cola. Quem mandou vocês?

– Falcone!

– Deixa eu adivinhar: vieram pegar a Annika e me matar?

– Sim! – ele começou a chorar.

– E você não achou nem um pouco estranho ele mandar uns 20 caras atrás de duas garotas? O que Falcone falou sobre mim?

O rapaz engoliu a seco, tremendo enquanto se apoiava no chão em seus cotovelos. Liv se agachou, mantendo o olhar.

– O que foi que aquele velho carcomido falou de mim, Stefan?

– Não foi ele – desviou o olhar envergonhado. – Foi o Oz.

Liv pestanejou algumas vezes, confusa.

– Oz? Não – riu pelo nariz, incrédula. – Eu sou segurança dele!

– Ele falou de uma vez... Que você arrancou os dedos de um cara na força bruta... E que te deram uma facada nas costas, mas a faca se quebrou e não fez nem um arranhão... Dizem... Eles dizem que...

Fighting MyselfOnde histórias criam vida. Descubra agora