Parte Vinte e Três - Bruce

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Vê-la tão feliz era revigorante.

Uma dançante música tocava ao fundo, uma em espanhol, que ele não estava entendendo, e Liv estava ao fogão, preparando uma sopa reforçada para Jason, que não aceitou de jeito nenhum ficar no hospital, e para Annika, no quarto, que não tinha comido nada naquele dia e não parecia estar no melhor estado de espírito.

Selina estava ajudando-a na cozinha, cortando batatas enquanto Liv se ocupava com a carne, e Bruce tentava, muito mal, por sinal, cortar cebolas sem lacrimejar, os quatro gatos deitados embaixo da mesa, aos pés dele.

Enquanto cozinhava, Liv dançava e cantava, e até mesmo fez Selina parar de cortar as batatas para dançar com ela. Parecia outra pessoa inteiramente, e mostrava uma leveza perto de Jason que Bruce nunca tinha visto, o chamando para dançar também para levantar seu espírito.

Com a noite se aproximando, era hora de Bruce voltar ao trabalho. Dormiu pouco aquele dia e o cochilo que tirou com ela no sofá foi a muito custo, por insistência dela.

Quando ela se virou para ele e estendeu as mãos para que ele dançasse com ele, Bruce riu de nervoso.

– Não sei dançar – se levantou com relutância, conduzido por ela.

– Nem eu! – segurou sua mão, o posicionando corretamente para seguirem o embalo da música juntos.

– Essa é uma baita mentira! – Selina semicerrou os olhos, voltando-se para as batatas. – Me surpreendeu que Oz não tivesse pedido uma demonstração dessas suas habilidades, você teria tirado a atenção das garotas do andar de baixo.

– Não gosto de dançar em público, meu tempo como dançarina foi bem curto – deu de ombros, continuando no embalo com um desajeitado Bruce, que temia pisar nos pés dela.

Jason, sentado à mesa, observava os dois com curiosidade com o queixo apoiado na mão direita, o que deixou Bruce confuso.

– O que houve?

– Nunca vi emo dançando antes – fez Selina gargalhar um pouco.

– Não seja maldoso – Liv mostrou a língua para o mais novo. – Um dia, quando for mais velho, vai ver como dançar é legal quando se encontra o par certo.

O que o fez se lembrar de Juice Ortiz e em como ela provavelmente era muito mais feliz do que era naquele momento de sua vida, em uma casa estável, perto de sua família, casada e com seu bebê crescendo.

Pensar naquilo, dançando desajeitadamente com ela, o fez pensar em todas as coisas que tinha que pôr em ordem, a começar por encontrar e apreender o tal Charada que estava provocando a polícia e ele.

– Tenho que ir – e dizer aquilo foi um enorme sofrimento.

– Já? – ela parou de dançar imediatamente.

– Tenho trabalho pra fazer.

– E logo mais, nós também – disse Selina.

– Deveria pelo menos comer alguma coisa.

– Como algo na volta.

– É, eu sei bem o que ele vai comer na volta... – Selina murmurou.

Liv pigarreou alto para chamar a atenção dela, os olhos arregalados em censura, apontando para Jason, que apenas revirou os olhos.

– Adultos... Pff... Vão pra um quarto, vocês dois.

– Jay! – Liv corou, horrorizada, mas o mais novo apenas saiu da mesa para se jogar no sofá, ligando a TV.

Annika surgiu na cozinha de braços cruzados, encostando-se ao batente da porta. O olho ainda estava bem escurecido. Jade, a gata de Bruce, saiu de onde estava e foi até a loira, se esfregando em seus pés, pedindo atenção, e Annika a pegou no colo.

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