Parte Vinte e Oito - Liv

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No meio daquela confusão, ela percebeu, e Bruce logo depois, que alguém no andar de cima do salão estava observando tudo. Esperava que as lentes pudessem de alguma forma reconhecer quem era, mas o desgraçado estava contra a luz, então seria difícil.

Bruce a conduziu às pressas para fora da prefeitura com os demais, pegando o carro e indo embora com ela por um caminho que ela não conhecia, em meio a becos escuros e ruas desertas. Ele dirigiu até um estacionamento que parecia abandonado, estacionando em um ponto cego onde o carro não ficava visível para a rua.

Ela desceu com ele, Bruce pegando a grande bolsa onde havia colocado seus trajes e equipamentos, e a levou até o banheiro do que costumava ser a guarita.

Liv tentou evitar, mas acabou rindo um pouco enquanto eles trocavam de roupas às pressas, chamando a atenção dele, que a encarou confuso enquanto passava tinta preta ao redor dos olhos.

– O que foi?

– Se não fosse uma situação potencialmente trágica, esse momento aqui seria hilário – ela explicou enquanto se livrava da peruca e removia as presilhas e elásticos que mantinham seus cabelos ruivos no lugar. – Você conseguindo o que sempre quis de mim, quero dizer.

– Eu queria que fosse em circunstâncias melhores – ajeitou os cabelos para trás, colocando o elmo.

– Sei que sim – o ajudou a encaixar melhor a peça sob o traje. Se virou para pegar o protótipo de máscara que ele havia feito e o colocou no rosto, já sentindo desconforto por se sentir sufocada, mas surpresa com a aderência da mesma. – Se eu tivesse um braço biônico com a estrela soviética, um traje preto e uma metralhadora, causaria o mesmo terror nas pessoas?

– Não – ele pegou a bolsa com as roupas civis, abrindo a porta para que os dois saíssem. – Você nunca precisou de nenhum traje marcante pra pôr medo em ninguém, Liv – abriu o porta-malas do carro para colocar a bolsa ali.

– Vou tomar isso como um elogio – o acompanhou até outro ponto cego, onde estava a moto dele.

– É um elogio – sorriu brevemente, subindo na moto e ajeitando sua capa para que ela pudesse subir.

Ele todo de preto, e ela de escamas branco-azuladas e cabelos ruivos ao vento. Muito discretos.

Voltaram para a prefeitura pelos fundos, de mansinho, Batman se aproximando primeiro, chamando a atenção de Gil Colson, que estava sentado em uma das cadeiras, tendo como única companhia o robô do Esquadrão Antibombas de Gotham City enquanto o celular preso à sua mão continuava tocando irritantemente.

Liv percebeu, enquanto seguia o vigilante, que haviam homens armados a postos não muito longe deles, e quando os encarou de volta, um deles até recuou por instinto, talvez porque os olhos dela estivessem brilhando naquela escuridão, como qualquer olho atlante fazia para se adaptar ao ambiente. Ouviu-os murmurar:

– São dois deles agora?!

Quando o Batman se aproximou de Colson, removendo de sua boca a fita prateada que dizia ''chega de mentiras'', Liv se deu conta da enorme diferença entre o Batman e Bruce. Aquele mascarado que estava à sua frente tinha uma presença totalmente diferente daquela de seu namorado. Aquele era o tipo de homem com quem poderia facilmente entrar em luta corporal, porque ela não tinha nada a perder e nem ele.

Olivia se deu conta de que tinha medo do Batman naquele momento. Da sua forma de andar, e da forma como falava - seu tom de voz assustadoramente apático e grave enquanto conversava com Gil a respeito da bomba em seu pescoço.

Percebeu quando ele pegou o envelope destinado a ele, abrindo o cartão para ler o óbvio: Charada queria que ele atendesse o celular.

Os dois trocaram um breve olhar e Gil ergueu a mão para que ele aceitasse a ligação. Liv sentiu um incômodo nos ouvidos com a respiração ruidosa do Charada no outro lado da linha.

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