Capítulo 1 Anos já se passaram

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   Um tempo se passou, o medo e angústia não fazia mais parte do cotidiano, a salvação do Grande Lord trouxe mudanças, famílias começaram a crescer, bebês a nascer, novas gerações a surgiram e todos ainda veneravam o Grande Lord. Na verdade, nem todos, tem uma grande diferença em ouvir histórias e conviver com elas, os mais velhos ainda idolatravam o seu salvador, mas os novos não gostavam da ideia de um velho no governo.

O sol já estava se pondo e em uma das grandes barracas um jovem garoto voltava para casa após um dia de trabalho.

— Oh já chegou Henry? Não te vi chegando - Pela porta da cabana entra Henry, um garoto com a estatura média, seus cabelos eram pretos e seus olhos cinzas. - Estou tão preocupada com as coisas que nem me toquei o quão tarde está. Como foi seu dia filho?

— Foi como sempre, uma chatice, eu odeio ter que ficar fazendo as coisas que aquele velho me manda, não sei o que o povo vê nele. "Olha só o grande Lord" para mim está mais para velho babaca.

— Não fale assim dele, lembre-se que foi... - Henry a interrompe.

— "Ele foi o grande salvador", eu sei disso mãe, eu ouço isso desde que eu era pequeno. "Todos salvem o Grande Lord" que frase mais idiota.

— Você tinha que ser mais grato, todos os meninos daqui fariam de tudo para ter o seu trabalho.

— Fariam de tudo para ficar o dia todo carregando madeira? Tenho minhas dúvidas se fariam de tudo por isso.

— Você me entendeu Henry. Me ajude a arrumar a mesa, daqui a pouco ele deve chegar.

— Quem deve chegar?

— John, o seu padrasto, quem mais seria?

— Tinha me esquecido que ele chegava hoje, seria melhor se ele ficasse por lá.

— Até dele você vai reclamar agora, Henry?

— Vou reclamar com motivos. Eu nem sei por que você está com ele, se ele fosse legal, mas nem isso ele é.

Um choro de bebê ecoa pela cabana.

— Lolah acordou, você pode cuidar dela para mim? Veja porquê ela está chorando. Daqui a pouco John chega e eu não terminei o jantar.

Henry então vai em direção do berço e diz em sua mente: "Minha irmã estava chorando, confesso que não gostava muito dela somente pelo fato dela ser filha do meu padrasto, mas era difícil ignorar uma criança fofa como ela. Antigamente tinha esperanças que John poderia ir embora, não era comum homens quererem se relacionar com mulheres que já tinham filhos, mas quando minha mãe descobriu que estava grávida dele percebi que ele não iria embora, era triste pensar que Lolah é filha desse homem.

— Henry você viu porque a Lolah estava chorando? - Myra diz enquanto terminava a comida.

— Ah, sim. – Henry pega Lolah e leva em direção de sua mãe.

— Por que minha bebê está chorando? - diz com uma voz manhosa.

Henry então a responde.

— Acho que o motivo do choro é aquele negócio nojento.

— Que negócio? – diz se aproximando de Henry e Lolah, quando ela chega perto ela entende o sentido do "negócio nojento" — Entendi o que você quis dizer com negócio nojento, vamos me dê ela aqui, irei trocá-la.

— É assustador o fato de uma criança tão linda fazer algo tão nojento e fedido.

— Está reclamando do que? Quando você era pequeno fazia o mesmo – diz Myra, rindo

Envergonhado Henry responde:

— Sim, mas agora já estou crescido.

— Por isso mesmo, pelo fato de estar crescido você tem que perder esse nojo, daqui alguns anos você será pai e terá que ver esse "negócio nojento" todos os dias.

— Daqui alguns anos não, daqui vários anos.

— Você já tem 17 anos, está na idade de se casar. Tenho certeza que você irá conhecer alguma garota, irão se casar e ter filhos, isso não está muito longe de acontecer.

— Eu espero que esteja bem longe de acontecer.

Um barulho de galopes começa a aparecer:

— Deve ser John chegando.

Na porta aparece John um homem uns 40 anos, ele tinha cabelos escuros com uns fios brancos que alertavam a idade, barba e olhos azuis, sua postura era robusta. Ele entra com uma aparência convencida.

— Olha só se não é minha esposa e minha filha mais lindas! E tem você Henry... -diz em um tom mais sério.

— Como foi a viagem querido? – Diz Myra.

— Foi como sempre, mas a janta já está pronta? Você sabe que essas viagens sempre me deixam com fome.

— Ah sim, já está pronto, fiz aquele ensopado que você adora.

— Ótimo então, me sirva agora. – Diz John sentando na mesa.

Myra então coloca Lolah no berço e vai em direção a panela de ensopado, Henry vendo vai atrás dela. Quando Myra chega na frente da panela começa a servir o prato de John, então Henry diz em seu ouvido.

— Já não basta ele ser uma babaca ele ainda tem que esperar você servi-lo?! por que ele mesmo não faz isso?

— Ele só chegou cansado, só isso.

— E você não está cansada também? Cozinha, arruma a casa e cuida de um bebê, não é algo fácil, ele podia pelo menos compreender isso.

— O que os dois estão cochichando? - Diz num tom curioso e impaciente.

— Nada, meu amor, já preparei seu prato - Myra então leva o prato para o homem.


Logo depois todos estavam na mesa comendo:

— Então como foi o dia de trabalho Henry?

— Por que você quer saber?

— Eu só estou tentando puxar assunto com meu enteado.

— Se você quer saber, foi igual todos os outros dias. – Diz Henry com um tom rápido pois não queria puxar assunto.

— Eu fico surpreso pelo cargo que você tem. Quando te chamaram para trabalhar para o Grande Lord esperava que iria trabalhar como mensageiro, não como catador de madeira - Diz rindo da cara de Henry – Pensei que poderia colocar você como puxador de carroça, esse trabalho seria bem a sua cara, fazer o mesmo trabalho que uma mula faz – Dava para perceber na cara de Henry que ele não estava nem um pouco feliz com o assunto. – Acho que é por isso que colocaram você como catador de madeiras, não teria a força para puxar uma carroça, isso que dá ser um garoto fracote.

— John! - Diz Myra num tom de repressão.

— Quer saber chega! Olha eu não estou aqui para ser humilhado por você! Eu perdi o apetite, vou dormir. – Diz Henry se retirando da mesa e indo em direção a sua cama.

Henry chega na sua cama e se deita enquanto ouve as conversas na mesa

— Você precisava falar assim com ele, John! Ele é só um garoto, não precisa ouvir coisas assim, principalmente dentro de casa.

— Myra, ele precisa aprender a ouvir coisas assim.

Henry só pensava em dormir agora. Aquilo que seu padrasto o dissera era verdade, Henry não era forte que nem os outros garotos, era apenas um ninguém que vivia catando madeira, tão perturbado com isso na cabeça decide dormir.

Emperys A origemOnde histórias criam vida. Descubra agora