Capítulo 34 Somente eu e você

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Eu andava com um pouco de dificuldade no meio do mato, tentando focar em não deixar as madeiras caírem no chão, afinal alguém podia vir fazer um limpezinha aqui, não sei para que tanto mato e pau no caminho.

Depois de ter passado pela trilha no fim do bosque, avisto William que estava sentado arrumando a fogueira. Eu me aproximo e coloco os gravetos no qual tinha achado ao lado do garoto.

— Foi os melhores que achei. — Digo me referendo aos gravetos.

Ele então se vira para olhar a pilha, pega um e analisa.

— Estes estão ótimos! — Diz colocando eles na fogueira.

— Irá fazer oque?

— Vou fazer peixe para almoçarmos para podermos sair. — Ele diz colocando os gravetos na fogueira.

Peixe, isso me deixa feliz, já estava cansando de comer coelhos, alguns dias atrás descobrimos um lago no meio do bosque, uma enorme sorte, agora temos água, peixe e pelo privilégio um lago para tomar banho, mesmo ainda não temos feito isso. William ainda está desconfiado, depois do barulho a noite, ele saiu de manhã com Quebra-vento na busca de algum rastro e não achou nada, ele procurou outras vezes e a melhor teoria era algum animal, mas prefiro acreditar que os cavalos fizeram de propósito. Só não me lembro para onde vamos depois.

— Ir para onde?

— Eu te falei ontem de noite, Alister.

— Falou?

— Falei, eu disse que quero ir ver o antigo acampamento do exército do Lord, acho que possa ter ficado algo para trás, algo que possa ser útil para nós.

— Ah, lembrei.

Confesso que não queria ir, preferia ficar deitado na cabana depois do almoço, mas também não gostaria de fazer isso sozinho aqui. Então, pego o peixe e começo a descama-lo para assim pôr na fogueira.

— O que eu faço agora? — Pergunto.

— Sei lá, faz alguma coisa até o peixe fica pronto.

— Tipo oque?

— Ah, vá ficar com Beladonna, você não disse que quer tentar ficar amiga dela? Então, pegue algumas maçãs ali e leve para ela e para Quebra-vento.

— Ah, tudo bem.

Eu digo saindo. Eu não entendo o porquê William se dá muito bem com Quebra-vento, já eu e Beladonna, ela se faz de difícil, já faz tempo que quero que a gente se de bem, William diz que um cavaleiro e seu cavalo devem ser um só, mas pelo visto Beladonna queria ser uma sozinha.

Eu vou me aproximando de onde eles ficavam, deixávamos eles amarrados com uma grande corda para não ter risco de fugirem. Quebra-vento tenho certeza que não fugiria, mas Beladonna tenho minhas dúvidas. Eu ofereço uma maçã à Quebra-vento que está mais perto, ele se aproxima com calma e pega a maçã, então vou em direção a Beladonna que estava um pouco mais afastada e diferente de Quebra-vento ela não parece se importar com a minha presença ali, ela apenas ignora. Eu estico a maçã em sua direção e faço um barulho para que ela venha, ela se vira para mim e depois volta a pastar. Eu lhe ofereço novamente a maçã, dessa vez me aproximo mais, ela novamente olha e volta a pastar.

— O que eu fiz pra você hein??? Estou aqui te dando uma maçã, você se faz de difícil demais! Eu lhe ofereci duas vezes, vou lhe oferecer de novo e se você não vir ficará sem maçã. — Digo novamente estendendo a maçã em sua direção. Dessa vez ela não a olha apenas fica pastando.

— Então está bem, eu desisto!
Eu me viro e sento numa pedra não muito longe dali ecoloco as duas maçãs que tinha ao meu lado. Eu não entendo, William faz parecer tão fácil, mas é tão... difícil. Bem que William me falara que ela era uma égua difícil, mas mesmo assim a escolhi, mas eu sei que vamos nos dar bem, é só questão de tempo, é o que prefiro dizer a mim mesmo.
Eu abraço minhas pernas e enfio minha cabeça entre elas, eu ouço alguns barulhos dos cascos batendo na terra, provavelmente Quebra-vento vindo, mas quando me viro para o lado me deparo com a imensa cara branca de Beladonna, ela se abaixa, pega a maçã e come, logo depois faz o mesmo com a outra ali no chão. Quando percebe que as maçãs acabaram ela me dá uma cabeçada na qual se não tivesse equilibrado teria me feito cair. Ela permite que a acaricie, sua mudança repetida de humor me assusta um pouco, mas ela não parecia mostra alguma agitação, por incrível que pareça, então fico ali na companhia deles até que William me chamasse.

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William terminava de pôr as selas nos cavalos, já tínhamos comidos e agora partiríamos. William disse que imagina que não é tão longe, que se formos correndo ou em um galope rápido podemos chegar talvez em 1 hora ou menos e é isso que fizemos quando as selas estão corretamente colocadas, subimos e logo damos o comando para eles correrem.

Corremos por um tempo, depois fomos em um trote. Quando chegamos foi exatamente como William imaginara, não havia apenas algumas coisas largadas haviam muitas, resto de carroças, caixas, tabuas de madeiras entre muitos outros.

— Olha só que perfeito! Conseguiremos muitas coisas aqui. — William diz.

— Mas como levaremos as coisas, afinal temos apenas dois cavalos.

— Podemos pegar algumas das carroças, alguma que ainda consiga andar. — Ele observava envolta em busca de alguma que atendesse esse tipo, eu começo a olhar também para ajudar.

— Olha ali, aquela parecer estar em melhor estado. — Ele desce do cavalo para averiguar e logo o sigo.

A carroça era pequena, mas era o suficiente para a gente, necessitaria apenas de um cavalo para puxar e pelo visto estava em bom estado, a roda traseira parecia fraca, mas William disse que acha que aguentaria até voltar.

— Ela parece boa — Eu digo. — Acho que talvez realmente ela aguente até a gente voltar para casa.

— Casa?

— Sim casa, eu sei que estamos numa competição onde vamos provavelmente morrer mas considero lá nossa casa, afinal comemos e dormimos lá, então por enquanto é nossa casa.

— Eu gosto quando você fala nossa casa.— Ele diz com um sorriso para mim o que me faz corar imediatamente. —Eu fico feliz que estamos juntos aqui — Ele se aproxima segura minha a mão e me dá um beijo e então continua a olhar a carroça.

Eu o ajudo a testar se a carroça andava, depois fomos dar uma olhada pegamos algumas tábuas, William achou alguns tecidos de cabanas antigas na qual ele pegou também, achou uma caixa com algumas flechas intactas nelas na qual não pensou duas vezes antes de pegar. Evitamos levar muita coisa, afinal, não queríamos pesar a carroça. William pega uma corda na qual consegue improvisar um tipo de guia para que Quebra-vento puxasse a carroça.
Estava começando o pôr do sol e então voltamos logo para nossa casa, confesso que falar “Nossa casa” era algo que pensei que nunca poderia dizer, eu sei que a situação não é a melhor, mas estamos juntos, morando juntos, vivendo juntos, para mim isso já importava.

Quando chegamos deu tempo de William arrumar a barraca, agora ela estava bem melhor, não aguentaria uma tempestade, mas aguentaria uma chuva e com o tempo poderia ir melhorando. William foi fazer um jantar, o resto do peixe, enquanto eu fui arrumar a barraca para dormimos depois, agora estava ficando tudo perfeito, somente a gente, vivendo como um casal sem precisar temer nada, talvez a competição não tenha vindo por mal, talvez não no nosso caso.

Eu estava feliz com essa vida, era apenas eu e ele.

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