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                                                                    liv's

Eu tinha acabado de fazer quatorze, enquanto os trigêmeos haviam seus recém completados quinze. Era verão, ou seja, estávamos de férias, e eu e minha mãe passamos o dia em sua casa. 

Os garotos estavam na mesa, jogando pôquer com minha mãe, enquanto eu e Mary estávamos sentadas no sofá conversando. 

Sei que Mary se levantou e colocou Can't Help Falling In Love para tocar no grande toca discos que tinha na sala. Uma música bem pré-histórica, mas lembro de ter adorado quando ouvi. Ainda a adoro.

Mary puxou Chris para dançar, que reclamou, mas acabou obedecendo a mãe. Fiquei a observando, vendo como ela mexia os pés, sorria e balançava a cabeça, enquanto Chris girava em torno dela, e quis dançar também.

- Nick, dança comigo? 

- Foi mal Liv, eu não danço música lenta.

Tenho minhas dúvidas se Nick não dançou porque realmente não sabia dançar ou estava pouco se fodendo pra mim enquanto mais mexia no celular do que jogava. Nick com quinze anos foi um pouquinho difícil.

 - Matthew, dança com ela. Mary ordenou, olhando para o trigêmeo número dois.

Lembro de não ter tido coragem de olhar para Matt. Tinha medo de que meu amor por ele e o quanto eu queria aquela dança estivessem estampados na minha cara. 

Matt obedeceu, afinal, Mary estava pedindo, então a chances dele recusar eram bem pequenas. Estendeu a mão e me puxou pra perto. 

E ele não a soltou.

Pelo contrario, ele pegou minha mão, colocou a outra em seu próprio ombro e me puxou para ainda mais perto colocando a mão na minha cintura.

- Olha, essa dança é assim - ensinou, balançando os pés de um lado para o outro. - Um-dois-três, um-dois-três, direita, esquerda e pisa. 

Foi aí que eu pisei em seu pé e quase morri de vergonha.

- Meu Deus, me desculpa Matt. Acho que dançar não é pra mim.  - eu me solto dele e arrumo meus óculos.

Pois é, eu usava óculos, daqueles gigantescos que cobrem metade do seu rosto. E aparelho. Que bom que as lentes de contato existem.

 - Caramba Liv, você não sabe direita e esquerda?- Chris diz, tentando brincar, mas lembro de ter ficado um pouco pra baixo.

- Cala a boca Chris. - Matt fala.

Ele abriu um pequeno sorriso e disse:

- Qual é Livs, você tá indo bem, e além do mais, não foi nada. Vamos continuar.

E nós continuamos. Eu devo ter pisado umas mil vezes em seus pés, mas Matt não desistiu nem reclamou, até mesmo depois de Mary e Chris se sentarem, ele continuou lá.


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- Madi, qual dos dois você prefere?

Nós duas estamos nos arrumando, já que vamos todos sair pra jantar em um restaurante aqui da cidade. Madi já tinha escolhido sua roupa, um vestido preto e tênis, que eram meus por sinal. A minha roupa não seria muito diferente.

Mostro dois vestidos curtos, um azul-claro e o outro mais perto de um rosa.

- Aquele ali, com certeza. - ela aponta para o azul, enquanto acaba de passar rímel nos olhos.

Coloco o vestido e me olho no espelho.

 A cicatriz. 

Desde o acidente, depois de tudo, tive que passar por umas duas cirurgias. E uma delas deixou uma marca, bem grande por sinal. Uma cicatriz, que começa perto do meu ombro direito e vai até quase no pescoço.

É que não é uma coisa bonita de se ver e tal, então sempre que eu posso tento não deixa-la visível. Meus amigos devem ter visto ela raramente, ou talvez nunca.

Pego um suéter preto e o coloco por cima do vestido.

- Liv, você vai de blusa? Está super mega quente lá fora. - Madi diz, vindo mais perto de mim.

- Talvez fique frio né? Você esqueceu que eu sou meio canadense? Eu praticamente vivo de baixo de blusas de frio e suéteres.

- Tá bom então, senhorita canadense. Quer que eu te ajude com o cabelo?

- Claro, eu ainda tenho que acabar a maquiagem mesmo.

Me sento na penteadeira perto da porta a passo meu rímel e um gloss, já que eu havia passado corretivo e iluminador antes. Madi fez um ótimo trabalho conseguindo domar o frizz do meu cabelo com um creme novo que eu havia comprado.

- VAMOS LOGOOO, EU ESTOU COM FOME SABIAM? - Chris grita lá da sala.

Eu e a garota nos entreolhamos com um sorriso e saímos do quarto, prontas.

- Puta merda vocês duas estão muito gatas. - Nick diz vindo até nós e nos abraçando de lado.

Os outros dois estão sentados no sofá, mas Chris levanta e diz:

- Real, vocês duas estão bem gatas. - ele pega a minha mão e me gira, enquanto Nick faz o mesmo com Madi. 

Juro que talvez eu tenha visto os olhos de Matt fixos em mim e em Chris. Ou eu posso estar bem errada e as lentes de contato estão falhando.

Dou um sorriso para meu amigo. 

- Então, vamos? - Matt finalmente se levanta do sofá e pega as chaves do carro.

- Sim, eu preciso comer. - eu digo.

Vamos todos ao carro, e quando Chris vai em direção ao banco de passageiro, eu entro em sua frente e me sento.

- Privilégios de aniversariante Chrissy.

- Já me arrependi de ter te elogiado a cinco segundos atrás ouviu?

Dou um sorrisinho forçado, franzindo o nariz. 

Matt liga o carro e antes de dar partida, vira pra trás e parece que está nos contando.

- Ah qual é Matt, esse lance de mãe de novo não. Estamos todos aqui olha, eu vou até listar em ordem alfabética. Chris, Liv, Madi, Matt e Nick. Pronto, todos aqui.

Chris fala, com o máximo de sarcasmo possível. Matt vira pra frente e começa a arrumar os espelhos quando diz:

- Foda-se, vou continuar fazendo essa merda pra não esquecer mais ninguém. De novo.

Mano foi só uma vez tá legal? - Chris diz protestando.

Nick e Madi estão rindo como idiotas da cara de Chris, que agora está totalmente chato por causa dessa lembrança não tão boa de uma vez que o esquecemos no shopping à uns dois anos.

Ele apenas ignora e dá partida no carro indo em direção ao restaurante. Lá atrás estava cada assunto merda que eles nem perceberam quando eu e o Bernard começamos a conversar.

- Matt, quer que eu ponha o endereço pra você?  

- Não precisa Liv, acho que eu sei chegar lá. Afinal, eu sou um ótimo motorista. - ele diz convencido, com um sorrisinho. 

- Tá bom então ótimo motorista.

Soltamos uma risada e ficamos em silêncio logo depois, até que Matt diz baixinho, ainda olhando para a rua:

- Você tá muito bonita, Olive.

Aí merda. 

Our Stars | Matt SturnioloOnde histórias criam vida. Descubra agora