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liv's

Acordo mais tarde do que o normal e lembro o que Matt me disse sobre me buscar hoje mais tarde. Só que esse mais tarde se tornou um agora, já que eu acordei uma e vinte da tarde. Praticamente pulo da cama e vou direto pro chuveiro.

Tomo meu banho, lavo meu cabelo, escovo os dentes e pego a primeira roupa que eu vejo no meu armário, uma blusa marrom da Fresh Love que Chris me deu semana passada e uma calça jeans preta colada. 

Encho a minhas mãos de anéis e calço meu tênis branco. Assim que pego minha bolsa, meu pai abre a porta.

- Onde você vai?

- Pra casa de uma amiga. Talvez eu durma lá.

Ele me olha desconfiado, mas depois da às costas e desce as escadas, provavelmente indo para o trabalho. Me formo um pouco antes do inicio do verão e não vejo a hora de sair de casa, de ter minha própria casa. 

De poder receber os garotos, por exemplo. Já que se algum deles aparecer aqui o meu pai fica maluco. 

Faz uns dois anos que eu trabalhava nas férias de verão, o que já me deixou guardado um bom dinheiro. Mas por um lado, eu não sei se realmente quero sair dessa casa. Afinal, foi a casa que eu cresci, onde a minha mãe morava.

Enquanto fico pensando demais, ouço uma buzina de carro vindo lá de baixo. Desço as escadas correndo e abro a porta. 

E lá está ele, Matthew Sturniolo debruçado sobre o volante, sorrindo para mim. 

Abro a porta e entro no carro, com um sorriso ainda maior do que o do garoto.

- E aí Matty.

- E aí Liv.

Continuamos sorrindo, até ele dar partida no carro.

- Então, vocês vão gravar um vídeo hoje? 

- Não sei. Talvez sim, talvez não.

- E então por quê me chamou Matthew? A gente se viu ontem.

Ele hesita um pouco, mas quando paramos em um sinal vermelho, ele diz:

- Porque eu queria te ver. 

Tá, beleza. De repente o carro ficou apertado. E quente. 

- Ficou vermelha? Esquece, são sardas mesmo. 

- Cala a boca Matt. Só cala a boca. 

O garoto ri e temos luz verde. Depois disso, ficamos em silêncio uma boa parte do caminho, até que eu falo, porque aquele silêncio estava insuportavelmente estranho.

- Nick e Chris não quiseram vir?

- Não tenho ideia. Saí para comprar uns óculos diferentes que Nick tinha me pedido ontem para o possível vídeo no carro de hoje a noite. Quando saí, todos ainda estavam dormindo eu acho.

Murmuro um entendi e penso. Estavam todos dormindo quando ele saiu, até Mary e Jimmy?

- Matt, desde quando você estava me esperando?

- Não sei, talvez dês do meio dia? Mas não surta.

- Você me esperou uma hora e meia dentro do carro? Como que eu não vou surtar se eu te deixei no sol, enfurnado dentro de um carro por uma hora e meia Matthew! 

- Liv relaxa, não demorou quase nada.

É claro que demorou alguma coisa.

- Você podia ter me ligado! Ou sei lá, batido na porta. 

- Eu já te disse que não foi nada, calma. E você não iria acordar nunca, mesmo se eu ligasse.

Levanto as sobrancelhas e o encaro. O garoto sorri. 

- Aliás, eu trousse cookies. E deve ter um donut de morango também. 

Abro um grande sorriso e ele me diz para pegar a caixa, bem atrás de seu banco. Abro e pego o donut. De morango com cobertura de morango, o meu preferido. E ele sabe disso.

- Qual você quer?

Matt olha de relance para a caixa e responde.

- Esse. 

Ele não apontou pra coisa nenhuma, mas como eu sei que os de chocolate são seus favoritos, pego um e ele estende sua mão para pegar.

O garoto termina de comer e me entrega seu celular, ativando a Siri do carro.

- Coloca uma música. Só que assim, hoje pode não ser Taylor Swift?

Solto uma risada e confirmo com a cabeça. Coloco no aleatório da playlist que nós dividimos e começa a tocar Chase Atlantic.

- Just give me some time and space to realize...

Ótimo, Friends. A melhor música que nós dois poderíamos ouvir agora.  

  That you, were busy lying, sleeping 'round with other guys

  And what the hell were we?

  Tell me we weren't just friends

  This doesn't make much sense, no

  But I'm not hurt, I'm tense...

Percebo que os olhos do garoto durante a música inteira estavam em mim e que nós já tínhamos chegado em sua casa. Matt está debruçado sobre o volante de novo, me observando com seus belos olhos azuis. 

Ele simplesmente está me encarando e eu estou retribuindo esse olhar. A música está quase no final quando Matt endireita sua postura, tirando o rosto do volante e se virando para mim. O garoto se aproxima ainda mais, deixando nossos rostos próximos. 

O que raios seja o que estamos fazendo, eu vou retribuir. 

 Só consigo pensar em quanto tempo eu esperei por isso, quero dizer, por beijar Matthew Bernard Sturniolo. Ele foi primeiro garoto qual eu beijei, o primeiro que eu chorei e o primeiro que me fez e faz feliz.

Tecnicamente, nós já nos beijamos. Se aquilo for considerado um beijo pelo menos. Mas foi um maldito desafio feito por adolescentes de quinze anos, que no caso, eram nossos amigos.

Ele levanta sua mão e afasta uma mecha do meu cabelo, que estava bem na frente do meu rosto. Matt repousa sua mão em meu rosto e cabelos, acariciando minha bochecha com o polegar. Nossos rostos estão praticamente colados, chego até a sentir sua respiração um pouco a cima dos meus lábios. 

- Eu amo suas sardas, sabia?

Não, não sabia. Achei que você as odiasse tanto quanto eu as odeio.

Dou um pequeno sorriso e vi que ele entendeu minha resposta, já que o mesmo o retribuí com um sorriso ainda maior. Nossos lábios finalmente iam se tocar, a menos que Chris não tivesse caído em cima da lata de lixo da garagem e causado um barulho enorme.

Matt me solta, envergonhado e com a cabeça abaixada diz, quase em um sussurro:

- Porra Christopher.



Our Stars | Matt SturnioloOnde histórias criam vida. Descubra agora