Our Stars | Matt Sturniolo

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Matt e eu chegamos na minha casa à algum tempo. Entrei com a minha chave e pra surpresa de literalmente ninguém, meu pai não estava. Já me acostumei com isso à anos. 

Eu e o garoto subimos e enquanto eu tomo um banho, Matt ficou jogado na minha cama mexendo em seu celular. 

Já havia escolhido o que vestir, com um vestido preto justo de alcinhas, com um decote coração. Ele é praticamente colado e vai até o meio das minhas coxas. E foi Madi quem me deu no meu aniversário.

Eu adoro esse vestido, mas acho que nunca usei. Ele é lindo, mas eu me sinto meio desconfortável. Talvez seja por conta da cicatriz, porque usando ele eu não tenho como esconder. 

Me olho no espelho do banheiro uma última vez. O vestido é lindo, mas eu não tenho certeza absoluta se eu me sinto linda nele. Encaro a cicatriz no espelho, passando meus dedos sobre ela. 

Agora chega a ser até aceitável encarar, mas antes nem eu mesma conseguia ver. Por conta disso eu fiquei pensando e pensando sobre como alguém reagiria se a visse. Pra uma garota de dezesseis anos, isso foi demais. 

Parei da falar com os garotos, coisa que eu acho que nunca tinha feito na vida. Eu os conheço desde sempre e ficar um ano inteiro longe foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Eu amo os três tanto, não consigo nem pensar.

Lembro de Chris ter me mandado mensagem todos os dias durante os primeiros três meses. Não respondi nenhuma, eu realmente achava que precisava ficar sozinha. Me sinto péssima com ele por não ter respondido. 

Nick veio até minha casa no dia em que eu saí do hospital. Falei com ele pela última vez nesse dia, mas não foi uma conversa minha e do Nick, não parecíamos nós. Não mesmo.

E com o Matt, nós não nos falamos. Fiquei sabendo que ele não queria comer, não falava com ninguém. Quando soube disso, coloquei na minha cabeça que tinha que fazer alguma coisa, que seja.

Então um dia, dois meses depois do acidente, liguei pra ele. Nós conversamos por horas seguidas e eu me senti feliz por poder falar com o garoto. Ele me contou tudo que estava acontecendo e insistiu em dizer que estava bem e que sabia que eu queria ficar sozinha.

Mas eu não acreditei, afinal, Matt é um mentiroso horrível. Então dessa vez eu insisti que ele voltasse a comer, falar com alguém, viver. Fiz ele prometer.

 Expliquei que queria ficar sozinha por um tempo, dei todos os meus motivos e falei a verdade. Mandei ele avisar Nick e Chris também, para que eles não ficassem mais chateados comigo do que eu já estava comigo mesma.

Afinal, eu e Matt não tínhamos segredos. Não temos até hoje. Prometemos um ao outro que nunca iríamos mentir entre nós. Depois de todo esse lance, voltamos ao normal e eu não podia estar mais feliz. 

O garoto concordou e eu tive a notícia dias depois que Matt estava voltando ao normal, pelo menos parecia. Essa foi a última vez que falei com um deles naquele ano. E foi difícil, quase impossível.

Acho que depois de tudo isso, Matt e eles merecem ver um dos motivos do porque me afastei de todos. Então é isso, não vou trocar de roupa nem passar maquiagem sobre. Chegou a hora de superar isso, mesmo que eles se assustem um pouco.

Saio do banheiro e entro no meu quarto. Quando Matt percebeu que eu estava ali, ele se levantou da cama com um sorriso e veio até mim, pegando minhas mãos e as entrelaçando com as suas.

- Você está linda.

Sorrio para o garoto que logo desmancha meu sorriso pegando meu queixo e o levantando levemente, me dando um selinho demorado. Quando nos separamos, Matt pega minha mão e me gira ao redor de si.

Começo a rir, enquanto o garoto me observa sorrindo. Estou me questionando se ele chegou a ver a marca, ou se está fingindo que não viu. Não, Matthew não faria isso. Pelo menos eu acredito que não.

Paro de girar quando me começo a questionar sobre. Ele percebe que tem algo errado e começa a se aproximar, pronto para perguntar se eu estou bem ou algo do tipo, mas preciso perguntar antes dele dizer qualquer coisa.

- Você está fingindo que não viu?

- Vi o que, Liv?

Solto uma risada, mas não porque foi engraçado. Matt está tirando com a minha cara? Não sei se consigo acreditar nisso.

- O que você acha Matthew? A cicatriz horrorosa, essa marca ao lado do meu pescoço. Vai me dizer que não está vendo? Relaxa, várias pessoas já fazem isso, você vai ser só mais uma. Até meu pai faz isso, Matt.

- Eu não quero nem perguntar sobre o que você acha que eu estou fazendo. Liv, eu já vi tá legal? À três anos, eu já tinha visto. Continuo vendo e eu sei que você não queria que ninguém visse mas eu...

- Você viu?

- Liv, eu fui te visitar todos os dias naquele hospital. Cheguei a dormir naquele sofá horroroso dos quartos. Eu passei quase quatro semanas indo te ver todos os dias. Nick e Chris chegaram a ir também, dormimos os três no sofá uma vez.

Continuo o encarando, enquanto Matt continua a falar:

- Então sim, eu já vi a cicatriz. Às vezes quando as enfermeiras iam trocar os curativos, quando tiraram eles de você. Eu já vi Liv, esse é o ponto. E eu não me incomodo, acho bonita. 

- Bonita? Você consegue ver beleza nisso?

Matt se aproxima e pega meu rosto com suas mãos, olhando no fundo dos meus olhos. Cheguei a ver seus olhos marejando por alguns instantes.

- Liv, isso mostra o quanto você é forte. Mostra que você sobreviveu há tudo aquilo. O quanto você lutou. Você não entende mesmo, não é? Livs, eu te amo. Com ou sem a cicatriz, eu te amo.

 Sinto uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto, mas logo o garoto a enxuga com seu polegar. A primeira coisa que vem a minha cabeça é abraça-lo. E eu fiz isso.

Envolvo Matt em um abraço apertado, enquanto soltava algumas lágrimas em seu ombro. O garoto segurava minha cabeça contra seu peito, me mantendo o mais próxima possível. Meus braços estão em volta de seu pescoço enquanto a mão dele repousa nas minhas costas.

Quando me acalmo, levanto minha cabeça e olho no fundo daqueles olhos azuis oceano, que já estavam olhando para mim com a pupila dilatada.

- Eu também te amo, Matt. E muito.

E com isso, o garoto na minha frente abre o maior sorriso do mundo todo e me beija. Um beijo calmo, mas profundo, cheio de sentimentos. Éramos só nós dois nos beijando, eu e Matt, finalmente tendo ouvido um do outro as melhores palavras do mundo.

Eu te amo.