O Meu Príncipe

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Josh imediatamente nos lança para trás de uma mesa. "Tudo bem, tudo bem!", repito mentalmente, lutando para me manter calma. Nós só precisamos chegar a um dos abrigos do palácio.

-Os abrigos estão tomados por rebeldes! Fujam! -Grita outro guarda, que traz o braço ensanguentado.

"Droga, droga, droga!", agora repito mentalmente. Muitas pessoas correm e todas as portas do salão principal são abertas. Os estrondos lá fora se tornam mais nítidos. Eles parecem estar próximos dessa sala.

-Kriss, me escute. Fique calma. Vamos chegar até os fundos do palácio, que ainda não devem estar tomados. Eu não conheço o lugar e você precisa me ajudar. Você pode fazer isso? -Josh pergunta.

Balanço a cabeça positivamente.

-Ótimo. -Ele pega uma faca e rasga o meu belo vestido um pouco acima dos joelhos, para que assim eu possa me movimentar melhor. Sinto uma pontada de dó. Era tão bonito, mas não faria diferença se eu fosse pega por um rebelde -Não solte a minha mão.

Josh parece saber o que faz. Claro! Ele já participou de inúmeros treinamentos dos rebeldes nortistas, enquanto o seu pai participava de reuniões com líderes dos mesmos. Quando mais novo, ele dizia que se alistaria aos rebeldes efetivamente. É óbvio que os seus pais não deixaram, e quando completou a maioridade, ele desistiu da ideia.

Josh puxa a minha mão e corremos para a entrada leste do salão principal. O rei e a rainha não estão mais no salão. Provavelmente já foram levados pelos guardas para um local seguro.

-Kriss, vamos entrar no corredor leste. Continue segurando a minha mão firmemente, mas fique atrás de mim.

Concordo com Josh. Passamos pelo portal que separava o salão principal do corredor. Ouvimos gritos e estouros, mas aqui tudo parece tranquilo, a não ser pelas paredes pichadas e quadros destruídos. Andamos cautelosamente, próximos às paredes. Dobramos o corredor para a direita.
Tudo acontece muito rápido. Dois sulistas, homens de meia-idade, correm em nossa direção. Josh me coloca para ainda mais atrás dele. Ele acerta um soco e um chute forte na cabeça de um dos homens, que cai desacordado, mas o outro está armado e mira em Josh. Instintivamente corro e desvio as mãos do rebelde para o teto. Um tiro é disparado para cima. Dou uma joelhada forte na barriga do homem, que se dobra. É bom estar sem todo o comprimento do vestido. Arranco a arma de sua mão e lhe dou uma coronhada. Ele desmaia. Sim, eu também participei de alguns dos treinamentos dos nortistas.

Em seguida, mais dois nortistas se aproximam vindos do fim do corredor. Um está armado e o outro não. Parece que essa é uma de suas estratégias. O que tem a arma fica atrás, enquanto o desarmado corre para Josh. Eles parecem não perceber que eu também estou armada. Essa é uma das vantagens de ser mulher. Josh começa uma luta corporal contra o sulista que o atacou e eu miro no que está armado. Não lhe dou tempo para pensar. Atiro e acerto o seu peito. Óh, meu Deus! Eu... Eu o matei.
Não há tempo para lamentar. O homem que luta com Josh saca uma faca. Josh o empurra e eu aproveito a deixa para deslizar pelo chão a arma que eu seguro, e passá-la a ele. Josh pega a arma e atira duas vezes na cabeça do sulista. Ele cede, morto.

Começo a chorar desesperadamente. Nós matamos dois homens! Josh corre até mim e segura meus ombros, me sacudindo levemente.

-Kriss, escute. Fique calma. Eram eles ou nós. Não os matamos porquê sentimos vontade, e sim porquê não tínhamos escolha. Agora eu preciso que você nos leve para os fundos. -Uma pequena pausa. -Vai ficar tudo bem.

Paro de chorar, seguro a sua mão e continuo o levando para a cozinha. No caminho, pego a arma do sulista em que eu atirei. Agora posso perceber porquê eu ficava tão aflita durante os ataques rebeldes, e tive que ser consolada várias vezes: eu não tinha uma arma em punho. Me sentia impotente, sem poder fazer nada para defender a mim e a quem estava ao meu redor. Mas agora, armada, sou diferente. Ajo e sou precisa. Sempre fui boa nos treinamentos de tiro. Meu pai me deixava treinar para que eu aprendesse a me defender, e eu treinava porquê me sentia poderosa, forte.

Chegamos à cozinha. Tudo está uma verdadeira bagunça por aqui. Panelas e alimentos estão jogados no chão. Corremos para a porta dos fundos e Josh a abre. Saímos. A Rainha America está aqui. Como puderam deixar a rainha sozinha?! Aonde estão os guardas? Aonde está o Rei Maxon?

Um sulista sorri presunçosamente enquanto mantém a rainha apavorada sob a sua mira. Estou atrás dele. Um outro rebelde surge e ataca Josh, ele atira e o homem cai. O que mira na rainha se vira, mas ela não corre. Está paralisada de medo. Antes que ele possa se dar conta do que acontece, miro em sua cabeça e atiro. Corro até America.

-Você precisa correr, America. Ande, venha conosco.

Ela parece estar em choque e balbucia:

-Eu corri. Fugi. Fiquei com medo. Pensei em ir para a floresta. Maxon gritou para que eu voltasse, mas eu queria me afastar. Eles me pegaram quando eu estava aqui, bem próxima às árvores.

-Tudo bem, tudo bem. Vamos...

Um tiro rasga o ar entre nós. Josh atira. Olho na direção de sua mira e nove ou dez sulistas, todos armados correm em nossa direção. Puxo America e nos escondemos atrás de pilares próximos a porta.

Um tiro acerta o pilar em que estou escondida, aproveito o momento, tiro um pouco do meu corpo de detrás do concreto e acerto o sulista que provavelmente atirou aqui. Percebo que Josh já derrubou três. Escuto mais um tiro e o barulho de um corpo caindo. Atiro mais duas vezes e derrubo mais dois. Só três estão de pé. Mais dois tiros e eu atiro de novo. Não posso acreditar! Derrubamos todos. Óh! Nós somos imbatíveis!

Corro até Josh, mas mais alguns rebeldes aparecem de onde os dez vieram, preparo minha arma e... Óh! Não são rebeldes. São guardas do palácio. Suspiro aliviada e jogamos nossas armas no chão.
Os guardas se aproximam rapidamente, um deles arregala os olhos e pergunta incrédulo:

-Vocês atiraram em todos eles?!

-Sim. -Josh responde, e posso sentir o orgulho em sua voz.

O guarda parece perplexo e encontra a sua voz para dizer:

-Parabéns por protegerem a rainha. Está tudo bem. Acabou. Os rebeldes foram contidos, e, se não estamos enganados, esse era o último grupo de sulistas em todo o país.

Eles conduzem America de volta para o palácio. Ela parece mais aliviada e, ao passar por nós esboça um pequeno sorriso e murmura um sincero "Obrigada".

Abraço Josh.

-Tive tanto medo de te perder. -Eu digo.

-Eu também, mas está tudo bem agora.

-Josh, eu ainda não te disse mas... Eu te amo. -Ele pisca surpreso. Eu quase o perdi hoje. Não posso deixar de dizer o que sinto. -Te amo muito. Você disse que me conquistaria e o fez. Você não é um plano de escape...

-Shh... -Ele põe um dedo em meus lábios. -Eu também te amo.

Ele me beija e aqui, em meio a essa bagunça, sujos e arranhados, selamos o nosso futuro.
Ele é o verdadeiro príncipe em meu coração.

A FinalistaWhere stories live. Discover now