004 ≈ Pais robôs.

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Após um banho gelado para acordar meu corpo e consciência e jogar para dentro uma xícara cheia de café preto e bem forte, eu estava disposto a enfrentar o dia. "Disposto" talvez seja uma palavra precipitada, na verdade eu estava me obrigando a ficar de pé, quando na verdade eu só pensava na minha cama quentinha...

– Bom dia, Alec! – o Teo sorriu pra mim assim que entrei em seu quarto com sua permissão, mas as minhas baixas condições não me permitiam devolver o sorriso na mesma intensidade, por isso apenas lhe dei um aceno formal de cabeça, como quando na época éramos estranhos.
– O que é isso? Somos desconhecidos? – ele acerta um tapa no meu braço.

Desculpa... – suspirei.

– Desculpa nada, o que aconteceu? – questionou-me com as mãos na cintura.

– Estou... Nada. Fica tranquilo. – afago seus cabelos.

– Ei, para com isso. Fala pra mim o que está te deixando assim. Você está horrível, Alec. – ele acariciava meu braço como se estivesse com pena de mim.

– Obrigado, Teo. Ajudou muito. – levantei um sorriso falso.
– Estou sentindo uma dor insuportável. – levo minha mão para a lombar, indicando onde eu sentia o desconforto.

– Posso concertar pra você. Mas você tem que deitar de costas primeiro! – o Teo tinha um sorriso radiante nos lábios, parecia ainda mais bem humorado que no dia anterior.

O que me fez ficar pensativo...

– De costas? Vai me matar? – sorri em provocação, mas quando o vi sério, deitei de costas na cama sem contesta-lo mais; me assustei ao sentir o Matteo sentar-se em cima de mim com as pernas prensadas na lateral de meu corpo; ele deslizou as mãos pelo meu trapézio, pressionando o palmar da mão até estalar minha lombar.
– Ar! Que bom... – de olhos fechados relaxei assim que senti o alívio nas costas.

– Prontinho! – sua mão escorregou pelos meus braços subindo até meus ombros, me fazendo arrepiar de repente.

– Você é bom nisso. – lhe dou um sorriso em agradecimento, mas ainda querendo saber onde aprendeu isso.

– Disponha, Tio Alec. – deu de ombros.
– Mas eu vou cobrar por isso. – piscou.

– Hm, certo. Agora você pode sair daí, hein? – acertei sua coxa com um leve tapa; e a sensação irritante de sentir seus dedos tocarem ligeiramente na lateral de meu corpo provocando cócegas em mim, me fez girar o tronco, assim me deixando cara a cara com o Teo sentado em cima de mim:
– Se-sem cócegas, Matteo! – em meio ao riso já cansado, segurei seus pulsos para trás; seus olhos piscaram freneticamente, o percebi nervoso, mas ele apenas acenou como resposta e assim saiu de cima de mim rapidamente.

– Está assim porque dormimos no sofá, não é? 

– Culpa sua, Teo. – levantei alongando meus braços para cima.
– O espaço que eu tinha no sofá era só o de ficar sentado, e eu não podia mover um palmo que você reclamava. – suspirei.

– Eu acordei bem. – de um jeito debochado ele deu de ombros.
– Você até que é um bom travesseiro.

– Nunca mais invento de assistir filme com você. – nego em desaprovação, sentando-me em sua poltrona observando o Matteo tomar seus remédios diários.

– Não aguenta passar das onze mais? Está velho mesmo hein! – ele ria.

– Não exagere, Teo... Você considera uma pessoa com trinta anos, velha? – meus lábios se formam num sorriso irônico quando o vejo acenar que sim em resposta.

– Eu sei que não é só trinta... – falava desconfiado.

– Fica tranquilo que já já você chega nos trinta. – acerto uma das almofadas que estava na cama, no peito do Teo.

Mais Que Um Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora