009 ≈ Âncora.

65 8 4
                                    

≈ | Alexander

Há pouco mais de três anos atrás, o Teo frequentava uma clínica psicóloga e estava tendo uma boa melhora considerando às condições. Uma época em que eu era apenas o guarda-costas que só o acompanhava em certos lugares junto à uma babá que ele tinha desde o acontecido, como havia descrito no meu contrato. Antes disso, nós não conversávamos, não tínhamos conhecimento um do outro e não existia intimidade por muito tempo — eram apenas coisas formais, e pelo fato dele praticamente só sair de casa para alguma necessidade como resolver algo da faculdade que fazia à distância, eu quase não o via. Não havia uma amizade formada e nem possibilidade disso.

Mas isso durou pouco tempo...

Após a infeliz descoberta de que a sua mãe, Pietra, estava subornando a doutora para que ela passasse informações sobre o garoto — já que a senhora estava impaciente e queria saber do que se passava na cabeça do Teo e principalmente, se isso iria afetar o "futuro promissor do herdeiro", então ela usou o método que inflige as regras e a psicóloga quebrou o sigilo entre doutor e paciente, aceitando o dinheiro da senhora Devitto. Uma baita falta de profissionalismo. E diante aos acontecimentos, o Matteo simplesmente surtou, e com o trauma, se recusou e se recusa a voltar a frequentar qualquer outra clínica psicóloga.

E sempre que tento falar com o Teo sobre esse assunto, volto atrás na mesma hora, com receio de como ficaria se lembrasse de toda a confusão. Seria um baita de um gatilho.

Mas falando em confusão...

Hoje mais cedo quando estava abastecendo o carro do Teo, acabei vendo a Diana parada em frente à uma loja de roupas. Eu fiquei nervoso e um tanto receoso em ir cumprimentá-la, então fiquei espiando um pouco — sim, isso é estranho, porém... Fico nervoso quando vejo ela, então falar com a Diana é muito difícil. Principalmente se eu tiver um adolescente não adolescente me esperando em casa e reclamando da vida como se ela já não estivesse ganha. Então resolvi seguir meu caminho de volta...

A manhã inteira eu tive algumas coisas pessoais para resolver, como documentos da minha casa parada e algumas compras básicas no mercado do posto para abastecer o meu frigobar. E enquanto eu estou fora, normalmente recebo mensagens do Teo a qualquer hora do dia em um intervalo de cinco minutos. O que me leva para a questão de... Está muito na cara de que existe uma dependência emocional?

– Tomou os seus remédios? – essa foi a primeira coisa que falei quando atendi a ligação do Teo.

– Hm. Sim. Onde está agora? – disparou; parecia estar ansioso pela resposta.

– No carro, em um trânsito que vai durar pelo menos... – checo o horário no relógio e o movimento dos carros pela janela, então logo respondo:
– Uma hora. Deve durar uma hora no mínimo, então chego às nove horas por aí.

– O que!? Uma hora!? Mas eu estou sozinho aqui! – sua voz soa tão alta que me faz afastar o aparelho do ouvido; eu suspiro depois do grito, e assim lhe digo breves palavras:

– Você não era adulto? – os cantos da minha boca elevam-se, num sorriso irônico ao imaginar em como o deixei estressado com essa pergunta.
– Está tudo bem trancado, Teo. Não tem com o que se preocupar.

– Ma-mas o que eu vou fazer até lá?

– Você tem um videogame, não tem? Jogue. – eu sorri por ouvi-lo estalar a língua.
– Não é uma boa ideia?

– Já cansei disso. Seja criativo.

– Mesmo? Então desenhe. Estude algo diferente da sua matemática. E... – franzi o cenho ao ouvir alguns passos rápidos do outro lado do celular, então não pude deixar essa passar e perguntei:
– Não me diga que se trancou no quarto? – eu quis rir no momento em que ouvi o seu "uhum" um tantinho medroso.
– Não acredito que vou dizer isso... – suspiro.
– Certo. Podemos ficar em chamada até que eu saia desse trânsito.

Mais Que Um Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora