008 ≈ Deixar tudo como está.

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– Gostou de vir à praia?

– Não.

Agora são por volta das dez da manhã, e ser arrastado em plena terça-feira para vir à praia é uma tortura – pelo menos pra mim.

Ontem fui ao médico acompanhado do Alec, e ele recomendou que eu regularmente fosse à praia e tomasse um banho de sol, mas justo hoje eu acordei de mau humor e assim venho permanecendo até que enfim eu possa estar no meu quarto de volta.

– Ah, Teo... Não seja tão ranzinza! – ele tinha um sorriso simpático nos lábios, parecia estar realmente feliz hoje.
– Por que odeia tanto a praia? – perguntou, estendendo um pano sobre a areia no chão; nós estávamos debaixo de um coqueiro, o que fazia a sombra alí.

– Sol, areia, calor... Óbvio demais. Né?– de braços cruzados, me sentei alí; eu realmente me recusava a ter que ficar exposto ao sol por mais tempo.

– Mas você quase nunca vem! Não lembro nem a última vez que viemos. – ele praticamente deu de ombros.
– E nós só caminhamos alguns minutinhos... Não reclame tanto. – falou me empurrando de leve.

– Hum. Claro.

Não gosto de mostrar o corpo, odeio transpirar e a areia me irrita. O fato de ter areia entre os dedos dos pés, usar o protetor solar em um calor de trinta e oito graus me incomoda e eu simplesmente não consigo pensar direito. É apenas desconfortável – por que eu sairia do conforto da minha casa para vir a um lugar como esse só para passar raiva? As vezes me estresso com o Alexander num nível...

– Por que não tira a camisa? Só tem a gente por aqui. – ele estendeu a mão, esperando ação da minha parte.

– Estou bem assim. – suspirei; eu usava uma camisa de botões abertos branca por cima da camiseta azul, e um shorts qualquer que encontrei no guarda roupa. Já o Alec, estava ainda mais relaxado que dá última vez: regata branca e shorts preto, o que era de se chamar bastante atenção de qualquer pessoa que passasse por nós.

– Que tal eu tirar também?

Meus cílios bateram rapidamente ao ouvir a sugestão e eu permaneci o meu olhar no horizonte por não conseguir me mover quando senti a sua regata parar diante dos meus pés; ele já havia tirado ela.

– Vamos. Sua vez! – ele se levanta num pulo, novamente estendendo a mão pra mim, só que dessa vez na esperança de que eu me levante.

– Alec... – meus olhos varreram todo o seu corpo lentamente, e ainda meio boquiaberto, dei continuação ao que eu queria dizer:
– V-vamos apenas ficar aqui... – quando estava prestes a me deitar para fazer birra como sempre faço, fui rapidamente colocado de pé com um só puxão:

– Okay! Vou tirar então. – seu olhar castanho escuro parou nos meus, era como se me pedisse permissão, eu não consegui dizer nada e apenas o deixei tirar minhas roupas de cima uma peça por vez; seus dedos gélidos relaram na lateral de meu corpo, e era o bastante para me fazer arrepiar dos pés à cabeça.
– Todo sensível. – ele soltou um riso quando percebeu a minha pele arrepiada.

– Odeio sentir cócegas. – minha voz soou fria e levemente trêmula, mas era apenas o nervosismo.

– Certo, certo... Agora deixe-me passar o protetor dessa vez. Tudo bem? – ele agachou e apanhou o produto de dentro da minha bolsa, me virou de costas e tranquilamente começou a espalhar o creme em mim.

Eu estava tão tenso, que enquanto ele falava e falava como o tagarela que é, eu não conseguia juntar as informações para respondê-lo, pelo simples fato de ter as suas mãos enormes se espalhando pelo meu corpo aqui e ali. Mas graças ao calor dos infernos que estava me deixando confuso, eu não fiquei "alterado" como das outras vezes que vem acontecendo comigo.

Mais Que Um Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora