003 ≈ Programação do dia.

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– Acorda, Teo! – puxo as pernas do Matteo o arrastando para fora da cama.

Ai, mas eu não quero... Não grita... – reclamava com a cara no travesseiro, se arrastando de volta para cima.

– Lembra do nosso combinado? Se até às sete você não estiver pronto na cozinha, eu tenho total liberdade de vir e arrasta-lo pela orelha. Nesse caso, pelos pés! – desisto de ser insistente e passo a ser direto; assim que consigo trazê-lo até perto de mim, o pego de uma vez e travo suas pernas em meu corpo, carregando o Teo no colo até o banheiro.

Alec, eu não tenho humor para sair de casa... murmurou deitando o rosto em meu ombro direito de braços largados, não fazendo questão de lutar para que eu o colocasse no chão.

– Okay! Não sairemos. Mas você vai tomar um banho, se alimentar bem, escovar os dentes e colocar uma roupa confortável. Fiz uma programação caso fôssemos ficar em casa. – pisquei, finalmente colocando-o no chão.

– Não posso ficar mais dez minutinhos? – ele pedia de mãos juntas.

– Negativo. Te espero lá fora. – acenei e saí de seus aposentos.

É louco em pensar que em um ou dois anos anos atrás eu só tinha que acompanhá-lo nos lugares apenas em função de guarda-costas, e hoje até dentro de sua própria casa o faço companhia porquê ele se sente só.

Fico triste pelo Matteo não ser aberto à amizades e lugares novos, ele tem tudo e pode fazer o que quiser na hora que quiser, mas é muito difícil pra ele poder sair de casa. Geralmente quando ele está disposto a enfrentar as ruas, ele não conversa, não sorri, não expressa muito ou sempre fica acanhado em lugares cheios e fechados. E claramente não posso culpa-lo, eu culpo os pais que não lhe deram amor e atenção, o que ele realmente precisa. A única coisa que posso fazer é tentar conversar quando sei que precisa de um ombro amigo. Mas quando estamos em casa, vejo alguns sorrisos e ele fica mais solto a fazer seus comentários ácidos e provocantes comigo.

Não sei se virou algum tipo de hobby do Matteo desde que reforçamos mais a intimidade e passei a ficar mais tempo na casa, mas ultimamente sinto ele um pouco diferente.

– Não vai pôr outra roupa? – coloco as mãos na cintura ao vê-lo sentar-se à mesa descalço e vestido de pijama.
– Sua mãe brigaria se te visse vestido assim. O que vão pensar do futuro daquela vinícola?

E uma grande curiosidade sobre o Matteo, é que ele cursou Ciências Contábeis à distância – por não querer ver e conhecer pessoas. – justamente para atender caprichos do Senhor e senhora DeVitto.

Eles têm uma vinícola na Itália chamada "Bono Vino", fábrica onde futuramente será administrada pelo Teo.

Qual o problema...? Eu vesti outro pijama, pare de reclamar... – resmungou deitando o rosto na mesa gelada de mármore branca.

– Bom dia, querido. – a senhora Rosie, cozinheira da casa, empurra um prato de frutas e um delicioso sanduíche em direção ao Teo.

– Bom dia... – ele boceja, não ligando muito para o lindo café à mesa, e menos pela boa vontade de sua funcionária de tentar lhe agradar.

– Matteo, querido? Vou fazer sua massa preferida para o almoço. Mas como nunca sei para onde o Alexander vai te carregar, o que quer para o jantar hoje? – perguntou me entregando uma xícara de café, empurrando um copo de suco de laranja para o Teo.

– Pode ficar tranquila, Senhora Rosie. Hoje à noite vamos fazer pizza. – acenei para ela, mas no exato momento em que olhei para o Teo, não consegui me conter e deixei um riso escapar ao vê-lo tão animado de repente.

Mais Que Um Guarda-CostasOnde histórias criam vida. Descubra agora