capítulo 1

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Alicia ON

Mãe: bom dia querida - fala abrindo as cortinas do meu quarto

Alicia: mamãe fecha, eu ainda estou com sono - falo me escondendo debaixo das cobertas

Mãe: nada disso, levanta ou irá se atrasar para a faculdade - fala puxando meu edredom

Alicia: mais eu tô com muito sono e frio mamãe - falo me encolhendo da cama

Mãe: querida está calor como você pode estar com frio? - fala parecendo preocupada em seguida coloca a mão na minha testa - meu deus você está queimando em febre Alicia, vou chamar seu pai para irmos no hospital

Alicia: não precisa mamãe, eu tô bem e o papai tem que ir trabalhar - falo não querendo retornar ao hospital pois fazem apenas três dias que sai de lá

Mãe: filha você é o nosso bem mais valioso, nossa única filha cuidar de você está acima de tudo - fala me olhando com carinho - nós não podemos te perder

Ela falou com tanta ternura e medo que acabei cedendo, então ela saiu do quarto praticamente correndo para falar com papai e eu segui até meu banheiro para tomar banho. Aos meus cincos anos fui diagnosticada com insuficiência cardíaca e desde então já passei por várias cirurgias no coração, a última delas foi no mês passado e fazem exatos três dias que recebi alta, mais pelo visto terei que voltar ao hospital.

Eu busco levar tudo na esportiva, ser alegre e aproveitar cada segundo que tenho ao lado dos meus pais, gosto de fazer passeios e conhecer o máximo possível do mundo, pois não sei quanto tempo de vida ainda me resta, mais tenho fé que irei encontrar um coração a tempo e então poderei viver normalmente sem medo da morte, mais caso isso não acontessa irei aproveitar a vida ao máximo antes de de deixar esse mundo. Eu tô bem com a morte, sempre fui uma pessoa boa então acho que irei para o céu quando chegar minha hora, mais temo deixar meus pais.

Eu sou filha única, mamãe sempre diz que sou o milagre deles pois ela não podia ter filhos por conta de um problema no útero, ela me contou que perdeu cinco bebês antes de eu nascer e que tinha medo de me perder também, papai disse que no dia em que eu nasci prematura de sete meses, até os médicos se surpreenderam por mamãe ter aguentado me gerar até tal ponto. Todos falavam que eu era muito fraquinha e que talvez não vingaria, mais eu venci e três meses depois do meu nascimento meus pais me trouxeram para casa.

A partir daquele momento vivemos felizes até que aos meus cinco anos descobriram sobre meu problema no coração, meus pais não conseguirão ter mais filhos, eles até tentarão mais mamãe não voltou a engravidar então me tornei o centro do universo deles. Meus pais sempre me deram tudo o que o dinheiro pode comprar e eu também sempre fui muito amada por eles, mamãe diz que sou um presente de Deus, um milagre que veio para alegar sua vida e papai diz que sou a luz de seus olhos, por isso tenho medo que eles não resistam caso eu morra em breve.

Pai: princesa como você se sente? - pergunta assim que chego na sala

Alicia: estou bem papai, é só um resfriado nem acho necessário ir ao hospital - falo o olhando

Pai: filha você é o nosso bem mais valioso, cuidar de sua saúde é fundamental para nós - fala vindo até mim e dá um beijo na minha testa

Mãe: filha você não está com frio só com essa blusinha? - pergunta se referindo a minha jaqueta de moletom

Alicia: não mamãe, eu estou quentinha com essa jaqueta - falo sincera e ela concorda

Pai: então vamos, o doutor Rodolfo disse que quer falar com a gente - fala nós guiando para fora de casa

Alicia: papai o senhor Rodolfo é o diretor do hospital Teixeira e não um médico - falo rindo pois ele sempre se confunde

Pai: tanto faz, quando ele era mais novo era doutor então continua sendo médico - fala e eu concordo pois ele tem razão

Assim que saímos de casa entramos no carro e papai começou a dormir até o hospital, durante o caminho fui tentando descobrir o que será que o senhor Rodolfo quer falar com a gente, só espero que não seja coisa ruim. A família Teixeira sempre foi muito amiga da minha, papai e Rodolfo são grandes amigos, e Sofia filha dele era uma das minhas melhores amigas, quando crianças éramos inseparáveis e na adolescência nada mudou, fazíamos tudo juntas e ela sempre esteve ao meu lado.

Mais a três anos atrás minha amiga acabou falecendo em um acidente de carro com seu namorado, foi uma grande perda para todos nós, me lembro que naquela época eu chorei muito por conta da minha amiga. Sofia era uma pessoa tão boa, ela tinha a vida toda pela frente e pensar que ela se foi aos dezessete anos por conta de dois irresponsáveis que resolveram brincar de velozes e furiosos bêbados e fizeram o carro de Jason sair da pista e cair em uma ribanceira.

O pior de tudo é que os infelizes estão soltos e vivos por aí enquanto meus amigos já não estão mais nesse mundo. Mesmo depois de três anos ainda sinto muita falta da minha amiga mais sei que hoje ela está em um lugar melhor e saber que depois da morte estarei com ela novamente me conforta.

Saio dos meus pensamentos quando chegamos no hospital, então caminho com meus pais para dentro do local e depois de fazer minha ficha passo por uma consulta médica e assim como eu esperava peguei apenas um resfriado, mais foi bom ter vindo para cá pois assim meus pais ficaram mais aliviados. Quando saímos do consultório médico, fui com meus pais até a sala do senhor Rodolfo e depois de comprimentar ele, nos sentamos no sofá para conversar.

Rodolfo: eu tenho uma notícia muito boa para vocês...na verdade são duas notícias - fala sorrindo

Pai: então nos diga homem, está esperando o que homem? - fala ancioso

Rodolfo: bom a primeira notícia é que consegui o melhor médico cardiologista do mundo para fazer a operação da Alicia - fala fazendo meus pais sorriem

Mãe: essa notícia é maravilhosa - fala alegre

Alicia: por que não é a senhora que vai ser aberta novamente - sussurro baixinho

Mãe: falou alguma coisa querida? - pergunta me olhando confusa

Alicia: não mamãe, só estou muito feliz com a notícia de que vão me abrir novamente e dessa vez em menos de três meses - falo dando um sorriso sarcástico e não me julguem pois tudo que quero é me recuperar, mais é horrível ficar panssando por várias operações e sempre continuar doente ou até mesmo pior, eu passo por isso desde os meus cinco anos e já estou cansada

Pai: mais qual é a segunda notícia? - pergunta olhando para seu amigo

Rodolfo: a segunda notícia é que conseguimos um doador para Alicia - fala me fazendo paralisar - no início da madrugada uma jovem deu entrada com morte cerebral, conversamos com os pais dela e eles concordaram em doar os órgãos da filha, mais ele querem conhecer vocês...

Enquanto Rodolfo falava vi meus pais ficaram emocionados, papai concordava com tudo o que ele dizia, mamãe chorava me olhando com um misto de emoções enquanto eu fiquei completamente paralisada com essa notícia, pois se eu receber um novo coração acabará todo o pesadelo que vivo desde meus cinco anos, eu poderei terminar a faculdade, poderei viver uma vida normal e quem sabe até mesmo me casar no futuro. Eu nunca tinha parado para pensar no meu futuro pois não sabia quantos anos iria viver, não sabia nem se eu acordaria viva na manhã seguinte mais agora eu finalmente posso ter esperança.

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