Capítulo 7

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 No dia seguinte, Luciana estranhou quando escutou a campainha tocar. Raramente recebia visitas em sua folga, ainda mais à noite. Quem poderia ser? Apressou-se em atender, pois a pessoa parecia insistente.

 Abriu a porta e deu de cara com Leonardo.

 — O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, visivelmente surpresa.

Leonardo a examinou de alto a baixo, sentindo seu coração disparar. Luciana vestia um short minúsculo e um top que realçava a curva dos seus seios. Os cabelos estavam presos em um coque solto, o que só lhe dava um ar mais descontraído ainda. Ele engoliu em seco. Não se lembrava de tê-la visto mais bonita. Estava muito sedutora naqueles trajes.

— Vim devolver-lhe isso. — ele apontou uma sacola que tinha nas mãos. — Passei na loja em que você trabalha e me disseram que você estava de folga.

 A sacola com seu uniforme! Na noite anterior, ela revirara a casa inteira atrás dessa sacola, e chegara a procurar na casa de sua mãe, pela manhã, até finalmente concluir que só podia ter esquecido no trabalho. E a sacola estava o tempo todo no carro de Léo. Provavelmente a esquecera quando saíra apressada, depois do breve interlúdio que tivera com ele.

 — Obrigada. — ela murmurou, pegando a sacola das mãos dele. Com esse movimento, seus dedos se tocaram levemente, e foi como se uma descarga elétrica atingisse Luciana. Percebendo que continuavam na porta, expostos aos olhares da vizinhança, ela emendou: — Você não quer entrar?

Aceitando o convite, Leonardo entrou na pequena sala, enquanto Luciana fechava a porta. Ele olhou em volta, examinando o ambiente. A sala era bastante simples, porém aconchegante e acolhedora. A decoração era de muito bom gosto. Havia apenas um sofá, uma poltrona, uma mesinha de centro e uma estante. Todos os móveis eram de um tom claro, combinando com a cor das cortinas. Nada de luxo ou ostentação. Apenas tudo muito limpo e organizado. E achou que o ambiente combinava com Luciana. E mesmo sem saber porque sentiu-se muito a vontade ali.

— Como descobriu onde eu morava? — ela perguntou, virando-se para ele.

—Foi fácil. — ele respondeu, dando de ombros. — Eu já sabia qual era a rua, e todos aqui parecem conhecer você. Tudo o que fiz foi perguntar a uma vizinha qual era a sua casa.

Um silêncio constrangedor pairou entre os dois. Luciana estava incomodada com a presença de Léo em sua casa, e ele também não parecia muito à vontade. A situação era nova para ela, e não sabia como agir. Não queria encorajá-lo a ficar muito tempo, mas também não podia mandá-lo embora. Por isso, ficou paralisada no meio da sala, esquecendo que deixara sua filha sozinha no quarto.

 Até que, alguns minutos depois, a pequena Ana Clara adentrou a sala, esfregando os olhos com as mãozinhas. Como escutara a campainha tocar e uma voz desconhecida conversando com a mãe, que estava demorando a voltar para o quarto, a menina resolvera se levantar e ver o que estava acontecendo.

— Mamãe, vem deitar comigo, vem. — ela falou com sua voz fininha, puxando Luciana pela mão.

Leonardo encarou a recém-chegada boquiaberto. Será que ouvira direito? Luciana agora era mãe? Na época em que se conheceram, ela não dissera nada que tinha filhos. Se bem que a garotinha não aparentava ter mais que dois anos. Portanto, ela foi concebida bem depois que ele e Luciana romperam. E quem era o pai da garotinha? O tal do ex-namorado dela, com quem ela havia acabado de terminar quando concordara em sair com ele? E por que ela não lhe contara que tinha uma filha, quando se reencontraram? Confuso, Leonardo não sabia o que pensar.

 — Quer dizer que agora você tem uma filha? — ele conseguiu indagar, após se recobrar do choque.

 Ao perceber sua presença, a garotinha o encarou com suspeita e se agarrou nas pernas da mãe, temerosa. Luciana não culpava a filha. Também sentia medo da masculinidade que emanava de Leonardo.

Doce Reencontro (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora