A poesia se tornou um refúgio que procuro desde muito tempo atrás. Em momentos em que minha mente fica turva com pensamentos ruins, em momentos em que não sei para quem recorrer, em momentos em que meu corpo fraqueja ou quando minha respiração está pesada demais para conseguir respirar. Escrever era meu conforto, minha forma de extravasar meus sentimentos e minhas dores, escrever era minha forma de me aliviar das coisas que sentia e pensava. E por mais que eu escreva cada vez menos, não sei se aos poucos meu refúgio perdeu o sentido dele, mas ainda acredito que possua algo a mais nisso tudo, ao menos, eu desejo que sim, pois é só isso que ainda me resta nessa vida.
Eu me isolo cada dia mais, as vezes por querer, outras por não ter opção. E tem dias que essas coisas pesam demais, pois me vejo só em um mundo bagunçado, no qual, estou vendo tudo ruir e eu não tenho a quem abraçar ou lamentar por qualquer motivo que seja.
Algumas músicas conseguem despertar algo em mim, coisas que costumo deixar em silêncio. Receios de alguém que pouco acredita em algo, que em muitas vezes pensa em desistir, que evita pensar no passado, assim como no futuro e pouco sabe do que lhe aguarda no presente. Quem dera a frase "O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente." Dita pelo mestre Oogway em Kung Fu Panda me valesse de algo, mas em todas as direções que olho, o caminho está nublado e cheio de incertezas. Eu corrompi minha própria existência, corrompi a existência de anjos e, por muitas vezes, me aliei a tantos demônios. O fato de ser um monstro me assustava, tinha medo de mim e do pq de tudo isso, mas aos poucos pude aceitar meus demônios e lidar melhor com eles, apesar de muitas vezes, por causa deles, magoei tanta gente que me fez bem. E tudo isso por medo, apenas isso. Tantas vezes em que me afastei por em noites frias de insônia, meus pensamentos suicidas me levarem a conclusão de que tudo que eu tocava ruia, morria comigo a cada dia, eu me sentia Midas, mas minhas mãos traziam consigo dor e desgraça.
Desde a juventude eu já sabia, a escrita era como um dom e uma enorme maldição que eu carregava comigo. Pois palavras tem poder, conseguem elevar os caídos, mas.. eles também fazem aqueles que estão no topo desabar, imagine o que faria com aqueles que já estão á beira do precipício. Eu não creio que tenha empurrado alguém, mas sei de, ao menos 3 que pularam sem que eu pudesse os agarrar e trazer de volta para o mundo real. Mas sendo sincero, quanto egoísmo querer que essas pessoas se mantessem por aqui, quando eu, por muitas vezes, gostaria de ter a mesma coragem e partir.
A música Brisa Fria - O Escaravelho do Diabo [https://youtu.be/RW2knxl7dXo] me apareceu em um bom momento, a vários anos atrás por conta de um filme de mesmo nome. Nele, tocava um trecho dessa música e resolvi ir atrás de, uma das mais marcantes que ouvi, pois lapidou esse trecho em minha alma: "...andando com os monstros eu me criei, eu me virei.
Exorcizei os seus demônios para aprender a lidar com os meus..."
Por mais que tenha levado um bom tempo para me deparar com ela, eu diria que esse trecho conseguiu comprimir bem algo que vivi por muito tempo.
Eu lidava com problemas psicológicos desde cedo, parte deles tinha relação com o colégio. O interessante é, que apesar deles, eu acabava me deparando com pessoas que sofriam de coisas parecidas e de algum modo, conseguia usar meus erros para que outros conseguissem lidar melhor com sua vida. Eu, basicamente, aconselhava a maioria a não tomar as mesmas escolhas que eu, pois não queria ver outros parecidos comigo, e obviamente, não era questão de narcisismo, mas sim de não querer mais pessoas frustradas com sua própria existência. Acho que consegui melhorar algumas vidas, mas ainda assim, isso não muda ou diminuí as que magoei.
Eu sou grato por tantas pessoas que passaram na minha vida, independente do que tenha acontecido, independente dessa pessoa ter se afastado de mim ou eu dela, mas saibam que por muitas vezes foi por conhecer alguém novo ou reencontrar alguém do passado que eu pude me manter vivo em dias que eu me encontrava cheio de incertezas e um enorme impeto de não viver mais. Talvez isso tenha acontecido vezes demais para achar que era mera coincidência, pois quando eu estava decidido a algo, alguém aparecia e me puxava de volta a realidade. Apesar de viver está vida, já fui salvo inúmeras vezes, e muitas delas, de mim mesmo. E isso me remete a um pensamento sobre vidas passadas, pois tenho comigo que eu já vi a minha vida transpassar por meus olhos, não sabendo distinguir se estava relacionado ao que iria acontecer nessa ou no que aconteceu em outras, mas por conta dessa sensação, caso seja possível, eu desejo deixar de existir, mas falo em não mais reencarnar, ainda mais se isso significar ter que lidar com os mesmos erros toda vez. Eu só não desejo ter que sofrer em um ciclo quase sem fim, reviver sensações e sentimentos horríveis toda vez e ainda carregar comigo a incerteza de lembrar de tudo e perceber que estou condenado a sofrer eternamente.
Eu vou deixar de citar alguns pontos, mas gostaria de dizer que hospitais podem ser ainda pior do que parecem, o tempo não passa e por mais que sinta sono, é difícil conseguir descansar, ainda mais quando estamos acompanhando alguém. E diria que esses dias eram horríveis, ainda são quando necessários e eu admito ter tido muita coragem para querer passar um tempo lá, sendo medicado, lidando com outras pessoas com tantos problemas quanto e vivendo cada dia como se fosse uma vida inteira, sem perspectivas de nada, aliviado por não pensar em nada que fosse além daquela porta, mas agonizando a cada nova hora atrás daquela porta.
De todo modo, o tempo passa para todos, independente se você o acompanha ou não. As pessoas seguem em frente, vivem seus momentos e por muitas vezes isso me deixa triste, não por não querer que sigam em frente, mas por saber que estou estagnado no meio do caminho. Certas coisas acabam comigo e eu as evito como posso, o quanto posso... e essa é uma delas.
Agora, quase 4 da manhã, 12° com sensação de 11° e eu aqui, pensando demais, novamente. Eu não sei se escrevi o suficiente, não sei se pretendo postar ou se irei continuar. Apenas sei que estou cansado, muito cansado de continuar acordando.
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Livro 1
PoetryEu só estou criando um emaranhado, poesias e talvez textos... Escritos quando a dor me alcançar e as lágrimas caírem sobre o papel. Apenas, aprecie meu mundo caótico.