Livro 1

As vezes não é o poema que faz o momento, mas sim a poesia descrita.

Eu sinceramente ODEIO quando nem escrever eu consigo, talvez a minha última rota de fuga, afinal eu ainda podia conversar e jogar, ver filmes e séries, até alguns animes. Infelizmente, eu fui perdendo cada vez mais o interesse e o ânimo em cada uma dessas coisas que um dia já foram tão preciosas. Meu teto ainda pode cair sobre minha cabeça, meu chão me tragar entre as poças de xurumi---- e eu continuo apodrecendo aqui no mundo real. Eu definitivamente não sei escrever bem, nem leio o suficiente e continuo nessa porcaria de vida a qual me deixei cair. Vivo deixando o mais importante de lado e quando percebo o mundo continuou girando e, as pessoas continuam construindo suas vidas sem mim, infelizmente, eu continuo a apenas destruir o pouco que ainda me resta, e não, nem esse pouco foi meu... Eu destruo minha herança e não contente, ainda destruo a vida das pessoas ao meu redor. Eu queria de verdade ser feliz ou ao menos me sentir bem, no mínimo um pouco normal. Eu sinceramente não queria que fosse tudo tão perdido e conturbado, queria me enjoar menos da poucas coisas que gosto e valorizar mais as pessoas que passam em minha vida, sem eu me sentir um lixo e repentinamente me afastar em súbito.
É como eu disse, o mundo continua e as pessoas continuam a viver mesmo que o pior aconteça, até mesmo eu continuo a viver, infelizmente...
Eu já perdi pessoas bem próximas e de maneira cruel, não inteiramente comigo, mas mais com elas com certeza. Estar próximo e até mesmo cuidar de alguém com câncer é algo muito lacerante e doloroso de uma forma indescritível. As vezes, quando minha vó ainda estava por aqui, ela chorava muito de dor pela noite e eu não conseguia dormir e no hospital foi pior ainda, eu ficava caminhando pelos corredores pq era melhor que sentir toda aquela cena... Mas minha mãe estava lá me ajudando a cuidar da vó... Pouco tempo depois foi minha mãe que ficou ruim, mas por outro motivo (minha avó tinha sido buscada por uma tia minha - na ocasião eu pirei por tirarem ela de lá, eu achava que era o melhor que se podia fazer... Não sei se realmente era ou se eu só estava forçando algo) e nisso eu continuei no hospital. Eu admito que se não fosse por uma senhora que é amiga da minha mãe e que por sorte ficava a noite pra mim, eu talvez não tivesse aguentado aquela pressão. Acho que ao todo devo ter passado umas 2 semanas direto e outras 2 revesando com a senhora. Eu sei que é pouco, mas eu ter ansiedade e depressão, eu garanto que não ajuda em nada... Ainda mais quando você sente que está perdendo até o pouco que tinha lhe restado. Nem nas piores crises de pensamentos eu conseguiria superar aquele vazio que existia lá. Eu não conseguia comer direito e nem fazer nada além de me dedicar a estar lá, basicamente fui eu, minha mãe, minha avó e a dona Jandira... Umas poucas visitas não eram suficiente, a família dizia ter seus problemas, como se eu não me sentisse na merda e não desejasse sair de lá por algum tempo... Eu não culpo minha mãe, nem minha vó, eu só me sinto triste por sentir que estávamos abandonados. Eu bem que mereço a solidão que plantei, mas elas não!
Acho que ao completar 1 mês dormindo/indo e vindo do hospital, minha mãe ficou internada e eu pude vir pra casa e fazer visitas 2 vezes por semana e na terceira semana na qual ela estava internada, recebi a liberação. Pouco tempo depois minha avó faleceu, sem contar que nesse meio tempo meu vô faleceu do coração. Infelizmente eu não consigo suprir o vazio que ficou no peito de minha mãe, eu não consigo nem ser um filho descente, quem dirá uma pessoa que possa cuidar dela. Hoje em dia ela que está cuidando de mim e me dando motivos para continuar. Sou tão fraco... E o pior que isso é parte de uma enorme tragédia que foi acontecendo de forma cascata em minha família. Uma das minhas tias tem câncer tbm e outra perdeu um filho, e nesse meio tempo que minha vó sofria, minha tia tbm perdeu o marido. Eu sinceramente não sei como continuo aqui, talvez por causa da minha mãe mesmo, eu aqui tentando me enganar dizendo que ela precisa de mim, quando claramente sou eu o necessitado. Eu queria ser mais grato por tudo que já passei, mas infelizmente eu só carrego um vazio que tento esconder com piadas idiotas e em certos momentos, apenas ficar em silêncio, pq eu sei que se eu falar sobre essas coisas, eu irei chorar, da mesma forma que chorei escrevendo isso.