Capitulo Dois - Darkness Visible

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Nota da autora (05/01/2016): Voltei só pra dizer um muito obrigada pelos 4.1K acessos! Muito obrigada mesmo <3 Não esqueçam de votar no capítulo e me deixar um comentário falando o que achou :D

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Claire sentiu seus músculos completamente paralisados.
Paralisados com um choque de realidade que lhe veio subitamente ao ouvir os gritos de Kathryn pelo telefone. Ela ouvira aquelas mensagens tarde demais e esse pensamento pessimista fez com que Claire sentisse uma pontada de dor no estômago, sentindo que iria vomitar, talvez pela ressaca ou pelo nervosismo. Ela engoliu seco, tentando controlar seu estomago que parecia demasiado demais para cooperar em mantê-la equilibrada, assim como o resto do seu corpo que parecia frenético de pavor.
Apesar de suas pernas bambas e sua cabeça que pulsava de dor, Claire correu para pegar suas roupas que estavam jogadas pela sala, vestindo-as o mais rápido que pôde, sem parar para pensar no fato de que Paul ainda estava no chuveiro e provavelmente iria procurar por ela quando saísse, mas nada disso importava.
Após vestir sua blusa e calça em dois movimentos bruscos, Claire pegou a chave do carro e enfiou seu celular no bolso antes de sair do apartamento, puxando a porta com tudo antes de correr até o elevador. Assim que o mesmo parou em seu andar, Claire entrou e logo apertou o botão que indicava o subsolo, onde ficava a garagem do prédio e, antes das portas se fecharam, ela viu Paul de cabelos e corpo molhados, somente de toalha, no meio do corredor enquanto corria e a chamava pelo nome.
- Claire, espera! Onde você está indo? - gritou Paul e num movimento brusco Claire apertou novamente o botão do elevador e as portas se fecharam, fazendo com que uma onda de adrenalina corresse pelo seu corpo, junto com o frio na barriga que crescia dentro dela enquanto o elevador descia cada vez mais. Ela sempre odiou elevadores e aquela sensação que vinha quando este descia.
Ao abrir a porta do elevador, Claire correu até seu carro, ligando-o enquanto fechava a porta do motorista. Claire arrancou com o carro pela rua, indo em direção a casa de Kathryn enquanto ouvi novamente as mensagens de voz que ela havia deixado:
"Oi, Claire. Você ainda está no escritório? Se estiver, venha me buscar, por favor, Paul O Stalker me deixou paranoica e acho que estou com medo de dormir sozinha. Me liga!"
Ao ouvir a voz alegre de sua amiga, Claire respirou fundo e tentou se tranquilizar. Respirou fundo por todo o caminho até chegar à casa de Kathryn, parando de frente a mesma. Ainda de dentro do carro, Claire observou as grandes janelas, que se encontravam fechadas, assim como a porta pesada de madeira marrom.
Claire abriu a porta do carro, sentindo um vento frio invadir o veículo, seu corpo passando a tremer ao mesmo tempo em que sua respiração formava uma fumaça cada vez que ela expulsava o ar de seu pulmão. E, mesmo com seu corpo enrijecido pelo frio, ela saiu do carro e abraçou a si mesma indo em direção a entrada da casa, enquanto sentia o celular vibrar em seu bolso, assim como fizera todo o caminho até ali, mas novamente, ela o ignorou.
O desespero e o frio tomaram conta do corpo de Claire de uma vez, enquanto ela corria até a porta, sentindo seu pulmão doer com tanta força que ela fazia para respirar o ar frio. Ela congelaria se continuasse ali e então começou a forçar a maçaneta que girou, abrindo a porta devagar. Ela estremeceu com o rangido que a porta fez ao se abrir, uma onda de ar quente vindo de dentro da casa atravessou o corpo dela e ela forçou seus pés a adentrarem o cômodo, fechando a porta atrás de si devagar enquanto a atmosfera quente da sala de estar de Kathryn a envolvia.
Claire se dirigiu a escada, parando ao ouvir um ringtone de celular. Olhou para o chão buscando-o, até que o encontrou no canto esquerdo da escada, com a tela virada para baixo. Claire abaixou-se para pegar o celular, constando logo que aquele pertencia a Kathryn e que uma mensagem de texto acabará de chegar, mas ela não conseguiu acessá-la, por conta da senha que bloqueava todo conteúdo do aparelho.
Claire encarou o celular, vendo a imagem que estava no protetor de tela. Uma foto de Kathryn sorridente para a câmera, num vestido azul marinho, que realçava muito bem seus olhos grandes e azuis, sobre sua pele pálida, enquanto seu cabelo longo e marrom caia um pouco sobre seu rosto.
Claire voltou ao mundo real quando a tela do celular desligou, então seguiu escada acima, entrando no corredor que a levaria ao quarto de Kathryn. Ao parar em frente a porta fechada do cômodo, Claire sentiu seu coração pulsar tão forte dentro do peito que ela quase conseguia ouvi-lo sob o silêncio que inundava a casa. Respirou fundo e girou a maçaneta, estremecendo novamente com o rangido que esta fez ao abrir revelando o que tinha dentro do quarto. Porém Claire não conseguia enxergar nada devido a escuridão do cômodo e deu um passo a frente buscando o interruptor para acender a luz.
Quando a claridade invadiu o quarto, Claire soluçou alto de susto, sentindo um arrepio momentâneo descer por todo seu corpo, como uma descarga elétrica, fazendo com que seu corpo ficasse dormente. O grito que escapou de sua garganta pareceu soar longe aos seus ouvidos e sua visão parecia distorcida e distante. Em um movimento reflexo, Claire se apoiou na parede mais próxima fechando os olhos, tentando se manter em pé, já que suas pernas tremiam, enquanto o mundo ainda parecia inerte para ela.
Claire forçou suas pálpebras a se abrirem novamente e dessa vez sua visão foi embaçada pelas lágrimas, enquanto encarava o corpo nu de Kathryn, deitado de bruços na cama de olhos fechados. Quando as lágrimas caíram em suas bochechas, sua visão pareceu mais nítida e ela pode observar Kathryn. Seu corpo pálido e esguio estava nu e a única peça que ela vestia era um sapato alto escuro, um de seus sapatos favoritos. Seus cabelos longos estavam espalhados sobre suas costas, como uma longa capa castanha que a cobria até a cintura. Suas bochechas pareciam mais rosadas que o resto de seu corpo e seus lábios estavam pintado de um batom vermelho vivo. Vermelho como sangue. E embaixo de seu rosto suas mãos estavam amarradas pelo pulso com um pedaço de seda. Claire engasgou ao ver a amiga, ela sabia que não precisava checar os batimentos de Kathryn, ela estava morta. E Claire nunca se perdoaria por aquilo.
As pernas de Claire falharam e ela não conseguiu mais se manter em pé, caindo sentada ao lado da cama sem tirar os olhos de Kathryn. Aquela imagem iria atormentá-la para o resto da vida, assim como o sentimento de culpa que lhe tomava conta agora e ela sabia disso. Era culpa dela. Tudo aquilo era culpa dela. Sua imaginação a levou para os pais de Kathryn e Claire conseguiu vê-los culpando-a por isso, conseguia ouvir suas vozes ecoando em sua cabeça, enquanto diziam que Kathryn estava morta por culpa dela, fazendo com que lágrimas escorregassem pelo seu rosto novamente, sentindo seu peito apertar. Ela poderia ter impedido e nada daquilo estaria acontecendo. Seria tudo diferente, mas ela não havia feito nada para aquilo não acontecer e Kathryn foi morta. Ela era inocente e morrera por isso.
Claire tentou controlar seu choro e buscou seu telefone em seu bolso para ligar para a polícia, vendo a tela embaçada por suas lágrimas, e enquanto o telefone chamava ela fazia força para controlar sua respiração, passando a mão pelo rosto se limpando. Uma mulher atendeu do outro lado da linha e perguntou qual era a emergência. Enquanto Claire falava ?minha amiga está morta? seu peito doía e a vontade de chorar foi inevitável, quanto ela se viu já estava caindo no choro novamente e a mulher lhe pedia para ter calma, que logo a polícia iria chegar ali.
E não demorou muito para ela ouvir as sirenes ecoando pela rua e ela tentou se levantar, entretanto suas pernas não lhe obedeciam. Quando o barulho das sirenes pareceu mais próximo, Claire avistou o telefone de Kathryn no chão, onde ela havia deixado cair quando a viu sobre a cama, então ela começou a se arrastar pelo chão, forçando suas mãos e pernas a engatinharem como um bebê até chegar onde o telefone estava. Então ela o pegou e levantou-se do chão, apoiando-se na parede até ficar devidamente em pé. Pegou o telefone de Kathryn e o enfiou no quadril, preso por sua calça e abaixou sua blusa o escondendo por completo.
Então, quando ouviu os carros parando em frente a casa, Claire saiu do cômodo e foi em direção a escada enquanto os policiais entravam na sala de estar, todos armados com revólveres e ela sentiu uma tensão enorme, fazendo com que ela se apoiasse no corrimão da escada para não cair. Não gostava de armas, de vê-las ou de pegá-las. Não gostava de jeito nenhum.
- Você está bem? - perguntou um policial olhando ao redor e com a arma ainda esticada.
- Estou bem - a voz de Claire saiu tão baixa e falha que ela não teve certeza se ele havia escutando-a, então repetiu, dessa vez mais alto.
- Está machucada? - perguntou ele, se aproximando da escada, abaixando a arma agora.
- Não, estou bem - Claire repetiu descendo a escada devagar, enquanto o policial virava para trás e mandava os outros revistarem a casa e, quando dois deles passaram por ela na escada indo em direção ao quarto, ela voltou a chorar.
- Venha - chamou o policial, ajudando-a a descer o restante da escada e lhe segurando levá-la até o lado de fora da casa, onde ela pode ver duas viaturas da polícia e uma ambulância. Claire tremeu, em parte pela cena e em parte pelo frio que fazia fora da casa. O policial, que até então ela não sabia o nome, lhe guiou para a ambulância, onde ela foi sentada em uma maca e lhe trouxeram água e um cobertor para jogar pelos ombros. Seus lábios e mãos tremiam como se o choque de toda a situação tivera a atingido ali.
Sua mente transbordava imagens de Kathryn deitada sobre a cama sem vida e ela não conseguia se acalmar, parecia que estava tendo um ataque de pânico enquanto todas as vibras do seu corpo pareciam nervosas e sua mente estava frenética. Sentia sua garganta se fechando e seu pulmão com dificuldades para respirar.
- Tente ficar calma - uma das enfermeiras lhe disse, empurrando o copo de água até seus lábios e Claire tomou um gole deste.
O rádio do policial, que ainda estava parado em sua frente, tocou e ela pôde ouvir uma voz feminina dizer que eles haviam encontrado um corpo dentro de um cômodo da casa e ele confirmou e desligou o radio rapidamente, como se não quisesse que ela ouvisse. Mas ela já sabia que tinha um corpo dentro da casa, ela tinha visto.
- O que vão fazer? - Claire perguntou tentando manter a voz firme.
- Vão investigar o local e o corpo, a perícia já deve está chegando - ele respondeu sem olhá-la.
- Claire! - alguém a chamou de longe e ela procurou com os olhos de onde vinha a voz e logo avistou Paul vindo em sua direção, dessa vez vestido nas mesmas roupas da noite anterior.
- Não pode estar aqui - o policial disse, parando-o antes que ele pudesse se aproximar.
- Eu conheço ele - disse Claire enquanto se levantava e o policial deu passagem para Paul, que se aproximou de Claire e a abraçou.
- O que aconteceu? Você saiu correndo do nada e eu fui ao escritório e não consegui te achar - perguntou ele desfazendo o abraço e encarando-a.
- A Kath... Ela... Ela... - Claire tentou dizer, mas sua garganta travava e ela ainda tremia.
- O que aconteceu? - Paul perguntou novamente.
- Ela morreu - disse Claire com a voz abafada pelo choro e Paul a encarou com cara de pavor, como se não tivesse acreditado naquilo que dissera. - Como isso aconteceu? - perguntou.
- Eu não sei - ela disse voltando a chorar, deixando sua voz se perder.
Abraçada a Paul, Claire ouviu outra viatura se aproximar da casa e logo viu os cabelos vermelhos de Amélia tomar conta de sua visão de acordo com que ela se aproximava da entrada da casa e de sua direção.
- Claire? - ouvi a voz de Amélia a chamar.
Claire desfez o abraço de Paul sem vontade, normalmente ela se afastaria o máximo que pudesse dele, mas daquela vez se manteve perto porque queria ele perto. Paul era a única pessoa que conhecia, ela não o queria ali, ela precisava dele ali, enquanto o choque de realidade ainda transbordava por ela.
- O que está fazendo aqui? - Amélia perguntou parando de frente a Claire e Paul, ao lado do policial.
- Ela que encontrou o corpo - respondeu o policial por Claire e esta agradeceu internamente, ainda não conseguia falar com muita coerência. Amélia a olhou incrédula, assim como Paul, parecia também não acreditar na má sorte que Claire tinha tido.
- Eu sinto muito, não sabia que tinha sido você - Amélia disse parecendo angustiada e Claire tentou sorrir para ela, como forma de agradecimento, mas não conseguiu.
- Eu vou precisar te fazer algumas perguntas... - Amélia começou a dizer, mas o carro que trazia os peritos a tirou de foco, enquanto desciam várias pessoas de branco com seus materiais, junto com um fotógrafo e Claire sentiu uma angústia no peito em pensar que Kathryn seria fotografada daquele jeito e todos na delegacia poderiam ver.
- Acho que seria melhor você ir à delegacia e eu te encontrar lá - Amélia disse voltando a sua atenção à Claire.
- Não. Eu quero ficar, quero ver o que eles vão fazer - Claire falou pela primeira vez na conversa, apontando para os peritos com a cabeça.
- Tem certeza? - Paul perguntou encarando-a com o olhar preocupado e ela confirmou.
- Eu posso fazer isso? - perguntou Claire para Amélia, que pareceu pensar por um tempo.
- Tudo bem, mas ele não - disse apontando para Paul.
- Mas, porque eu não... - Paul começou a questionar, mas Amélia o cortou. - Você não! - Amélia exclamou e virou-se para fazer um sinal para os peritos.
Um homem se aproximou deles e cumprimentou Amélia com um sorriso torto e virou-se para apertar as mãos de Claire e Paul.
- Wren, esta é Claire. Claire esse é o Wren, ele é o patologista. Ela vai entrar com a gente, prepare-a, por favor. Ele não! - Amélia disse apontando para Paul novamente, antes de se afastar. Claire ouviu-a pedir aos policiais que chegaram com ela para cercar a área e não deixar que ninguém ultrapassasse. A casa de Kathryn havia virado uma cena de crime agora, infelizmente.
- Eu acho que você esta muito abalada para fazer isso, Claire - disse Paul despertando-a de seus devaneios.
- Eu quero fazer isso - respondeu Claire num fio de voz.
- Por quê? - questionou ele.
- Porque eu quero ficar com a minha amiga, quero ver o que eles vão fazer com ela e o que vão dizer - ela respondeu.
- Você não está bem para fazer isso - ele contestou.
- Nós somos médicos, vamos cuidar dela se ela passar mal - disse Wren, entrando na conversa, enquanto levantava-se com um par de luvas descartáveis de cor violeta.
- Não faça isso, por favor - pediu Paul ignorando Wren que agora começava a colocar as luvas nas mãos de Claire com cuidado.
- Eu preciso - ela sussurrou enquanto Wren terminava de lhe colocar as luvas, eram quentes e plásticas, mas de um plástico mais grosso e resistente que as comuns, que logo fizeram suas mãos começarem a suar.
- Agora o cabelo - Wren disse movendo-se para atrás de Claire e juntando seu cabelo em um rabo de cavalo, prendendo-o no alto logo em seguida.
- Você poderia, por favor, fazer isso depois? Eu e ela estamos tentando conversar - Paul reclamou áspero, fazendo com que Claire rolasse os olhos. Será que ele não entendia a situação ali? Sua amiga havia acabado de falecer e ele perdia tempo tentando discutir com o patologista.
- Paul, por favor. Eu já me decidi, eu vou fazer isso e pronto. E preciso que faça algo por mim - Claire pediu, sabendo que precisava se livrar de Paul de alguma forma ou ele nunca a deixaria fazer aquilo.
- O que quer que eu faça? - perguntou Paul
- Eu tenho pacientes marcados para hoje, provavelmente já chegaram ao consultório à uma hora dessas. Preciso que desmarque tudo, tem uma agenda sobre a mesa de Kathryn, lá tem as consultas e telefones, só preciso que faça algumas ligações - Claire disse, perguntando-se internamente que horas seriam. O sol ainda não estava muito forte, mas já haviam se passado horas desde que ela saíra de casa, ao menos lhe parecia que sim.
- Tudo bem. Onde está a chave do consultório? - perguntou.
- Tenho uma copia dentro do meu carro. Muito obrigada por isso - ela agradeceu e o abraçou apertado, sentindo que iria chorar outra vez, mas se conteve. Ela não poderia perder o controle de novo, justamente agora.
- Eu posso te encontrar na delegacia? - ele perguntou baixinho abraçando-a de volta.
- Sim. Obrigada, Paul - ela disse desfazendo o abraço e ele lhe beijou a testa antes de vira-se e ir em direção ao carro dela.
Claire sentiu seu peito apertar ao ver Paul se distanciando cada vez mais dela, ela estava mal e se fosse para surtar de tristeza ou desmaiar queria que fosse na frente dele, já que ele era única pessoa que ela conhecia ali, exceto por Amélia. Mas ela sentia que não poderia contar com Amélia no quesito ?pessoas com quem posso desabar na frente?. Fazia tanto tempo que elas não se viam e, Claire sentia que agora mal lhe conhecia, ela estava diferente do que era na faculdade. Claire também estava, mas não sentia a proximidade que elas tinham ressurgir como quando ela reencontrava outra velha amiga.
- Roupas? - perguntou Wren tentando chamar a atenção de Claire.
- Ah, claro... - ela respondeu envergonhada pela distração e virou-se para ele que estendia para ela um macacão branco, também de plástico. Ela pegou o mesmo e passou por suas pernas vestindo até seus quadris e Wren a ajudou a colocar as mangas e fechar atrás e ela agradeceu pelo calor que fazia ali dentro daquele monte de plástico.
- Seu namorado é mal humorado - comentou Wren enquanto colocava o gorro que protegia seu cabelo.
- Não é meu namorado - disse Claire envergonhada por ele ter presenciado toda discussão com Paul.
- Pareceu que era - disse ele agora em sua frente tampando o resto de seu cabelo com cuidado, franzindo a testa enquanto fazia.
- Pronta? - perguntou Amélia aproximando-se deles, já toda vestida de branco, assim como Claire.
- Sim - respondeu, sentindo seu estômago revirar de nervosismo de pensar em voltar dentro da casa.
- Pessoal - Amélia chamou o resto da equipe de perícia e logo se juntaram a eles, no mínimo, dez pessoas, todas de branco e luvas violetas.
- Dividam-se pela casa, busquem impressões digitais ou indícios de qualquer presença além da vitima na casa, sinais de arrombamento, assim como o estilo de vida dela, se há indícios de que ela havia tido relações sexuais recentemente, consumo de drogas ou de outros medicamentos, algo relevante. - disse Amélia e Claire abaixou o olhar para seus pés em branco, enquanto Amélia continuava:
- Tirem fotos e tentem preservar a cena. Vocês sabem como funciona, não toquem em nada sem as luvas, pisem nos lugares adequados, não deixem seus DNAs caírem em qualquer lugar ou eu vou ter que prender vocês por homicídio. - Amélia terminou e todos assentiram colocando suas máscaras sobre o rosto.
- Tome - Wren estendeu uma mascara para Claire que colocou com cuidado ao mesmo tempo que ele vestia seus próprios equipamentos e trazia consigo sua maleta enquanto eles iam em direção a porta da casa.
- Quero que me diga onde você tocou quando estava aqui dentro, Joel vai anotar tudo - Amélia apontou para um rapaz moreno de óculos ao lado dela enquanto seguiam Wren pela entrada.
- Porta e maçaneta... - disse Claire ao adentrar a casa, observando Joel anotar tudo que ela dissera.
- Interruptor - disse ela mais uma vez enquanto seguiam pela sala de estar e via algumas pessoas se espalhando por ali e pela cozinha, enquanto ela, Amélia, Joel e alguns outros ainda seguiam Wren escada acima.
- Corrimão - disse Claire tentando manter-se controlada ao sentir a angustia tomar conta dela ao entrar ali novamente, observando tudo que ela tinha visto horas atrás.
Eles seguiram pelo corredor que levaria ao quarto em silêncio e quando parou em frente a porta, Claire forçou sua garganta para dizer onde havia tocado, sentindo que iria cair a qualquer momento, mas respirou fundo e prosseguiu:
- Maçaneta... Interruptor - ela disse com a voz fraca quando Wren abriu a porta do quarto com cuidado e ela pode ver o corpo de Kathryn sobre a cama novamente. Claire forçou suas pernas a adentrarem o cômodo e respirou fundo tentando manter a calma. Paul estava certo, aquilo era demais para ela, embora tentasse disfarçar ela estava muito abalada e, tinha medo de não conseguir sobreviver àquilo.
- Pise nos blocos - Amélia avisou, fazendo com que Claire percebesse blocos de ferro espalhados pelo chão do quarto em forma quadrada, grandes o suficiente para que coubesse uma pessoa em cima. Ela fez de acordo com que Amélia disse. Subiu em cima de um dos blocos, se aproximou mais da cama e olhou para Kathryn, observando seu corpo pálido. Claire respirou fundo.
Os outros peritos começaram a adentrar o quarto cada um seguindo uma direção diferente, enquanto Wren e Amélia observavam o corpo, assim como Claire.
- Pela temperatura e cor, eu diria que a morte ocorreu entre dez a doze horas atrás - disse Wren curvando-se para examinar Kathryn mais de perto e Claire sentiu um nó no estômago e perguntou:
- Você já consegue dizer o que causou a morte? - Claire estava trêmula e tentava se equilibrar em cima do bloco, sentindo que iria cair novamente.
- Pelas marcas no pescoço, provavelmente, asfixia, estrangulamento - respondeu ele ainda olhando Kathryn de forma próxima.
- Tire fotos - Amélia pediu e se dirigiu para o lado de Claire andando sobre os blocos, enquanto um dos peritos tirava fotos do pescoço de Kathryn.
- Você tocou no corpo? - perguntou Amélia.
- Não - respondeu Claire baixo, sentindo as lágrimas encherem seus olhos, enquanto encarava o rosto de Kathryn novamente, abaixando o olhar para as mãos dela, que estavam amarradas.
- O que está amarrando as mãos dela? - perguntou Claire e Amélia se dirigiu para o lado de Kathryn e abaixou-se, tocando o tecido com a ponta dos dedos cobertos pelas luvas.
- Seda... Parece que foram amarradas com peças intimas - respondeu Amélia ainda olhando para o material.
- Quando a viu pela última vez? - perguntou Amélia olhando para Claire, antes de voltar a fitar o rosto de Kathryn.
- Ontem à noite, ela é... Era minha secretária - respondeu Claire.
- Ela estava com essa maquiagem? - Amélia questionou e Claire parou para analisar o batom vermelho que pintava sua boca.
- Não. Não estava - disse Claire recordando-se da última vez que vira Kathryn em seu escritório, fazendo com que ela não conseguisse controlar o choro desta vez.
- A maquiagem parece fresca, seja lá quem a matou, fez sua maquiagem antes - comentou a Amélia, percebendo logo em seguida que Claire chorava.
- Tire fotos disso - Amélia pediu se aproximando de Claire para dizer:
- Já é o suficiente para você, vamos sair daqui - disse ela segurando Claire pela cintura e tirando-a do quarto, indo em direção à saída.
Claire sentia suas pernas duras impossibilitando-a de caminhar mais rápido para sair dali, que era o que ela mais desejava no momento. Ela não aguentava mais ver os cantos daquela casa e sentir a atmosfera que esta trazia para ela. E, principalmente as lembranças dali que ela sentia que iria atormentá-la para sempre.
Com Amélia ainda a seu lado, ajudando-a, Claire forçou as pernas a caminharem mais rápido ansiando chegar logo ao lado de fora. Ao saírem da casa, Amélia chamou um dos policiais sem parar de caminhar levando Claire de volta a ambulância ainda parada ali.
- Feche toda a rua e comece a interrogar os vizinhos, não deixe nenhum repórter se aproximar e nem responda perguntas - Amélia disse.
- Sim, senhora - respondeu o policial.
- Dê algum calmante para ela e meça sua pressão - disse Amélia para a enfermeira, enquanto ajudava Claire a sentar na maca da ambulância.
- Eu não quero calmante - respondeu Claire secando suas lágrimas com as mãos trêmulas.
- Claire, olhe para mim - Amélia pediu abaixando-se para ficar a altura do rosto de Claire.
- Não surte agora, nós ainda temos muito que fazer, aguente mais um pouco - Amélia pediu e Claire assentiu fechando os olhos enquanto sentia a enfermeira medir sua pressão.
- Eu não vou surtar - sussurrou Claire enquanto imagens de Kathryn morta sobre sua cama bombardeavam sua cabeça de forma incessante e ela tremeu por dentro, mas tinha certeza que por fora ela já parecia mais tranquila.
Claire observou Amélia se afastar e ir conversar com os outros policiais, designando o que eles tinham que fazer, parecendo bem familiarizada com a situação, fazendo Claire imaginar em quantas cenas de crimes ela já havia estado desde que entrou na polícia. Poderia lhe perguntar depois, mas não era seu papel fazer perguntas, seu papel era responder as de Amélia e Claire sabia que não seriam perguntas fáceis.
Depois de sua pressão medida e um comprimido de tranquilizante ingerido, Claire sentia-se mais equilibrada para depor sobre o que tinha acontecido. Ela precisava organizar os fatos em sua cabeça, para que passasse as informações de forma mais coerente o possível, já que não queria dificultar o trabalho da polícia, principalmente o de Amélia, que estava com dificuldades em lidar com todos os crimes que estavam acontecendo na cidade, como havia lhe confessado na noite passada. Entretanto, Claire sentia que ela estava preparada e tinha todos os recursos para realizar um bom trabalho, ela percebia seu ar de líder e sua determinação, toda a equipe a respeitava e agiam de acordo com ela, seguindo suas ordens. Com isso, Claire acreditava que Amélia, a partir das pistas, saberia quem tinha feito aquilo.
- Se sente mais calma? - perguntou a enfermeira em tom doce.
- Estou sim, obrigada - respondeu Claire.
- Sinto muito pelo que aconteceu. Ela era sua irmã?
- Não, ela era minha amiga, mas obrigada... - Claire agradeceu olhando-a percebendo que não sabia seu nome.
- Grace - respondeu a enfermeira, sorrindo-lhe com compaixão.
- Obrigada, Grace. - Claire completou sorrindo de volta para ela, voltando a atenção a sua frente assim que ouviu barulho de pessoas se aproximando, vendo Amélia e o policial, que a ajudou sair da casa pela primeira vez, parado ali.
- Precisamos ir, Claire. Esta se sentindo melhor? - perguntou Amélia.
- Sim - respondeu Claire se levantando e tirando o cobertor que tinha sobre os ombros, colocando-o sobre a maca.
- Você vai comigo na viatura, ele vai levar seu carro para delegacia - disse apontando para o policial.
- Tudo bem - disse Claire e virou-se para agradecer e se despedir de Grace antes de seguir Amélia pela rua, saindo por entre a faixa que indicava que havia uma cena de crime ali.
Claire abaixou o rosto para não olhar novamente para casa ao atravessar a rua, olhando para seus pés tentando não ouvir o barulho que os policiais faziam e toda aquela movimentação que rondava o local.
- Claire! - ouviu Amélia a chamar de forma urgente fazendo-a perceber o carro que vinha em sua direção enquanto ela ainda estava parada no meio da rua.
Ela ficou paralisada enquanto via o carro avançar mais ainda antes de frear em sua frente, a centímetros dela, perto o suficiente para ela sentir o vapor quente que vinha do motor em suas pernas trêmulas. Claire levantou o olhar para ver o motorista e se deparou com um homem que a encarava de forma assustada, quase misteriosa. E, ela não pensou duas vezes em correr para o outro lado da rua, onde estava Amélia, dando passagem para o carro.
- Olhe para onde anda, sua idiota. Eu preciso do seu depoimento antes que você morra atropelada - resmungou Amélia enquanto Claire olhava o carro avançar e seguir seu caminho pela rua.
- Desculpa.
- Entre - Amélia disse abrindo uma das portas traseiras do carro e Claire obedeceu. Logo que a porta foi fechada, Amélia se afastou novamente para falar com outro policial que vinha em sua direção. Claire não conseguia ouvir o que era, mas sabia que estavam falando dela, já que Amélia às vezes a olhava, assim como o homem. Com isso, desviou o olhar e se concentrou em abaixar sua blusa para cobrir o celular de Kathryn que ainda pendia em seu quadril e se perguntou se poderia confiar aquilo à Amélia.
Em poucos minutos, Amélia já estava sentada no banco do passageiro a espera do motorista para levá-las.
- Quero te pedir desculpas pelo que disse ontem - falou Amélia depois de minutos de silêncio.
- O que? - Claire encarou o rosto duro de Amélia que encarava o painel do carro.
- Sobre a possibilidade das próximas vítimas serem nossas amigas, eu não imaginava que ele levasse minhas falas tão no literal assim... - Amélia explicou com um ar sarcástico, desaprovando a ironia do destino que estava sendo aquela situação.
- Na verdade, eu não tinha pensado sobre isso. O que quer dizer com ?ele?? - perguntou Claire tentando instigar Amélia a falar.
- Não consegue ver? Ele que fez isso. - respondeu Amélia de forma dura, fazendo Claire confirmar suas suspeitas sobre o pensamento dela.
- Você está dizendo que um serial killer matou minha amiga pelo simples fato de ela ser morena?! - Claire disse, fingindo indignação.
- Ou você acha que ela tinha motivo para ser morta? - perguntou Amélia no mesmo tom, deixando Claire encurralada. Ela estava certa, a morte de Kathryn era fruto de uma completa injustiça e ninguém poderia negar isso.
- O que você quer que eu diga? Não, não teve motivo algum para a morte dela - rebateu Claire.
- Eu quero que você aceite os fatos e veja que tem a possibilidade de ter sido uma única pessoa que matou todas aquelas mulheres e sua amiga - disse Amélia virando-se no banco para encarar Claire.
- Eu sei que tem uma possibilidade de ter sido ele, Amélia. Tudo aponta para ele.
- Eu sei, Claire. Estou tentando entender ele, por isso fui te pedir ajuda. Eu não tenho ideia de como ele faz isso, como escolhe essas mulheres e depois as mata sem deixar um mísero rastro para trás.
- Isso não é justo - sussurrou Claire, pensando em todas as mulheres já assassinadas por ele.
- Eu também não acho que seja justo, por isso estou fazendo tudo o que posso para pegar esse verme - Amélia disse, num tom mais baixo dessa vez.
- Amélia... - Claire chamou-a decidida em lhe falar sobre o celular de Kathryn quando um policial entrou no carro e pediu desculpas pelo atraso, ligando o carro para ir para a delegacia logo em seguida.
O caminho até lá foi um borrão enquanto Claire pensava sobre a discussão que ela e Amélia haviam tido e como ela iria contar sobre o celular caso o policial não as tivesse interrompido, questionando se essa seria a melhor coisa a fazer quanto ao aparelho. Ela sabia que se contasse para a polícia que recebera pedidos de socorro da parte de Kathryn, os pais dela iriam saber e nunca a perdoariam por aquilo e, ela não sabia se aguentaria caso eles a odiassem.
Claire foi arrancada de seus devaneios quando o carro parou em frente a delegacia e ela observou pela janela toda a movimentação de pessoas ali, incluído repórteres a espera de Amélia para saber o que havia acontecido.
- Apenas entre, não fale com ninguém - Amélia aconselhou Claire enquanto abria a porta do carro. Claire fez o mesmo se colocando para fora rapidamente e seguindo Amélia para a delegacia tentando passar sem bater ou empurrar ninguém dali.
Assim que entraram no prédio as portas foram fechadas novamente e Claire se sentiu mais segura enquanto olhava todos ali andarem de um lado para o outro. Ela nunca estivera em uma delegacia antes e, constatou que era mais barulhento e agitado do que ela esperava. Conseguia ouvir telefones tocando, pessoas falando, revólveres sobre as mesas, movimentação de papeis e um forte cheiro emanava por todos os lados. Era tudo muito agitado e, pela primeira vez no dia, ela sentiu falta da calmaria e do silêncio de seu escritório.
- Venha por aqui - disse Amélia chamando sua atenção, apontando para um corredor largo que dava passagem a diversas portas.
Claire a seguiu até uma porta que ficava no fim do corredor extenso e a viu dar-lhe passagem para entrar no cômodo.
- Espere aqui - pediu Amélia.
- Amélia - Claire a chamou, mas já foi tarde, ela já havia fechado a porta novamente, deixando Claire sozinha.
A sala era grande e espaçosa, entretanto tinha somente uma mesa de madeira grande e ao seu redor havia poucas cadeiras . Sobre a mesa continha aparelhos eletrônicos, que Claire acreditava serem de gravação, junto com um computador pequeno. Ela avistou diversas câmeras espalhadas, que poderiam capturar imagens de todas as direções, fazendo com que ela sentisse que estava sendo observada. Claire sentou-se de maneira desconfortável em uma das cadeiras do lado esquerdo da mesa e ajeitou sua blusa novamente com intuito de esconder o celular de modo que ninguém o pudesse ver, tomando cuidado na sutileza de seus movimentos para que a pessoa que estivesse monitorando aquelas câmeras não tomasse sua atitude como suspeita, até porque ela sentia que até sua respiração ofegante e suas mãos suadas a fizessem parecer que estava escondendo algo. De fato, ela estava, mas pretendia não deixar ninguém saber, pelo menos, ninguém dali.
Não demorou muito para Amélia voltar para a sala junto com dois homens, um era alto e vestia um uniforme de policial e parou ao lado da porta, enquanto o outro parecia um senhor de quarenta e poucos anos, vestindo um terno cinza sem gravata e uma expressão séria no rosto.
- Bom dia, senhorita Williams - disse o senhor ao sentar-se na cadeira a sua frente, do outro lado da mesa.
- Bom dia - Claire disse em tom baixo.
- Meu nome é Roger, prazer em conhecê-la - disse ele lhe estendendo a mão, a qual ela apertou.
- Prazer - respondeu Claire soltando a mão dele tentando parecer o mais simpática que a situação lhe permitia.
- Tome - disse Amélia depositando um copo de água que trazia em suas mãos na frente de Claire, que o pegou de bom grado, tomando um gole logo em seguida. Eles nem haviam começado e ela já sentia um nó na garganta.
- Obrigada - sussurrou em agradecimento enquanto Roger ligava o computador e o aparelho de gravação.
Em menos de cinco minutos todos os equipamentos estavam prontos e Roger já perguntava a Claire se estava preparada. Ela não estava, mas confirmou com a cabeça tentando parecer equilibrada o suficiente para lhe repassar as informações que sabia.
- Há quanto tempo a senhorita conhecia a vítima? - Roger perguntou, encarando-a de forma séria, toda sua simpatia anterior tinha se exaurido.
- Há três anos nós nos conhecemos - respondeu.
- Como descreveria o relacionamento entre vocês?
- Bem... Apesar de pouco tempo de convivência, nós tínhamos uma amizade muito forte, nosso relacionamento era estável, não tínhamos problemas uma com a outra. - Claire disse sentindo a tristeza voltar com toda força ao lembrar de como era sua convivência com Kathryn, de tudo o que elas gostavam de fazer juntas, de como era a amizade delas.
- Quando foi a última vez que viu a vítima ainda viva? - perguntou Roger e Claire observou Amélia abaixar o rosto, encarando a mesa.
- Ontem à noite... - respondeu Claire com a voz falha.
- Que horas precisamente?
- Por volta das sete e quarenta, quase oito da noite. Foi quando ela saiu do meu escritório. - Claire disse lembrando-se da despedida de Kathryn na noite passada, como ela sorriu enquanto dizia para Claire trancar a porta do apartamento direito, para que o Paul stalker não entrasse de surpresa.
- Ela trabalhava com você? - perguntou Roger anotando algo em um pequeno caderno enquanto Amélia ainda parecia tensa ao seu lado.
- Sim. Ela era a minha secretária já fazia seis meses. Quando ela pediu demissão do antigo emprego e eu perdi a minha secretária, resolvi contratá-la.
- Como a encontrou nessa manhã? - Roger perguntou voltando-se para Claire que engoliu seco tentando pensar exatamente no que iria dizer como resposta aquela pergunta.
- Eu acordei cedo, pensei em ir buscá-la em casa para irmos para o trabalho, quando eu cheguei à casa a porta não estava trancada, então eu entrei e a encontrei - Claire disse forçando algumas lágrimas a caírem para complementar sua mentira.
Enquanto forçava as mãos a parecerem trêmulas, Claire observou Amélia a encarando desconfiada, como se soubesse que havia algo errado ali, entretanto Roger não pareceu desconfiar de nada. Então ela continuou sua farsa, usando como pode sua habilidade de atriz, forçando um choro e uma voz embargada enquanto contava como foi para ela achar Kathryn naquela situação.
Ela lidaria com Amélia depois, mas por enquanto estava conseguindo seu objetivo que era enganar a polícia. 



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