Anjinho.

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[...]

Eram por volta de dez da noite, eu e Wednesday tínhamos acabado de nos deitar, estávamos em silêncio esperando o sono chegar. Na manhã seguinte Wednesday teria seu primeiro dia de aula, por esse motivo ainda não havia dormido.

Eu por outro lado, estava tensa. Passei o dia pensando no que nós duas tínhamos constatado, e na conclusão que eu mesma havia chegado. Pode parecer loucura, mas na época fazia muito sentido.
Unir o útil ao agradável era o que eu faria. Como iria sugerir aquilo eu não fazia ideia, só deixaria as coisas fluírem.

— Wed? — estava de costas para ela.

— Hm?


— Não consigo dormir. — permaneceu em silêncio por alguns segundos.

— Vem cá. — virei-me para encará-la, estava de barriga para cima, não parecia que iria dormir tão cedo. Me puxou para que eu ficasse junto à ela, passando o braço por baixo da minha cabeça, me abraçando. — Melhor? — ergui meu olhar ao dela, seu rosto continha um resquício de sorriso.

— Uhum. — deixei um beijo em seu queixo.

— Queria conseguir dormir rápido como você. — suas mãos logo começaram acariciar meu couro cabeludo.

— Isso graças à você. — minha fala fez a garota soltar um arzinho pelo nariz. — Não é estranho perceber como as coisas funcionam? — me olhou de relance.

— Tá falando sobre mais cedo? O lance do vínculo?

— Também.

— Me explica. — tinha uma sobrancelha arqueada.

— Hum... Tava pensando numas coisas, sabe? — afirmou com a cabeça para que eu prosseguisse. — Não parece ser muita coincidência Charlotte ter se mudado pra Itália? Logo de onde sua família veio? — Wednesday estreitou os olhos. — Sabe... Isabel foi aceita em duas universidades, e escolheu justamente a que fica na Itália.

— O que quer dizer com isso, Nid? — seus olhos me fitavam curiosos.

— Eu não sei. Talvez eu esteja tentando assimilar os últimos acontecimentos, tentando achar algum sentido, entende? Destino, talvez? — eu me encontrava imersa naquele momento, minha mente havia vagado tão de repente por pensamentos.

— Minha mãe diz que destino não existe. A gente faz nossas escolhas, ou Deus, sei lá, ela é gosoel. — deu de ombros. — Mas, por que tá pensando nisso?

— Acho que nosso assunto mais cedo me fez refletir sobre algumas coisas... — enterrei meu rosto em seu peito. — Eu era tão ruim assim pra minha própria mãe se recusar a me amamentar?

Falar sobre aquilo era desgastante. Mesmo tendo uma certa intenção por trás da minha conversa, rejeição em qualquer âmbito é sempre angustiante, aquilo logo fez meus olhos se encherem d'água.

— Claro que não. Não diga isso, meu bem. — me trouxe para mais perto de si, tendo seus dois braços ao redor do meu corpo. — Não é nada sobre você. Ela escolheu aquilo, assim como seu pai escolheu te amar de pertinho. — uma de suas mãos agora alisava a pele do meu pescoço.

A amante do meu pai | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora