"Culpa".

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Friday, November 11st, 2012. | 06:23am.

Acordei com vozes altas e agudas em minha cabeça, a visão embaçada dificultou um pouco o reconhecimento de quem estava presente no recinto, até que senti algo pesado sobre mim, era Enid.

Meu Deus, Enid.

O que havíamos feito na noite passada, veio à tona imediatamente. Então não era um sonho.
O desespero logo tomaria conta de mim, mas vê-la ressonando tão calmamente, com o semblante brando, como se não existissem problemas, foi como um remédio surtindo efeito em meu organismo. Eu me sentia bem, preocupada com o que seria nossa relação dali para frente, porém, bem.

Ao mesmo tempo, eu me amaldiçoava mentalmente por aquilo. E se Enid, nunca tivesse chegado onde chegou com mais ninguém? E se nunca tivesse ao menos se tocado, ou gozado antes? Céus, eu havia feito a garota se desmanchar, sem ao menos, tê-la sentido com minhas próprias mãos!

Eu realmente não sei onde estava com a cabeça quando comecei a provocá-la, talvez eu só quisesse ter certeza de meus achismos em relação à ela.

Certo, a quem eu queria enganar? Eu sabia exatamente o que se passava em sua mente, sabia da porra do problema de hormônios que a menina enfrentava, mas ainda assim, resolvi insistir. Fui terrível.

Sei que Enid não era uma criança, mas, nem aos 15 tinha chegado ainda, eu me senti uma completa pervertida. Como lidaria com aquilo dali em diante?

Eu amava ficar com Enid, gostava de sua presença, mas, ainda a enxergava como alguém indefeso - esquecendo o evento da noite anterior -. Como ficaríamos diante àquela situação? E se alguém tivesse nos visto, ou escutado? Porra, eu estava fodida.

Eu deveria a chamar para conversar, não deveria? Não que eu estivesse completamente arrependida do que ocorrera naquela cozinha. Entretanto, tê-la inteiramente para mim, sentir sua respiração afoita em meu rosto, ter seus brilhantes olhos implorando por minha atenção, sentir sua boca tão macia contra a mnha, tê-la deixado completamente vulnerável em minha frente, trouxe uma sensação nova, um sentimento nunca antes despertado em mim. Enid havia me preenchido de algo, que eu não fazia ideia de que me faltava. Mas, ainda assim, deveríamos ter uma resposta sobre tudo aquilo.

As vozes que se faziam presentes no quarto, eram das garotas com quem dividíamos o cômodo, juntamente com a da Sra. Olsson. Por que diabos aquela mulher estava de pé, logo cedo da manhã, enchendo a cabeça das meninas?

- Mamãe, ainda tá cedo, não dá pra fazer isso outra hora? - logo associei a voz sonolenta e cansada à Yoko. A garota estava numa tentativa de se manter sentada na própria cama.

- Querida, isso é muito sério. Anda, levante! - Rebecca Olsson fez questão de bater na porta vezes seguidas para chamar nossa atenção. Mesmo acordadas, as outras garotas pareciam tentar dissociar o sono da realidade.

- O... q-que tá acontecendo? - Enid se remexeu em cima de mim, levantou seus olhos encarando tudo a sua volta, quando se deu conta de onde estava, logo levantou seu tronco e me olhou. - Bom dia, Wed. - soltou um sorriso contido. Seu rosto pareceu corar quando se dirigiu a mim.

- Bom dia, florzinha. - afaguei suas costas. - Dormiu bem? - apenas recebi um aceno em resposta. - Ótimo! - beijei sua testa. - Agora tenta entender o que tá rolando aqui, porque eu não faço ideia. - sussurrei veemente. Prontamente Enid se acomodou, ficando sentada entre minhas pernas.

Olhávamos para a Sra. Olsson, que parecia esperar algum tipo de permissão para nos dirigir a palavra.
Encostada no batente da porta, aguardava pacientemente a atenção de todas nós ali. Quando recebeu, começou a nos direcionar o que deveria ser feito.

A amante do meu pai | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora