Culto.

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Sunday, October 22nd, 2012. - 7:36 am.

Estávamos no carro a caminho da igreja, nossos domingos eram sempre os mesmos e Wednesday começara a fazer parte deles. Meu pai dirigia tranquilamente enquanto cantarolava algum louvor antigo que ecoava do rádio de seu carro.

Aquele domingo estava quente, bem diferente da quarta e quinta-feira daquela semana, o clima tinha se ajustado, voltado ao normal, dando lugar ao clima árido do deserto. Ainda consigo me lembrar da sensação que o sol causava atravessando a janela meio aberta do carro, e batendo em meu rosto, junto com a tradicional brisa fria da manhã de domingo.

Estava sentada logo atrás do banco do motorista, enquanto Wednesday estava no banco do passageiro. Claramente parecíamos uma família tradicional, onde o pai dirige, a mãe faz companhia, e a criança fica no banco de trás dando a vida por cantar a música que toca no rádio. Ainda bem que não éramos essa família.

Minutos depois chegamos ao nosso destino. Pude avistar Ajax no altar ajudando o Sr. Olsson a arrumar algo na caixa de som da igreja, enquanto a Sra. Olsson conversava com mais duas mulheres da congregação. Meu pai logo se juntou a alguns homens que também frequentavam nossa jgreja, e eu fui a procura de Yoko. Como era a primeira vez que Wednesday pisava ali, decidiu me fazer companhia a todo momento, estava tímida.

No lado de fora da igreja, próximo ao parquinho das crianças, pude ver Yoko e Divina sentadas no meio fio conversando. Pareciam despreocupadas enquanto riam e se cutucavam de vez em quando. Divina usava um vestido amarelo com estampas mínimas de flores, Yoko usava um todo branco com pequenos bordados na altura do peito, pareciam tão "meiguinhas", fofas. Mas, tenho que admitir, não combinava em nada com a personalidade das garotas.

- Hey, meninas! - chamei quando nos aproximamos, Wednesday tinha sua mão entrelaçada à minha.

- Oi Nid-

- Oi, Wednesday! - Yoko atrapalhou a fala de Divina, se levantando e vindo nos abraçar.

- Oi, oi! - Wednesday acenou para Divina e logo recebeu o abraço empolgado de Yoko.

- Que honra você por aqui! - Yoko segurava os cotovelos de Wednesday enquanto tinha um sorriso sapeca no rosto. Mas o quê...

- Koko! Eu também ia cumprimentar ela, dá licença! - Divina usou a lateral de seu corpo para empurrar Yoko, fazendo a garota tropeçar, arrancando risos sinceros meus e de Wednesday. - Que bom que veio, Wednesday. Não que aqui seja o melhor lugar pra gente se ver, mas tá valendo. - puxou a garota para um abraço.

- Uh-um. - chamei atenção das garotas, forçando a garganta. - Com licença, meninas?

- Oh, nenequinha, não fique com ciúmes, nós te amamos também. - Yoko foi logo apertando minha bochecha.

- Por que eu teria ciúmes? Só porque esqueceram da minha existência? - amava fazer drama.

- Não seja boba, Nid. Só quisemos dar as boas vindas pra Wednesday, nesse inferno de lugar. - Divina sussurrou a última parte, que garota!

- Div, pelo amor de Deus! Se meus pais ouvem isso... Controla essa sua língua! - não que Yoko tivesse medo dos pais, mas a última coisa que queria fazer era decepcioná-los.

- Já, já eu digo onde minha língua vai t-

- Ou, ou, ou! Deem um tempo vocês duas. E, Divina, não diga isso perto do Sr. Olsson, a gente sabe que aqui é "um inferno", mas ele não tem culpa, é a religião. - eu disse, enquanto Wednesday parecia se divertir com a nossa interação.

- Oh! Tudo bem. Mas só porque a Wednesday tá aqui. Temos que mostrar como as coisas funcionam. - Divina tentou se explicar.

- É, e a gente pode começar indo pra lá agora. - Yoko checou o horário em seu relógio. Divina pôs a mão sobre o ombro da garota que falava. - Wednesday, o culto começa às oito em ponto, nada de atrasos, as pessoas costumam ser bem pontuais por aqui. - Yoko explicava detalhadamente. Começamos a caminhar em direção a congregação.

A amante do meu pai | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora