Apenas uma noite.

2.3K 169 64
                                    

Chegamos enfim, por volta das dez e meia da noite, um pouco além para o tempo que a rota previu. Como ainda era quinta-feira, e os eventos do acampamento só começariam na sexta, ficamos na casa do casal que nos hospedaria, estes que eram donos de toda aquela área de fazenda, era enorme, tão grande que caberia a nossa igreja três vezes ali.

O local em que passaríamos a noite também não era muito diferente, um casarão típico de temporada, devia ter no mínimo uns seis quartos, estes que eram nada pequenos e discretos. Ao mesmo tempo que traziam a decoração rústica — como todo o resto da casa —, carregavam também o glamour de algo minimalista e sofisticado, eu me sentia como em um filme de época.

Quando todas as nossas malas e pertences foram descarregados do ônibus, nos passaram as seguintes instruções; meninos e meninas dormiriam em quartos separados, seriam o total de 4 quartos para os dois grupos, em média teriam de 6 à 7 pessoas num mesmo dormitório.

Em questão de números, eu realmente não me importava, contanto que eu dormisse no mesmo cômodo que Wednesday, estava tudo certo.

Porém, o que me arrancou uma gargalhada sincera, foi a observação de "meninos num quarto, meninas no outro.". Eles achavam mesmo que um bando de adolescentes juntos num mesmo quarto não iria dar em nada, só porque eram do mesmo sexo? Como eu amava a inocência dos meus pastores. Se soubessem o que realmente acontecia entre as meninas e os meninos, certamente teriam de separar, só assim o argumento seria plausível. Ainda bem que não era.

Por sorte — depois de tanto insistir —, pudemos escolher quem dormiria com quem, seria apenas uma noite, levaram aquilo em consideração. Divina e Yoko, dormiriam conosco, juntamente com duas garotas de uma outra congregação, eram simpáticas, e mesmo que não fossem, estaria tudo bem, seria apenas uma noite.

O quarto em que ficamos, dispunha de duas camas de solteiro e duas beliches, ótimo, perfeito, sem tirar nem pôr. Dormiríamos confortavelmente por aquela noite, e então na manhã seguinte, sairíamos para montar as barracas e já nos acomodaríamos de maneira correta, certo? Errado.

Após uma listagem de regras, do que podia e não podia fazer por ali, nos encaminhamos para os dormitórios. O nosso era realmente grande, espaçoso, talvez até um exagero para a quantidade de pessoas que estariam ali. Com certeza acomodaria mais de seis garotas, e o número de camas podia ser facilmente multiplicado.

As meninas com quem dividimos o quarto eram tímidas, talvez se sentissem acanhadas por só conhecerem uma à outra, conversavam entre si e o mínimo conosco, isso nos deu liberdade para escolher as camas primeiro. Eu, como tinha horror à camas de beliche, usei aquilo a meu favor e fiquei com uma das camas de solteiro, Wednesday acabou ficando com a outra, não que fizesse algum tipo de questão, mas as meninas assim preferiram. Yoko e Divina então, dividiriam uma beliche, e as outras duas garotas também.

A cama em que eu ficaria estava apenas há alguns centímetros da de Wednesday, esta que teria a cama ao lado da enorme janela de vitral colorido. Cortinas de ceda na cor creme, enfeitavam não somente aquela janela, mas também as outras duas que compunham o cômodo.

As duas beliches ficavam no lado oposto do quarto, a distância era confortável, nada perto demais, o suficiente para que conseguíssemos nos comunicar quase berrando, ótimo.

Depois de explorarmos o local, e ficarmos boquiabertas com a enorme estante de livros que tinha ali, resolvemos nos preparar para dormir, o dia seguinte seria cheio. Logo foram decidindo quem tomaria banho primeiro, quem pediria algo para comer, e o que precisasse fazer antes de apagarem as luzes, porque sim, depois de um determinado tempo, a luz central da casa seria apagada, uma das malditas regras.

Wednesday foi a última a tomar banho, cedeu sua vez para mim, e acabou por quase ficar no escuro, pois assim que pôs os pés para fora do banheiro, tudo se apagou de uma vez só. Eu e as meninas acabamos por levar um susto, e rimos, mas logo me calei quando senti o cheiro familiar da loção hidratante da garota. Percbei que parou próximo à minha cama quando a fragrância ficou mais intensa, engoli em seco no mesmo momento que ouvi sua risada baixa e contida em meu ouvido.

A amante do meu pai | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora