Maldito churrasco.

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Sunday, May - 2012 | 10:34 am
First Baptist Church

— Mamãe, eu posso brincar com eles? —
Charlotte me olhou com um olhar de desaprovação tremendo, que me fez arrepender na hora de ter interrompido a sua atenção na conversa com Sr. Olsson e sua esposa, juntamente com meu pai.

— Não vê que eu estou conversando, Enid? O que nós já falamos sobre tomar suas próprias decisões? — meu Deus, odiava quando ela fazia isso, me sentia constrangida na frente das pessoas. Desviei o olhar de seu rosto para o chão.

— Do que você precisa, querida? — a Sra. Olsson se dirigiu a mim com um sorriso reconfortante, eu a olhei, mas não pronunciei nenhuma palavra, estava envergonhada. — Quer saber de Yoko e Ajax, estou certa? — eu afirmei com a cabeça e dei um leve sorriso, sentindo minhas bochechas formigarem. — Bem, pelo o que me lembro, estão na casinha da árvore junto com as outras crianças. Aproveitando que vai pra lá, poderia avisá-los que já estamos saindo para o churrasco? — soltei um sorriso confiante e afirmei, pedindo licença ao me retirar.

Yoko e Ajax eram filhos do Sr. e Sra. Olsson, ambos adotados, pois nossos pastores na época não poderiam ter filhos, uma pena mesmo, pois aquela mulher era a mais doce que eu conhecia. Sorte dos gêmeos terem sidos escolhidos a dedo para ganharem uma família, ao contrário de mim...

— Hey, Yoko, Ajax! Venham aq-
minha fala foi interrompida ao ver Ajax cair de um pneu, que era um balanço improvisado, no jardim da igreja.

— Ajax, qual que é o seu problema?! — Yoko exclamou irritada, se sentia na obrigação de proteger o irmão quatro minutos mais novo que ela. — Se machucou muito? — perguntou se aproximando do menino e o ajudando a levantar.

— Só um arranhão no joelho, não se preocupe, Koko. — falou tentando acalmar a irmã, preciso nem dizer que Yoko era a superprotetora.

— Vem, mamãe vai saber o que fazer. — puxou-o pelo braço, vindo em minha direção. — O que houve, Nid?

— Sua mãe acabou de pedir pra eu avisar que logo vamos sair pro churrasco.

— Ooh! Não deu nem tempo de brincar direito. Faz o quê? Uns cinco minutos que o culto acabou?! — Yoko me olhava indignada.

— Fazem exatos... — olhei meu relógio de pulso — Dezenove minutos, não exagere, mocinha. — dei um peteleco em seu nariz, ela revirou os olhos.

— Faça isso de novo e cometerei um crime de ódio. — Ajax soltou uma risada com o comentário da irmã, que até me fez esquecer do ocorrido por um breve momento.

— Uh, Ajax, tá doendo muito?

— Não, foi só um arranhão, vamos lá na mamãe, certeza que tem Merthiolate na bolsa. Nunca vi pessoa pra se preocupar tanto.

— Talvez você esteja dando motivos para a preocupação dela, não é mesmo? — Yoko debochou, amava tirar sarro do irmão.

— Olha, garota, só não te xingo porque a gente tá na casa de Cristo, e porque essa porra tá doendo pra um caralho.

— Que isso garoto?! — exclamei em meio a risada, a boca mais suja quem tinha era ele. Estávamos entrando na adolescência, qualquer oportunidade para falar palavrão era bem vinda.

— Certo, certo, vamos lá. Vem Ninid. — Yoko usou sua mão livre para segurar a minha, caminhamos até onde nossos pais estavam.

— Mas o que foi que aconteceu, meu Deus? — Sr. Olsson tinha os olhos arregalados, tadinho, não era para tanto, mas era nítida a preocupação e o cuidado com seus bebês.

A amante do meu pai | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora