IV || 𝐚𝐪𝐮𝐞𝐥𝐚 𝐧𝐨𝐢𝐭𝐞

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LUANNA
BARRA DA TIJUCA - RJ
21:30

Por onde a senhorita andou? - Ele perguntou. Seu tom de voz era pesado, e eu gelei. Não adiantava mais esconder, ele sabia que eu tinha ido ao CT. Ele sabia a minha localização, ele sempre sabia. De repente, o tempo parou, tudo começou a andar mais devagar e minha visão ficou borrada e turva. Eu já sabia o que estava acontecendo. Mas dessa vez foi diferente. Foi na cara. Apalpei minha bochecha, agora inchada, e cambaleei até o sofá. Droga, minha cabeça estava latejando.

Mais uma noite, mais um roxo. Eu já tinha uma coleção deles, porém nunca chegou a um ponto tão drástico como na face. Tudo ardia. Eu não conseguia acreditar. Passei a mão em meu pescoço, e vi que nada estava lá. Olhei para a mão de Gabriel e vi ele segurando a minha medalhinha. -Gabriel me devolve minha corrente agora- Eu gritei. -Quem que te deu isso? Foi algum colombiano? Espero que não esteja me traindo, senão o que aconteceu hoje pode ficar pior. - Ele esbravejou.

Como eu contaria que o presente fora de Dona Lurdes, mãe de Veiga? Seu rival? Eu morreria. Contei que a medalha fora de minha bisavó, e que minha vó me entregou quando fui vê-la novamente, depois de tantos anos. Ele apontou o celular na minha cara. Aquele brilho ardeu meu olho. -E quando você foi na casa da sua avó? O endereço não está contando nos registros. Mas sabe o que está? O endereço do CT do Palmeiras, e mais dois endereços, que seria bom se não fossem casas de jogador. - Ele estava repleto de fúria.

Quando me dei conta, ele já tinha lavado as mãos e estava saindo pela porta da frente como se nada tivesse acontecido. Como se ele não acabara de socar meu rosto. De imediato já me toquei do que estava acontecendo. Era mais uma noitada. Se já estava bravo, voltaria pior. Mas eu me pergunto como ele teria a coragem, já que iria viajar logo cedo, 5 dias antes de uma importantíssima final. Enfim, vai saber né?

Subi ao quarto para poder tomar banho. Ao tempo que ia me despindo, percebo que precisava por um fim nessa história. Eu já não aguentava olhar para mim mesma. Meu corpo já não era mais o mesmo. Eu entrei no chuveiro, mas nem regulei a água. Então logo senti um jato de água gelada derramando sobre o meu corpo. Aquilo foi preciso para que eu acordasse de vez e tomasse uma atitude plausível. Percebi que meu rosto agora desfigurado por causa da pancada, percebi como estava feia. Eu estava ficando feia.

Desci as escadas, agora de pijama, e preparei meu jantar. Tinha que comer antes que ele voltasse, não que ele iria regular um ovo e um pão, mas eu ficaria em claro mais uma vez. Um problema que nem era meu cada vez se tornava mais meu. Cada vez mais ele saia irresponsavelmente e quem ficava com os cuidados? Eu. Fritei um ovo e coloquei um pouco de queijo ralado e tomate por cima. Passei uma espátula de cream cheese no pão, e apenas juntei tudo e comi. Comi depressa, já que tinha que arrumar as malas e tomar uns comprimidos para dor.

Vasculho em minha necessaire por um Dorflex ou um Avril. Tomo os comprimidos e logo subo novamente para arrumar as malas. Entrei no roupeiro e peguei as malas. Achei uma velha caixa empoeirada e vasculhei seu conteúdo. Fotos antigas de quando eu me apaixonei por Gabriel, tanto como nosso primeiro encontro, ou em nossa primeira viagem juntos. Eu via o meu sorriso inocente nas fotos. Não conseguia acreditar que aquele era o mesmo Gabriel. Peguei mais algumas roupas de gala, um vestido verde escuro, caso o Palmeiras ganhasse, e um preto, caso o Flamengo ganhasse.

Escutei gritos na porta de frente, e logo passos. Minha única reação foi apenas observar ele chegando com um péssimo cheiro de álcool, e quase trombando nas decorações. Como sempre fiz, o levei até o banheiro, por que ele sempre vomitava quando voltava, e já agarrei os remédios. Já diluí um Engov e peguei um copo d'água e lhe entreguei um Novalgina. Enchi a banheira e lhe dei banho, coloquei seus pijamas e deitei-me na cama. Ele logo olhou para mim e disse que eu estava horrível. Disse como eu era feia e deveria seriamente pensar em fazer uns procedimentos. Fui até o banheiro e chorei. Como de dor como de tristeza por ter sido esculachada.

-Tô com fome porra- Apenas ouço do quarto. Desci e preparei uma omelete com presunto e queijo, além de um copo de Sprite, já que auxiliava na ressaca. Quando estava subindo de volta, a bandeja chacoalhou e um pouco de Sprite derramou no chão. -Nossa, não serve nem pra carregar uma bandeja. - Eu escuto calada e logo me dirijo ao armário novamente para arrumar a bagagem. Viajem amanhã às 8:30 da manhã e o 10 do Flamengo de ressaca. Que exemplo Gabriel Barbosa.

Me deitei na cama e pluguei meu carregador na tomada. De repente recebo uma chamada de FaceTime do meu irmão. Recuso imediatamente e mando uma mensagem ao invés. Ele me ligou para perguntar como eu estava, e que não precisava levar muitos agasalhos, porque no Uruguai estava fresco. Ele se preocupava comigo. Mas acho que Gabriel acabou acordando e veio com o mesmo discurso de sempre.

-Nossa, sou muito sortudo, te amo meu amor- Ele dizia logo após me bater. Sempre foi assim. Ele me machucava e nas duas semanas seguintes me tratava como princesa, me levando para fazer compras e jantar. Mas eu meio que estava farta de apanhar para passar tardes na Zara.

Logo de manhã quando acordamos, eu fiz minha maquiagem para esconder os hematomas, e partimos para o aeroporto. Pelo visto não foi só ele que se embebedou. Sampaoli, Vidal, Everton, todos mal com dor de cabeça. Eu odeio quando aquele velho do Vidal me olha. Ele encara meu corpo e seus olhos correm pelas minhas curvas. Definitivamente odeio isso. Quando chegamos, a primeira coisa que reparei foi isso, ele investigando meu decote. Lembrei-me de quando fui olhada assim pelo Rios. Mas com ele foi diferente, foi... mágico? eu só lembro de me sentir arrepiada. Embarcamos e seguimos até Montevidéu, para o grande dia.

Gente do céu, vocês estão gostando????perdoem meu sumiço 🙏🏻

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Encontro marcado (Richard Ríos)Onde histórias criam vida. Descubra agora