XI || 𝐐𝐮𝐞 𝐚 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐣𝐚 𝐝𝐢𝐭𝐚

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LUANNA SCARPA
SÃO PAULO - SP
12:45

Estava na hora do almoço quando eu e o Zé chegamos. Fomos logo até o CT, já que à tarde teria um treinamento. Estava muito animada. Ficaria no apartamento do meu irmão até comprar um lugar para mim, ou quem sabe, morar com o Rios.

Quando chegamos, o pessoal não estava com a melhor cara. Estava ameaçando garoar. Todos me encaravam com ar de reprovação. Fiquei sem entender nada. Até tentei perguntar para alguns funcionários, mas ou não queriam falar comigo, ou não sabia. Vi meu irmão e o Piquerez descendo. De início, até meu próprio irmão estava me evitando. Quando explodiu e gritou comigo. -Se queria largar o Rios, era só conversar com ele com ele, não precisava mandar uma foto do Gabriel com uma calcinha sua na mão né? . Fiquei sem entender nada. Fiquei pasma na hora. Meu estômago se embrulhou, eu queria vomitar. Terminar com o Rios? Foto do Gab segurando uma.. Meu Deus, é isso. Por isso as roupas no quarto do hotel. Foi uma armação para acabar com a minha vida e a do Rich.

Sabia que não iam me escutar, então liguei para o Pedro, falando que amanhã cedo precisaria dele aqui. Nós iríamos na polícia por falsificação de identidade, e por roubar meu celular. Tudo isso por causa de um término. Achei um canto isolado do CT e fiquei lá. Não conseguia ficar ali. Aproveitei que estavam na hora do treino, e fui até a casa de Dona Lurdes para conversar. Cheguei lá em prantos, e ela logo me acolheu. Perguntou o que houve comigo, se alguém tinha me feito algo, e contei tudo. -Sabe o Gabriel? Ele está acabando comigo. Larguei ele faz um tempo, mas agora ele quer acabar com a vida do Rios. Ele não merece nada disso. Mas ninguém vai me ouvir a esta altura do campeonato. E também contei que iria registrar um boletim de ocorrência, e que tinha provas. Ela me convidou para dormir em sua casa, mas tinha uma última pessoa que precisava conversar.

À noite, encostei do lado de fora da porta do quarto do Rios. Sentei no chão frio, e apenas tentei arrumar minha mente, para que eu tentasse descobrir alguma coisa. Eu estava chorando, senti as quentes lágrimas escorrendo pelo meu rosto gelado. Chorei baixo para que não incomodasse ninguém, mais do que já estava. Não estava acreditando no que estava acontecendo. Um moleque idiota acabando com a minha vida, e com a do homem que eu amo e tanto confio. No instante que adormeço, escuto passos. Finjo mal-estar. Escuto aquela melodia que o Rios chama de voz, e me assusto. Seu tom estava triste, com uma coisa que nem fiz. Acho que a última coisa que ele queria era me ver. Levantei em silêncio, e quando estava saindo, ele diz. -Fica, temos que conversar.

À medida que eu me levantava, pude perceber sua expressão triste. Era nítido que estava incomodado. Entrei sem dizer uma palavra. Logo me sentei na cadeira próxima a um mural de fotos, onde vi duas fotos que eu estava, penduradas com adesivos de coração. Derramei algumas lágrimas ao ver isso, mas as enxuguei com a manga da blusa. Ele trancou a porta para ter certeza que não iam nos atrapalhar. Ele sentou na beirada da cama e ficou me encarando com seus olhos verdes e profundos. Mas eu não senti a mesma magia de sempre, o que antes me acalmavam, agora me davam um ar de tristeza e confusão. Como se não soubesse como reagir a tantas coisas ao mesmo tempo.

O silêncio ensurdecedor foi cortado com uma uma rápida pergunta. -Eu te fiz alguma coisa? Porque quis isso? Seus olhos estavam lacrimejando, como os meus. -Se eu te contasse que não fui eu, você acreditaria? -Mas você me mandou mensagens, e.. aquela foto.. - Olha Rich, me odeie se quiser, mas eu não tenho nada a ver com isso. E amanhã vou resolver tudo. Não te culpo por estar triste, ninguém merece. Eu falava a verdade, mas não o culpo por nada. Não poderia o culpar de se sentir inseguro, eu mesma também me sentiria.

Ficamos nos encarando por mais um tempo. Senti que os segundos estavam revoltados, e passavam lentamente. Eu estava fraca demais para dizer alguma coisa. Mas tentei achar forças para me desculpar. Não queria que ele estivesse triste por um problema que me envolvesse. -Rios, me desculpa, eu não quero que você fique sofrendo com isso, e viu? To usando? Aponto para a aliança de namoro que eu não tiro do dedo nem se cortarem ele fora. Acho que ficou mais tranquilo ao ouvir isso. Ele deu dois tapinhas na cama ao seu lado, indicando para que eu me sentasse ao seu lado.

Encontro marcado (Richard Ríos)Onde histórias criam vida. Descubra agora