IXX | 𝐒𝐚𝐥𝐯𝐚𝐭𝐨𝐫𝐞

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RICHARD RIOS
COLÔMBIA-PEREIRRA
9:00

Pois é, Abel me disse que ia precisar de mim pro jogo de hoje, e cá estou eu. Saímos bem cedo de São Paulo, então, quando chegamos, arrumamos nossas coisas no hotel e ganhamos a manhã livre.

Me julguem a vontade, mas passei na casa antiga de James, onde minha mãe mora. Obviamente não ia chamá-la para o jogo. Se ela era contra a Luanna, eu era contra ela. Ela nunca foi de me apoiar, só meu pai mesmo. Ela era contra minha carreira de futebol. Até que fui convocado para a seleção da Colômbia de futsal. Nesse dia, meus pais se separaram. Carrego a dor da culpa comigo, toda vez ao entrar em campo eu reflito se poderia ter sido diferente.

O Táxi estacionou em frente à casa dela. Está um pouco desgastada pelo tempo. Toquei a campainha, e imediatamente o cachorro da minha mãe já late.

-O que quer aqui? - minha mãe pergunta.

-Só vim pegar umas coisas, nada mais. - respondo seco, já adentrando o local.

Entro e me dirijo ao meu antigo quarto, e a porta estava trancada. Pego o molho de chaves em cima da escrivaninha e destranco o local, tudo enquanto minha mãe assiste ao noticiário na sala, sempre com um cigarro entre os dedos.

Entro no quarto, e uma onda de poeira sobe no meu rosto. Tudo estava igual, mas estava cheio de poeira. Rapidamente fui empacotando e empilhando na mesa de jantar.

-E agora, últimas notícias sobre a queda do avião Air France no Atlântico, veja imagens a seguir.- a tv informa.

Air France, esse nome me parece familiar.. a Luanna estava em um desses. Assim que o repórter citou o nome do avião, eu me dirigi até a poltrona, peguei o controle na mesinha de centro e aumentei o volume.

-Felizmente, os passageiros foram salvos, graças ao bote do avião, que resgatou a todos sem deixar feridos. -Ouço a notícia e então, a Televisão mostra uma gravação dos botes, e vejo a minha garota, a minha Luanna.

Fiquei de joelhos no chão, agradecendo por a Nuestra Señora del Rosário del Chiquinquirá, por zelar pela minha princesa, por um pedaço da minha vida. Minha mãe não entendeu nada. Estava chorando até soluçar. Meus olhos inchados se esforçavam para focar na imagem da garota que mudou minha vida.

-A Luanna tá viva, tá viva! - Explico.

Até ficaria para conversar, mas já batia meio-dia, e tinha que voltar ao hotel, para almoçar e fazer os dois ciclos de treino. Senti que um peso enorme tinha caído dos meus ombros, simplesmente sumiu, tornou pó.

Estava muito aliviado, e meu treino rendeu muito mais que o anterior. Já estava colocando a cabeça no lugar novamente. Só de saber que ela estava viva, me tranquilizava muito. Fui até meu quarto, coloquei meu uniforme de treino, abracei o ursinho da Luanna, que eu tinha aplicado um pouco de seu perfume, fiz minhas orações e fui treinar.

Nós tínhamos uma reserva na academia após o lanche. Cheguei no restaurante, e estavam todos reunidos em volta de um único celular.

-Meu Deus Luanna, que susto você deu na gente, fiquei com medo de perder minha maninha.

Santa Rosa, ouvi el nombre de mi diosa.

-LUNNAAA - saí correndo em direção ao celular. Nunca pensei que uma pequena imagem me faria chorar tanto.

-Seu namorado quer falar com você, beijos Lua.- Scarpa se despede e me passa o telefone.

-Minha Rosa del Cielo, fiquei com mucho medo de te perder, passei mal la semana inteira, você está bien? - Era uma mistura de animação com precupação, estava misturando os idiomas.

Encontro marcado (Richard Ríos)Onde histórias criam vida. Descubra agora