XIV || 𝐄𝐥 𝐣𝐮𝐞𝐠𝐨 𝐝𝐞 𝐥𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚

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RICHARD RIOS
SÃO PAULO - SP
18:30

Se passou uma semana desde o incidente, e como fariam 2 meses que eu estava namorando a Luanna, resolvi levá-la para jantar com minha família. Ela estava animada e me prometeu que me levaria para conhecer seus pais também. Conhecer os pais da namorada sempre foi a parte difícil, os pais do namorado elogiam, e os pais da namorada te enchem de perguntas, como "o que faz da vida? " ou a clássica " quais são as suas intenções com a minha filha?". Minha mãe mora na Colômbia ainda, mas a convidei para passar um tempo aqui em São Paulo e conhecer a Lu. Porque mais tarde eu tinha uma bela surpresa para apresentar a todos.

Eu fui ensinando algumas expressões básicas em espanhol para ela, que aprendeu rapidamente. -Acho que o brilho está em seus olhos agora amorzito. -Gracias Rich. Estás muy bielo también. - É belo, não bielo, mas muchas gracias señorita. Seguimos no mesmo ritmo o caminho todo. Ela conseguia tirar boas risadas de mim. Ela me fez usar roupas que combinam, mas mesmo assim ela estava mais bonita que eu . Usava a corrente com a medalhinha, cujo não tirava do pescoço. Colocamos algumas músicas no carro e fomos cantarolando até o apartamento do meu primo, onde estariam hospedados. Ele recentemente conseguiu uma vaga no São Paulo, então se mudaria para o Brasil. Minha mãe estava na casa dele, já que estava morando no CT por causa de entrosamento com o time. -Olha, estou muito feliz que tenha topado ir comigo em um jantar de família. -Ah, que isso, se você é um fofo, sua mãe deve ser super gentil também.

-Chegamos mi vida, fique me esperando aqui na frente, está bem? Vou estacionar. Dei meu braço para ela e entramos. Estava com bastante saudade da minha mãe, então fui logo cumprimentá-la. -Luanna, esta é minha mãe, mãe, está é a Luanna. -Hola señora, soy Luanna. Minha mãe olhou-a com um olhar de desprezo, esquisito.. Pensei que ia amar conhecê-la. -Bom, vamos para a sala? Vou buscar um vinho, que tal? Dito e feito, minha mãe vai até a sala, mas Luanna me acompanha até a cozinha. -Rich, sua mãe não gostou de mim? Ela parecia brava quando me viu.. Será que foi alguma coisa que estou usando? -Calma Lu, ela vai amar você, fica tranquila tá? Gosta de tinto ou malbec? -Pode ser um malbec mesmo. -Luigi Bosco? -É meu favorito, como sabe? -Eu te conheço meu amor, mais do que imagina.

Me sentei no sofá e ela se sentou ao meu lado. O clima na sala era frio então comecei a puxar assunto. -Mas e aí mãe, me conta, como estão as coisas na Colômbia? -Fiquei morando sozinha por um tempo, mas seu primo me convidou para morar com ele aqui, isso que é homem de verdade. -Bom, mas e a abuela? Ela está bem? -Está sim, mas teria vergonha de ver você descumprindo as tradições da família.
Fiquei sem entender, então fiquei calado. A Luanna me olhava com uma carinha de choro, e eu senti que estava morrendo de vergonha, mas meu primo logo chega na sala e quebra o climão. - E aí primão, como 'cê tá? Quanto tempo cara. -E aí James, tudo bom?
Ele se sentou na poltrona ao lado da minha mãe, encheu sua taça com vinho e deu uns goles.

-Bom, acho que perdi a aposta né? -Que aposta? Eu pergunto. -De você namorar alguém antes de eu voltar, não se lembra? Eu gelei, minha mente ficou em silêncio. -Não me lembro de nada, pare de inventar. -Calma esquentadinho, pelo menos ela te tirou das drogas né?. Eu queria socar a cara dele. Mas não conseguia achar forças para isso. Olhei pra a Luanna, chorando do meu lado, fiquei muito mal.
-Bom- minha mãe diz- Se está sem drogas, ligue para sua prima Isabel, vocês irão casar amanhã mesmo. -Eu não vou casar com ninguém além da Luanna, estão loucos?! -Eu grito. -Richard Rios, está quebrando as tradições da família. -Eu não ligo, que se dane as tradições, se eu amo ela, vou ficar com ela. -Você é o elo fraco da família, sempre soube, é uma decepção, assim como seu pai, e você garota, pare de chorar, está me incomodando.

-Como ousa falar do meu pai? Se ele decidiu separar de você, agora eu sei o motivo. E que se dane a Isabel também, ela tem o dobro da minha idade. Tudo para quando ouvimos a campainha tocar. -Que bom, alguém que preste nesta família, está ouvindo? Richard Montoya? Ela insistia em me deixar mal, mas eu apenas lutei contra. -Isabel, minha doce Isabel, seu noivo chegou, vamos, entre! -Rich, onde é o banheiro? Preciso lavar o rosto. -Vamos, eu vou com você. Seguimos juntos até o corredor estreito. Eu tentava reconciliar minha mente. Não sabia como reagir. Aposta? Casamento forçado? Elo fraco da corrente? Não. Aquilo era demais. Peguei o demaquilante da minha mãe escondido e entreguei para a Lu para que lavasse seu rosto. Todo o rímel e maquiagem sumiram, junto da sua felicidade e alegria de conhecer minha família. -Vem cá minha princesa. Ela se aconchegou em um abraço, e ficamos nisso por um tempo, até que ouço minha mãe gritar.

-Cadê aquele Montoya?! Ache ele logo James, a Isabel não tem a noite inteira. -Calma Dona Rita, ele se encostou em algum canto, mas eu vou achar ele. Eram 3 x 2. -Lulu, sabe o filme dos espiões? Vamos ter que agir igual eles. Acha que consegue? - Eu não consigo, eu sou inútil, até sua mãe me disse isso. -Não, você não é nada disso que minha mãe disse, você é minha estrelinha favorita, mas preciso da sua ajuda. Ela rapidamente tirou os saltos e fomos devagar até a cozinha, e os gritos não paravam. Saímos pela porta dos fundos. Saímos correndo em direção ao estacionamento, e saímos daquele lugar.
Aquele lugar horroroso que me desprezava pelas minhas escolhas.

-Luanna, me perdoa tá? Eu não queria que fosse assim, eu achei que seria legal, mas não esperava isso, me desculpa tá? -Tá tudo bem, não é sua culpa, eu estou bem. Não, ela não estava bem. Quando ela não está bem, fica mexendo no cabelo, então a abracei com um braço, e manti o outro no volante.
-Ei, acho que está na rua errada, tinha que virar aqui. Eu errei a rua do CT de propósito. Fui dirigindo até chegar em um belo condomínio de apartamentos e entrei na garagem. -Onde estamos? Na casa de quem? Seu pai? Prima? Me responde Rich! -Bom, que tal subir para descobrir?. No elevador ela me encheu de perguntas, que menina curiosa. -Ah, está trancado, aperta a campainha aqui. Apertamos e é meu pai quem atende. -Pai?! O que faz aqui?! Que saudade! Eu amo meu pai, ele sempre me defendeu e me ajudou.

-Trouxe suas coisas da Colômbia, achei que iria ser uma boa surpresa, e quem é essa moça bonita? -Olá, eu me chamo Luanna Scarpa, prazer em conhecer senhor! -Que menina educada, bem diferente da sua mãe né? -Ah, nem me conta, se eu te contar que eu fui ver ela hoje. -Mas que bom que está bem filho, time novo, uma menina educada e de bem, e casa nova, o que podia ser melhor? -Casa nova? Como assim Rich?! Você nem me falou nada!! -Bom, surpresa meu amor! Agora a gente mora aqui, gostou ou não? -É perfeito, eu amei, amei tudo. Muito obrigada, você é incrível! -Bom, eu já vou indo, vou deixá-los a sós - meu pai diz dando o último gole em sua cerveja. -Boa noite pombinhos! -Boa noite, venha sempre Senhor Juan!.

-Bom, acho que está na hora de estreiar esse sofá e essa Tv, escolhe um filme, vou fazer pipoca pra gente. Fui até a cozinha, e peguei o saco de pipoca que estava na geladeira. Já tinha vindo algumas vezes aqui e mobiliei tudo. Peguei um pouco de achocolatado e fiz um milkshake. Chegando na sala, eu vi que ela montou uma cama bem confortável no sofá, e encheu de cobertores e travesseiros, mesmo sabendo que ela vai apoiar-se sobre meu peito e dormir, como sempre faz. E eu vou mexer em seus cabelos, dar um beijo de boa noite e vou dormir, como sempre faço. Nós assistimos uns dois filmes, mas ela dormiu na metade do segundo. Tudo estava perfeito. Eu e ela. Ela e eu. Apenas.

Se eu sou o elo fraco, prefiro quebrá-lo do que me manter enferrujado.

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Encontro marcado (Richard Ríos)Onde histórias criam vida. Descubra agora