𝕥𝕨𝕖𝕟𝕥𝕪-𝕟𝕚𝕟𝕖

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Sua mão vagou pelo lençol da cama à procura de Chuuya, mas não sentiu nada além do tecido gelado, seus olhos abriram completamente, mas estava sonolenta, chutaria que eram três horas da manhã.

Observou o quarto, mas a única presença ali era a sua, sem pressa saiu da cama e do quarto, desceu as escadas e de longe viu Nakahara sentado na sacada virado para a rua, no escuro, sendo banhado pela luz do luar.

Passos silenciosos e leves foram chegando perto dele sem que ele percebesse, passou a mão pelas costas nua do ruivo e o mesmo se virou na hora e te encarou.

– Tudo bem? - perguntou passando a mão no cabelo dele.

— Sim, só perdi o sono, e você? - te encarou.

— Você não estava lá, então vim ver se estava por aqui. - disse devagar. — Posso ficar com você?

— Claro.

Caminhou até o ruivo e sentou no colo do mesmo ficando de frente pare ele, os olhos azuis brilhavam, pareciam marejados, podia-se ver a angústia em seus olhos, os olhos nunca mentem.

— O que tirou o seu sono? - afastou uma mecha do rosto dele.

— Tem alguma coisa me deixando angustiado. - suspirou. — Não quero mais sentir isso.

— Tipo o que?

— Meu irmão. - os olhos encaram o chão. — Eu queria que tivéssemos nos dado bem, queria não ter feito aquilo, mas sinto que teria perdido tudo se não tivesse feito.

— Mas ele te fez mal, não?

— Mas eu estou fadado a sentir pelo menos alguma coisa, temos um laço que jamais poderá ser cortado, mesmo que ele esteja em outro plano. - contava sem jeito.

— Uma vez me disseram que lembranças ruins sempre serão ruins, por mais que a gente tente mudar, um trauma sempre sera um trauma. - contou. — Por que você não sente o que precisa sentir? Fugir só vai piorar.

— Mas o que eu faço se doer?

— Você chora.

— Se me incomodar?

— Você chora. - abraçou ele. — Chorar é importante, se permita sentir, eu vou estar aqui.

— Eu não queria chorar. - ele encaixou o rosto na curvatura do seu pescoço. — Não queria viver.

— Nakahara, você não quer morrer só não queria sentir o que está sentindo agora, você quer aliviar isso. - afagou os fios ruivos. — Não quero perder você.

— Me sinto idiota, vulnerável. - encarou o céu. — Eu sou cheio de problemas, cheio de bagagens.

— Chuuya, eu também sou cheia de problemas e imaginei que fosse me rejeitar, mas você me aceitou do jeito que eu sou, e eu aceito você do jeito que você é, eu sou apaixonada pela pessoa que você é hoje. - segurou o rosto dele e mergulhou nos olhos azuis. — Somos humanos, todos nós somos complexos e possuímos problemas, não se sinta mal por isso.

— O meu irmão é a minha memória inconsolável, eu deveria ter ajudado-o, eu queria que tivéssemos uma infância normal, um pai que brincasse comigo e não me usasse como a porra de um experimento, não queria saber matar com treze anos. - ele riu com desgosto.

— Eu sinto muito mesmo. - abraçou o ruivo novamente.

Nakahara te apertou nos braços dele como se você fosse embora igual todos a sua volta, mas você ficaria.

— Hoje de tarde você saiu, né? - apoiou o queixo no seu ombro. — Eu ia te chamar para tomarmos um café.

— Sai sim, desculpa não ter atendido.

— Hoje era aniversário dela, né? - suavizou a voz.

— Era sim. - respirou fundo.

— Eu teria ido com você, mesmo que você goste de ficar sozinha eu esperaria no carro. - contou. — Sozinha deve doer.

— Obrigada. - sorriu sem ânimo.

Sempre ficava sozinha no túmulo da sua mãe no aniversário dela, sentia a falta dela sempre, sempre preservou os bons momentos, e todos os momentos ao lado dela foram os melhores.

— Espero que tenhamos paz na nossa mente e no nosso coração. - acariciou a sua nuca. — Gosto de você [Nome], confio em você e quero que você me conheça por inteiro mesmo que haja uma chance de você ir embora.

— Eu quero conhecer tudo em você, até os defeitos que te sustentam, pois eu também gosto de você Nakahara e fico muito feliz em saber que confia em mim.

Chuuya passava os dedos pelos fios do seu cabelo sem dizer nada deixando um silêncio entre vocês, um silêncio em que deixava cada um em seu próprio mundo, pensando em seus próprios problemas, medos e vontades.

— Quer chorar? - ele retomou o assunto.

— Não, já chorei hoje e eu também quero fingir que não significa nada e talvez só lembrar das memórias boas. - piscou algumas vezes. — Quero que passe.

— Vai no seu tempo, o luto tem recaídas e não importa quanto tempo isso tenha acontecido não há prazo para que você se cure, afinal ela não voltar mais.

Ele tem razão, ela não vai voltar mais nem o irmão dele, nós simplesmente aparecemos e desaparecemos no universo, em anos seremos esquecidos como se nunca tivéssemos nascidos, as vezes temos a sorte de sobreviver na memória de alguém.

A saudade da partida de uma pessoa amada nunca passa, talvez só alivie um pouco, mas ela sempre estará ali, você e o Chuuya entendiam os sentimentos um do outro mesmo que fossem situações distintas.

— Vou fazer um chá pra gente. - se levantou.

O ruivo não disse nada apenas te acompanhou pelo olhar, andou para a cozinha e pegou o chá matte colocando um sachê em cada xícara, colocou a água na chaleira elétrica e ficou parada encostada no balcão encarando o eletrodoméstico.

Segurava o choro a qualquer custo mesmo que não fosse bom, não queria falar sobre o que sentia, não queria sentir o que sentia, tentava evitar o pensamento ruim a qualquer custo.

Ao notar que que a água estava quente o suficiente a colocou nas xícaras e voltou para a varanda ficando ao lado de Chuuya e o entregou uma xícara.

— Obrigado. - assoprou a fumaça que subia. — Fui grosso com você?

— Grosso? Claro que não. - encarou ele. — Só estou pensativa, mas não foi grosseira da sua parte. - umedeceu os lábios. — Desculpa caso eu tenha falado algo ruim.

— Você não disse nada ruim. - beijou a sua bochecha.

A mão dele recorreu a sua e a pegou com cuidando levando-a para a boca dele o possibilitando de dar um selar na mesma, deixando o silêncio voltar.

— Vamos pra Paris? - ele te encarou.

— O que? - riu fraco com a ideia.

— Acho que vai ser bom pra gente, uma viagem sem o meu trabalho, ficamos uma semana lá. - passou o polegar no seu nariz.

— Essa sua ideia foi repentina. - enrolou uma mecha de cabelo no dedo.

— Então não quer? - semicerrou os olhos.

— Eu não disse isso, é que estávamos falando de que você não estava muito bem. - encarou pelo canto do olho. — Se for fazer se sentir melhor eu aceito.

— Mas eu não quero ficar nessa tristeza o tempo todo, quero aproveitar com você e eu conheço lindos lugares os quais eu adoraria te levar.

— Pois então eu quero que você me mostre tudo.

— Vou organizar pra gente, vou fazer ser inesquecível pra você. - ele sorriu.

— Com você tudo é inesquecível. - sorriu com as bochechas rosadas.

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Oi gatinhes, tudo bem?? Eu não morri não viu KKKKKKK me perdoem a demora estava completamente sem ideia e meio desmotivada, mas agora vou tentar escrever mais já que entrei de férias da faculdade!!
muito obrigada por esperarem e não desistirem de mim, obrigada por lerem!!
beijoss!

𝑳𝑶𝑺𝑻 𝑺𝑻𝑨𝑹𝑺, Nakahara ChuuyaOnde histórias criam vida. Descubra agora