Capítulo 22

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Lana se admirava como conseguia conciliar a vida na máfia com a de uma jovem que saia com amigas, principalmente com uma em questão que não deixava outra escolha a não ser aceitar o convite. Apesar de ser uma pessoa razoável, era bom não subestimar Minah.

Então ela estava esperando a loira no shopping, desde a última mensagem Minah avisara que já tinha saído de casa, o que deu tempo de Lana pensar em uma melhor forma de encobrir os segredos que o pai dela mantinha, aqui só seria apenas sua amiga, nada da máfia ia se intrometer na amizade delas.

Bebendo o suco, o frio percorreu refrescando seu corpo, tinha sido uma péssima ideia escolher uma calça jeans, ela tinha amarrado o cabelo a fim de amenizar o calor. A mudança de tempo lembrara ela que uma fase de sua vida chegava ao fim, tinha mantido tanto planos para depois da universidade, mas agora eles pareciam sonhos vagos o bastante para ela se sentir imersa.

— Lana! Oi, espero não termos feito você esperar — a voz de Minah atrás dela a fez virar.

A negação fugiu do seu rosto quando viu a figura atrás da amiga e ela paralisou. Nem a lente escura dos óculos impediu de reconhecer os olhos cor de mel, os lábios carnudos se esticaram em um sorriso astuto, causando frio no estômago dela, pressionou o braço da cadeira enquanto encarava Changho assombrada.

Aparentando nenhum pouco chocado, Changho a mirava como se ela fosse a presa a ser rondada, sem medo ou receio.

Lana se forçou a procurar calma no seu interior, se desesperar e falar besteira só aumentaria o desconforto entre eles. Independente das razões dele ali, o que Choi Mujin dissera martelava na sua cabeça, Changho ainda era uma ameaça e nesse caso o mínimo de medo ele ia acabar farejando.

Acompanhando o olhar de Lana, Minah fitou Changho sem perceber que ambos se conheciam.

— Me esqueci de avisar, eu o convidei espero não incomodar você. Aliás Lana esse é o Changho, meu primo — ela falou apresentando ele.

Primos? Eles não se pareciam em nada! Notou, Minah tinha lábios finos e bochechas cheias, ao contrário do rosto marcado de Chango e lábios cheios.

Primos, no que ela havia se metido.

— Ouvi muito sobre você — o duplo sentido não passou despercebido da voz dele.

— Espero que tenham sido coisas boas.

Seus lábios forçaram um sorriso mecânico, que nem chegou aos olhos, mas foi o bastante para Minah acreditar.

— É claro, você é a pessoa melhor que eu conheço, impossível alguém não gostar de você — Minah afirmou, passou o braço pelo ombro de Lana.

Era possível sim, tempos atrás ela tinha visto isso várias e várias vezes em um círculo vicioso, os olhares de repulsa e as agressões marcaram sua vida, o lado bom das pessoas já era uma coisa rara.

— O que estamos esperando, vamos logo — Minah puxou Lana pelo braço em direção a uma loja qualquer.

Se deixando levar, ela andou ao lado da jovem de passos rápidos, Minah tinha tanta disposição que Lana desconfiava que ela era quem estava sedentária. Esportes nunca chegara a ser uma qualidade dela, sempre atrás ou se não a última de qualquer atividade que necessitasse do corpo, não que ela se importasse.

Minah continuou a vasculhar lojas em que entravam, enquanto ficava a revirando um cabide atrás de qualquer casaco chamativo. Lana se contentou em segurar as sacolas ouvindo a loira tagarelava sobre a diferença do tecido, assentindo mesmo que não entendesse metade das coisas que ela dizia, era mais fácil ouvi-la assim evitava a presença de Changho do seu lado.

Entretanto, foi inevitável notar como ele conversava arrancando risadas de Minah, não havia medo ou intimidação nos olhos dela, uma amizade genuína, que na visão dela era tão estranha ao ponto de desconhecer Changho. Ele conseguia ser outro na frente da prima, cheio de sorrisos espontâneos que faria até Lana gostar dele, se não fosse seu lado sombrio exposto naquela noite.

Viu ele ser carinhoso ouvindo atentamente o que Minah falava, demonstrando real interesse com perguntas e brincando com as mechas loiras que caiam sobre o ombro dela. Parecia protetor, como uma família.

— Se continuar com essa cara de enterro, Minah vai achar não estamos nos dando bem — Changho sussurrou, observando a loira correr para um provador pela quinta vez.

Se recusando a fitá-lo, ela se empertigou séria focando nos moletons expostos na frente deles. Se olhasse os segredos silenciosos entre eles lembraria onde tinha se enfiado.

— Fui educada com você, é o bastante — Lana retrucou, se aproximando dos cabides com os moletons.

Ao que parecia estavam de lado diferentes nesse labirinto de relações arriscadas, consciente disso ela deveria saber manusear aquela conversa cuidadosamente. Choi Mujin não estava sendo meticuloso em vão, ele podia ser tão perigoso quanto o mafioso.

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