Capítulo 34

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Nenhum dos dois falou nada, o que era habitual, afinal não era como se Lana e Teaju tivessem muita coisa em comum, embora especificamente hoje fez o humor de Lana oscilar com essa conduta. Talvez fosse a horas de sono perdidas virando na cama em busca de uma posição confortável, o que ela não encontrou.

Colocando sua honestidade para fora, Lana não conseguiu dormir noite passada, tudo estava uma merda e ela mais ainda.

— Obrigada por ontem — ela agradeceu.

— Pelo que exatamente? — Taeju inquiriu. — Eu não fiz nada.

— Por ter me deixado ficar aqui e você sabe o resto — esclareceu.

Taeju enrugou o nariz desconfiado, mas não disse mais nada que desse chance para prolongar a conversa. Ele entrou na linha demarcada esperando que Lana o seguisse como fizera nos recentes dias.

As coisas aparentemente estavam evoluindo, ou Lana estava, a hesitação que fazia seus membros travarem agora respondiam com agilidade e força moderada, as quedas tinham sido reduzidas para uma pequena perda de equilíbrio que logo era reivindicada por golpes precisos.

Ainda estava bem longe de anos que asseguravam Teaju, mas estava bem melhor do que esperado.

As investidas de Taeju eram bloqueadas comparadas a semanas atrás onde ela teria se assustado com a força dele e baixado a guarda. Ela podia se orgulhar agora, no entanto, tinha uma coisinha que a incomodava.

— Não sabia que você é tão bom com crianças — ela comentou, após esticar o braço em um golpe que ele desviou.

— Eu não sou — retrucou simplesmente.

— Bom, não foi o que a Nari me contou — ela sorriu.

Os braços comprimidos caíram ao lado do corpo, Taeju encarou Lana como se certificasse que tivesse ouvido certo e bom... ele tinha. Depois que o breve susto passou, cerca de segundos, ele voltou a posição.

— Kang te contou então? — ele questionou, voltando para posição de ataque.

— Não foi como se ela estivesse planejando, foi por acaso.

Então aconteceu algo peculiar.

— Você não estava esperando isso — Taeju falou, permitindo que uma inesperada conversa se formasse.

— Como adivinhou? — Lana abraçou a oportunidade de perguntar.

— Porque nenhum de nós estava. Kang parece dura, mas deixava nítido que ela estava preocupada com alguma coisa.

— Aposto que você foi o primeiro a perceber.

— É claro que fui — disse orgulhoso. — Temos que saber com que estamos lidando.

— Por isso que você me olhava como se fosse me matar a qualquer momento? — ela brincou, desviando dele.

De tudo que passava na sua cabeça, aquilo com toda certeza era irreal e repentino, Taeju soltou uma risada, ainda que baixa e quase despercebida ainda era um som melodioso que saiu dos seus lábios.

— Eu não estava "tentando" matá-la, apenas me certificando que você não era um risco — Taeju esclareceu pensativo. — Na verdade você tem sorte, Hwang, pode escolher o que quiser.

O repentino humor se esvaziou, assim como a linguagem corporal relaxada de Taeju, a resposta que Lana recebera não parecia necessariamente para ela. O mais velho continuava distante, embora estivesse bem ali na frente dela.

Ela podia perguntar, mas não estava certa se ele responderia.

Ambos não se pronunciaram, com as mãos erguidas, fitando um ao outro. O barulho da porta foi o que despertaram os dois de seus próprios pensamentos.

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