Capítulo 30

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Enfim tinha se recuperado das dores em seus músculos, não estava cem por cento, mas pronta para uma próxima rodada. Naquela manhã, na sala que dividia com os professores, ela encarou a tela do computador enquanto bebia o café fumegante muito mais bem-humorada.

A conversa entre os professores do seu lado não incomodava, afinal ali era apenas Hwang Lana formada em pedagogia e recém contratada, sem uma história a mais para se preocupar, no fundo ela gostava desse paralelo. Na escola suas obrigações se limitavam a horas de trabalhos as vezes acompanhado da orientação de Seoyun, que estava sendo a pessoa mais incrível quando tinha tempo. No fim do dia, elas sempre acabavam em uma conversa sobre alunos e família, Seoyun conhecia muito bem quase todos os alunos para lidar com qualquer problema que surgia entre os corredores.

— O festival esse ano parece meio parado — alguém comentou da mesa em que alguns professores estavam reunidos.

— É o primeiro dia, você é muito apressada — uma das professoras retrucou, não lembrava o nome. —Lembra como fomos no último dia, eu mal conseguia andar de tanta gente.

— Lana — chamou Eun ji, uma das professoras. — Por que você ainda está trabalhando? Venha para cá.

— Eu estou quase terminando — falou ela, quase em choque por alguém ter notado ela ali.

— Você disse isso desde manhã, sente aqui e nos conte sobre seu plano sobre o festival.

O Festival da Lanterna em Seul era quase uma obrigação no calendário de Hayun, então por consequência Lana sempre acompanhava a mãe, para ver as luzes no córrego Cheonggyecheon, toda vez ficava admirada com tamanha beleza das lanternas que tomavam forma de representações da cultura coreana, era como um livro cheio de figuras para uma criança. No entanto, hoje ela pouco lembrava da data do festival sendo pega de surpresa, fazia bons anos que não tinha ideia de como estava aquela comemoração anual.

— Nenhuma, eu esqueci totalmente — respondeu ela, recebendo um olhar de espanto de Eun ji.

— Aigoo, Lana como você pode esquecer — Eun ji balançou a cabeça desacreditada.

— É de se esperar, Eun ji — Sunhi se manifestou do lado oposto da mesa. — Ela nem é coreana.

Todos ao redor da mesa olharam em sincronia para Sunhi, divididos entre espanto e confusão, Lana foi a única a encarar abertamente sua colega de trabalho.

A verdade é que Sunhi se incomodava com qualquer coisa relacionada com Lana, se ela por ventura se atrasava recebia um olhar reprovador, se não enviava um e-mail dentro do horário estipulado era criticada com pequenas indiretas que não precisava ser uma gênia para saber para quem era. Sunhi não gostava dela, era evidente, mas isso não dava o mínimo direito para falar aquela merda.

Por mais que não fosse a primeira vez que alguém questionava sua nacionalidade, seria sempre desgastante pessoas querendo impor quem era ela, Lana não precisava disso! Mais do que ninguém ela se conhecia e sabia que também é coreana, ter um pai estrangeiro não a fazia menos.

— Eu sou coreana — falou séria Lana, sem margem para Sunhi sequer cogitar aquele absurdo.

Sunhi esticou os lábios sem mostrar os dentes, em puro escárnio.

— Isso foi o que te disseram — falou.

— Sunhi você está sendo extremamente grossa com a Lana — Eun ji interveio severa.

— Não — se defendeu. — O que eu falei é que ela não precisava saber a data de festivais ou qualquer evento de Seul, não é sua obrigação.

Sunhi estava usando outras palavras agora, mas o sentido no fim era o mesmo e Lana sabia disso.

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