Capítulo 1

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"Nunca esqueça de quem você é e a força que carrega dentro de si."

Essa foi a primeira lição Lagertha me ensinou após eu brigar com alguns meninos. O motivo da briga me trás um gosto amargo na boca, hoje. Ivar.
Ambos devíamos ter dez, nove anos. Eles zombaram dele depois de terem o jogado pra fora do carrinho que ele ficava. Eu acabei dando tantos socos naqueles moleques que até hoje eles tinham as cicatrizes, mas acabei me distraindo e me acertaram com uma pedra.  Sentia ate hoje a cicatriz na cabeça.
Memórias de um Ivar totalmente diferente de quando a mãe dele morreu. Assim, como eu estava totalmente diferente quando Lagertha, minha mãe de coração, morreu.
Ser criada longe dos pais biológicos por causa de uma guerra interna, era difícil, ainda mais quando você é a pagão em uma terra cristã.
Isso devia ser um insulto vindo da minha árvore genealógica. Descender de Morgana de Avalon era um problema, ainda mais quando se parecia com ela. Por isso meu pai, que seguia a antiga religião, me mandou para Lagertha.
A neblina da Cornualha era densa pois vinha do mar. Dificultava a visibilidade de onde firmar os pés no chão.
Meus pés doíam, felizmente Bjorn conhecia um mercador que me levaria até o litoral da Cornualha, o que facitaria minha chegada por lá. Ubbe havia escrito uma carta para ele.
Não queria ir embora, mas Ubbe achou que seria melhor ele não sabia o que podia acontecer entre Ivar e Bjorn, nem s Ivar se voltaria contra mim, por ser sempre próxima de Bjorn.
Então eu parti para a terra dos cristãos.
Me aproximei do grande portão de madeira e ferro, os guardas de cima gritavam.
Xinguei em nórdico e olhei para cima.

— Se eu fosse vocês eu não gritaria com a filha do Lorde Cornelius! — Gritei para eles que levantaram as sombramcelhas e já pediram para levantar o portão.

Prestei atenção enquanto subia, ele parecia ser resistente. Quando conseguia passar por baixo comecei a adentrar a cidade fortificada.
As pessoas me olhavam um pouco assustadas, intimidadas ou admiradas. Uma mulher com os cabelos trançados, de calça e armadura de couro. Com um manto de lobo negro com um escudo de madeira incrustado de runas nas costas e espada na bainha do cinto. Não é algo que se muito por lá.
Passei por várias casas de madeira e pedra até chegar na praça central em frente ao castelo. Demorei acho que meia hora para chegar lá, as plantações ficavam fora das muralhas, os camponeses deviam ir de manhã e se recolher ao entardecer.
O velho lorde com cabelos grisalhos saiu do castelo com os braços abertos, podia notar que ele não se esforçava em esconder as tatuagens de serpentes dos pulsos.

— Minha filha! Minha doce, Asena! — Ele veio de braços abertos até mim.

— Nossa. — Disse quando Cornelius me abraçava, dei apenas dois tadinha nas costas dele que se separou logo.

— Fico tão feliz por você estar aqui. — Disse ele. — Soube deLaghrtaha, o filho de Ragnar me contou na carta. Que infortúnio.

Sorri de leve.

— É, minha mãe teve uma morte difícil. — Disse olhando para ele que pareceu não gostar de eu ter chamado Lagherta de mãe.

Fui mandada para Lagertha com 4 anos. As únicas lembranças que tenho são de meu pai e de minha mãe que sempre me deixava de lado ou diminuía por eu parecer com o povo antigo, o povo de Avalon. Ela para minha infelicidade era um católica fervorosa de Castela.

— Sabe que Ana é sua. — Cortei Cornelius.

— Mãe biológica, sei. Mas também sei quando ela falou que iria desgraça a sua linhagem e as inúmeras tentativas de fincar um novo herdeiro. — Sorri e olhei em volta. — Falando nela, onde está Anna?

— Ana foi para uma Abadia aqui perto, ela não estava em suas saúde mentais certas. Escolheu servir a Deus.

Pena dele.

— Como você não..

— Não me converti? — Sorriu. — Um filho da deusa, sempre um filho da deusa, mas a momentos que tenho que me dobrar para os costumes cristão. Agora vamos entre, quero saber das inúmeras batalhas que teve.

Ele passou o braço esquerdo por meus ombros e foi me guiando para dentro do palácio.
Ele foi me jogando perguntas por perguntas em cima de mim, enquanto os servos nos acompanhavam até o meu aposento. Eu contava para ele sobre minha infância e de como Lagertha foi boa para mim e me ensinou várias coisas aos longos dos anos. Meu convívio com os filhos de Ragnar e sobre minha primeira batalha.

— Nossa. Sabe um nome que você falou bastante foi Ivar. É o temível Ivar, o desossado? — Perguntou em frente da porta do quarto.

Sorri envergonhada.

— Sim. Mas nem sempre ele foi assim. — Disse para ele. — Só restou aquilo.

— Entendo. Entendo. — Disse ele. — Bem amanhã teremos uma festa, pedirei para mais tarde que uma serva te leve para conhecer a cidade. E depois para conhecer algumas lojas de tecidos para um vestido ou coisas do tipo. Sabe coisas de donzelas.

Eu era boa em ler as pessoas e sabia quando elas estavam mentindo.
Por Odin, como eu posso ter parentesco com isso?

— Claro. — Sorriu amarelo abrindo a porta com a mão esquerda. — Agora, meu lorde, eu preciso descansar.

— Claro, claro. Vá, descanse, agora você é uma nobre novamente. — Disse ele se retirando pelo corredor.

Como é que ele salvou a vida da minha mãe em batalha? Lagertha devia estar doente no dia que isso aconteceu.

Terminei de entrar no quarto. Ele era simples mas tinha alguns artefatos que eu não tinha como joias de ouro espalhadas pela penteadeira, um singelo espelho, e para ironia uma bíblia em latim.

— Pelos deuses. Loki deve estar adorando esse constrangimento.

Fui até a cama que estava fora da por um cobertos de lã vermelha e lençóis brancos de algodão. Para o inverno vou sentir falta das pele. Devia ter ouvido Ubbe e ter pego mais do que meu manto de pele de lobo.

— Ubbe, Ubbe se estivesse aqui teria rido comigo.

Retirei o meu escudo e o coloquei na penteadeira, onde estava a Bíblia. O escudo vermelho com um lobo. Me lembro até hoje quando fui visitar o Ivar, antes de Ragnar morrer. Ele era tão..doce.
Eu estava como sempre de calça e blusas largas com os cabelos em duas tranças, tranças que nunca solto. E Ivar ficava perguntando do por quê nunca soltar?
Até que eu me cansei e faleia a promessa que havia feito para Freya. Que eu nunca soltaria o cabelo até que eu conhecesse o homem com quem eu casaria. Ivar riu de mim e dei um soco ele. Mas o que me fez cair junto e em cima dele.
E do singelo beijo que ele me roubou antes de meu aniversário o qual me deu esse escudo. Mas tudo mudou principalmente quando ele conheceu aquela loira. E após Ragnar partir para se encontrar nos salões de Odin, era pior ainda.

— Ivar ragnarson. Não o desossado. — Disse triste.

Andei até a cama e me deitei nos lençóis e me cobri com meu manto.

Tears of Gold. - Ivar The BonelessOnde histórias criam vida. Descubra agora