Capítulo 16

1.2K 137 2
                                    

O almoço ficou pronto. Sentaram-se a mesa e Enid ficou do lado da mãe, olhava meio enfezada para Wednesday que lhe sorria de volta.
 
- Ela está com raiva.
 
- Que houve? - Esther perguntou.
 
- Disse que vou trocá-la quando enjoar. - Wednesday riu.
 
- Ah, isso vai demorar ainda. - Esther entrou na brincadeira.
 
- Mãe! Ainda dá razão?
 
- A gente quando enjoa de uma roupa não a descarta? É assim mesmo.
 
Enid ficou enfurecida.
 
- Só a roupa, você não. Tá meu amor?! - beijou o rosto dela que quis se esquivar. - Olha que carinha mais linda! Fica brava e fica mais bonita, como pode?
 
Enid fingia não ligar. Wednesday pegou o prato e sentou ao lado dela para lhe dar comida na boca.
 
- Vem. Eu falei que ia te paparicar e vou cumprir. Toma meu anjo, comida na boca.
 
Enid fez que não quisesse.
 
- Ah, eu não recusava o tratamento de uma morenaça dessas. - Ajax falou implicando.
 
- Ela aceita. Não é meu bem? E ela sabe que eu a amo. E que se continuar com esse bico, hoje à noite vamos dormir cedo. - Falou a última frase no ouvido de Enid.
 
Imediatamente a loira abriu um sorriso.
 
- Só vou aceitar porque sou uma excelente negociadora.
 
- Isso aí. - Wednesday piscou para ela.
 
Jackie olhava tudo e nada falava, estava acostumada ao comportamento de Enid e que Esther aceitasse. Sempre conversavam sobre o assunto, mas Esther nunca falava de Ajax. Esse assunto dizia respeito somente a ele e sua mãe.
 
Quando o almoço terminou Esther foi para a cozinha ajeitar a louça e Jackie a ajudou.
 
- Esther, que houve para Enid trazer uma namorada aqui?
 
- As coisas estão mudando minha irmã.
 
- Ela parece boa moça.
 
- É sim, por isso tudo está mudando. E eu rezando para que continuem assim.
 
Na sala o pessoal se reuniu para conversar, o tempo estava nublando e isso preocupou Enid para a saída a noite.
 
- Vai chover e estragar meus planos.
 
- Calma, às vezes para até lá. E outra, se não der pra sair eu não ligo.
 
- Ah já sei... o importante é você do meu lado. - Ajax falou com voz melosa imitando Wednesday.
 
- Besta! - Wednesday jogou uma almofada nele.
 
- Estou estupefato, perplexo, pasmo...
 
- Que isso? Abriu um dicionário?
 
- Não me interrompa... estou assustadoramente intrigado com o poder que essa baixinha tem. Wednesday, de onde você vem tem mais de você? Porque conheço muita gente que precisa de um sossega que nem você deu em Enid.
 
- Ajax, quer fazer o favor de me respeitar?
 
Todo mundo ria na sala.
 
- Eu não sosseguei ninguém, eu só dou a ela o que ela precisa.
 
- Não me diga, por favor, eu quero passar sem os detalhes! - ele disse revirando os olhos.
 
- O que você me deu que eu precisava?
 
- Atenção e carinho. - Wednesday a olhou com simpatia.
 
Enid pensou que sempre se surpreendia com Wednesday, com seus gestos e declarações.
 
- Como posso não amar uma pessoa assim? - Enid a abraçou.
 
- Tudo por causa do André. – Tyler falou. - Se ele não tivesse faltado àquele show, Wednesday não teria tocado com a gente, você não a teria visto tocando e uma hora dessas estaria só e abandonada. - riu da última frase.
 
- Eu estaria só e abandonada, porque Bianca me largou à deriva no Rio. Agora só tem olhos para Lucas.
 
- Gente impressionante também, Lucas só fala dela.
 
- São os encantos das paulistanas. - Enid beijou o topo da cabeça de Wednesday.
 
- Wednesday, seu pai é produtor de cana, sua mãe deve ter passado açúcar em você. - Ajax brincou fazendo a pianista gargalhar.
 
- Minha mãe passou foi mel mesmo.
 
- A minha passou pimenta. Tsss! - Enid fez um gesto como que encostando no braço e saindo fumaça.
 
- Por falar em mãe eu vou ligar pra minha. Senão ela fica preocupada. - Wednesday se levantou e foi pegar o celular no quarto, desceu as escadas já discando o número de casa. Falou com a mãe e disse que estava em Mauá passeando, falou da cachoeira e que estava tudo bem. - Prontinho!
 
- Já tranquilizou a mãe. Como ela se chama? - Tyler perguntou.
 
- Mortícia ou Ticy. - Wednesday sorriu.
 
- Eu não sabia o nome dela. - Enid falou.
 
- Nunca me perguntou também ué.
 
- Descuido isso.
 
- Tem que saber o nome da sogra Enid, que falta de educação. - Tyler a arreliou.
 
Ficaram de papo até o meio da tarde. Depois resolveram sair para dar uma volta e jantar. Enid e Wednesday subiram para o quarto, enquanto Ajax e Tyler foram para a casa de Jackie se arrumar.
 
- Acho que vai combinar. - Wednesday se olhava no espelho com um par de botas na mão.
 
- O que meu anjo?
 
- Essas botas com a calça. Só usei uma vez. Nem sei por que eu as trouxe para o Rio. Quando estava arrumando minhas malas, olhei para elas e decidi na última hora.
 
- Seu subconsciente que lhe disse: Leve-as, pois você vai dar um passeio com a loira mais linda do Rio de Janeiro. - Enid brincou.
 
- Só do Rio? Pra mim ela é a mais linda do mundo, sem exagero.
 
Enid sorriu para ela.
 
- Linda! Te amo.
 
- Também te amo, muito!
 
Beijaram-se apaixonadamente.
 
- Pena que já está vestida. - Enid falou com os lábios colados nos de Wednesday.
 
- Você disse que tínhamos que sair mais cedo. Assim voltamos mais cedo também e a noite serei toda sua. Eu prometi, não prometi?
 
- Ahan... - Beijava seu pescoço. - E eu estou morrendo de vontade de você.
 
- Mas ontem a gente fez amor até tarde. - Wednesday sentia os beijos em seu pescoço e falava com voz melosa.
 
- Ontem foi ontem, já passou. - Beijou seu colo e passou a mão num dos seios.
 
- Amor, se comporte. Mais tarde, certo?
 
- Ta bom, ta bom...
 
Wednesday terminou de se vestir, estava com uma calça jeans, a bota preta sem salto e uma blusa preta de lã, também que havia ganhado de Enid. Os cabelos estavam soltos. Passou um perfume e um hidratante no rosto por conta do frio.
 
- Que gatinha! Tem compromisso pra hoje à noite? - Enid a olhava.
 
- Tenho. Vou sair com minha namorada.
 
- Ah que pena, ia te chamar para sair. Não quer desmarcar com ela e sair comigo?
 
- Não. Eu prometi e tem mais... não tem convite nesse mundo que me faça desmarcar com ela.
 
- Sortuda essa sua namorada.
 
Wednesday olhou com cara de sapeca e falou.
 
- Depois que eu enjoar dela, podemos conversar... - seu sorriso era quase cômico.
 
Enid enfezou de novo e virou as costas.
 
- Não amor, estou brincando.
 
- Estou rindo por dentro. - permanecia séria.
 
- Ô amor! Não vou enjoar de você. Vem aqui, me da um beijo.
 
- Não!
 
- Ah, só um vai...
 
- Não.
 
Wednesday se aproximou enquanto ela se arrumava, abraçou sua cintura e mordeu seu queixo, o pescoço, alisou as costas de Enid.
 
- Sabia que eu adoro seu cheiro? Que essa semana que passou senti sua falta todos os dias, principalmente na hora de dormir? - Beijou o colo. - Só dormi direito novamente ontem, quando estava contigo. Incrível como em pouco tempo você me faz falta.
 
Wednesday encostou a cabeça no colo da loira, no começo falou para que ela soubesse o quanto amava, mas terminou a fala pensando realmente no quanto amava aquela pessoa.
 
- Te amo muito minha promotora enfezada.
 
Enid que fingia não escutar, acabou se emocionando com a declaração da mais nova.
 
- Também te amo! Achei que não conseguiria mais isso na minha vida. Mas você conseguiu isso de mim.
 
Beijaram-se novamente.
 
- E você ainda acha que vou enjoar? Se soubesse o que se passa no meu coração, não duvidaria disso nenhum segundo. - Abraçou forte a loira.
 
Quando Enid terminou de se arrumar que Wednesday pode ver o quanto estava bonita. Usava uma calça escura, bem justa e uma blusa cinza escuro com um sobretudo por cima negro como a calça e botas combinando.
 
- Que tal?
 
- Nossa que linda!
 
- Essa chuvinha que vai bagunçar meu cabelo. Ele fica arrepiado quando tem garoa assim.
 
- Hum, então espere.
 
Wednesday foi até sua bolsa e tirou um saquinho de presente.
 
- Eu comprei isso hoje de manhã naquela loja. Não sei nem se você gosta de usar, mas vai te ajudar com a chuva.
 
Enid abriu o saquinho e viu um gorro preto. Era discreto e simples, combinava com sua roupa.
 
- Perfeito! - colocou na cabeça e ajeitou.
 
- Gostou? - Wednesday falou timidamente.
 
- Adorei amor. - falou sorrindo.
 
Wednesday ajeitou a parte de trás e os cabelos da loira.
 
- Não vai passar nada no rosto?
 
- Não, pra que?
 
- O frio pode queimar a pele. Vem aqui. - Enid achou graça do pedido, mas a obedeceu. Wednesday passou um hidratante no rosto da loira e ao final beijou a ponta de seu nariz.
 
Desceram e os garotos já esperavam na sala. Esther não quis ir, achou melhor deixar os jovens irem sozinhos. Tinha marcado um jogo de damas com algumas amigas.
 
Enid levou Wednesday para a cachoeira do escorrega. Quando chegaram lá a chuva tinha parado.
 
- Nossa, que maravilha.
 
- Essa cachoeira tem um tobogã natural, as pessoas sentam ali e escorregam até lá embaixo. Por isso o nome.
 
- Deve ser legal. Já escorregou aqui?
 
- Eu já. - Enid fez uma cara sapeca.
 
- Eu também já, é muito bom. No calor é um dos melhores programas de Mauá. - disse Ajax.
 
Andaram ali por perto e tiraram fotos até escurecer, depois pegaram o carro e foram a um restaurante próximo do local onde a especialidade era fondue.
 
- Nossa que frio lá fora! Aqui dentro ta bem melhor. - Wednesday falou.
 
- E ainda queria usar aquele seu casaquinho. - Enid implicou com ela.
 
- Ah, não achei que fosse fazer tanto frio.
 
- Aqui sempre é mais fresco, ainda mais quando fica essa chuvinha fina.
 
- O fondue daqui é muito bom. Já comeu fondue Wednesday? - Tyler perguntou.
 
- Não. Já estive em uma festa que eles serviram na mesa, mas eu não comi.
 
- Por que não?
 
- Porque eu estava contratada pra tocar, não pra comer.
 
- E não ofereceram?
 
- Nada! Tem gente que acha que músico não come e não tem sede. - brincou.
 
- Isso é verdade, já toquei em lugares que se não fosse Ajax para levar algo para a banda estaríamos lascados.
 
- Esse povo é muito mal educado. - Enid reclamou. - Que falta de bom senso.
 
O garçom veio para atendê-los e então pediram o fondue salgado primeiro. Pediram um vinho para acompanhar. Quando o garçom veio, Wednesday viu em uma travessa várias carnes cruas e na outra o queijo derretido. Achou estranha aquela carne crua e ficou imaginando como se comeria aquilo.
 
Tyler viu da sua cara de preocupação e a tranquilizou.
 
- Calma que eles ainda vão trazer o óleo quente, você coloca a carne dentro, ela frita e depois você mergulha no queijo.
 
- Ah... - ela se tranquilizou.
 
- Tem pão também amor, você pode molhar direto no queijo.
 
- Achei que iam me fazer comer carne crua. - ainda estava de olhos arregalados.
 
Todos à mesa acharam graça.
 
- O fondue que eu vi era doce, de chocolate.
 
- Vamos pedir esse também, depois desse.
 
Depois que o garçom serviu tudo os quatro se deliciaram. Wednesday servia Enid na boca como já vinha fazendo desde o almoço.
 
- Agora é assim? Toda vez é comida na boca? - Ajax implicando como sempre.
 
- É, eu prometi a ela tratamento cinco estrelas esse final de semana.
 
- Viu, casais recentes são assim. Esse aqui não me dá nem água, só esporro. - Tyler falou achando graça.
 
- Em vez de ficar implicando, poderia fazer o mesmo Ajax. - Enid piscou o olho para ele e mordeu a carne que Wednesday a servia.
 
- Vocês duas não têm é vergonha na cara, fazer isso aqui na frente de todo mundo.
 
- Eu não devo nada a ninguém. - Enid falou.
 
- Nem eu. - completou Wednesday.
 
- No Rio, em alguns lugares eu até entendo e respeito sendo discreta, mas aqui ninguém me conhece mesmo. Não vou deixar de fazer ou receber um carinho da minha namorada porque não estão gostando. Ai deles se me tirarem daqui por conta disso.
 
- Viu! Por isso quis logo uma promotora. - Wednesday brincou.
 
- Excelente escolha. - Enid piscou para ela.
 
Acabaram o fondue de queijo e logo veio o de chocolate com pedaços de fruta.
 
- Esse eu te sirvo amor. - Enid espetou um morango e mergulhou no chocolate. - Cuidado que está quente.
 
Wednesday mordeu achando uma delícia.
 
- Isso aqui é comida dos Deuses.
 
- Come bastante mesmo, aí chega mais tarde pega no sono e dorme. - Tyler brincou.
 
- Ah não dorme nada.
 
- Não mesmo.
 
As duas se olharam com cumplicidade e caras sem-vergonhas.
 
Terminaram de comer e voltaram para casa. Ajax e Tyler se despediram na porta. Quando as duas entraram em casa Esther já estava dormindo. Foram direto para o quarto e mal entraram Enid passou a chave na porta.
 
- Vem aqui delícia. - Puxou Wednesday pelo braço e a agarrou.
 
Wednesday correspondeu à altura e se entregou as carícias da namorada. Arrancaram as roupas em segundos. Enid levou a pianista até a bay window e a sentou de pernas abertas, ajoelhou-se entre elas e foi direto em seu sexo. Lambia e chupava com maestria, colocou as pernas de Wednesday em seus ombros e se deliciou com o gosto da mais nova, que gemia sem controle. Agarrava os cabelos de Enid e puxava, já totalmente descontrolada. Gozou em poucos instantes, mas Enid não quis parar, levou a mão em seu clitóris e massageou novamente, foi subindo pela barriga com beijos e parou nos seios lambendo e mordiscando. Wednesday arqueou o corpo para trás e abriu mais as pernas até gozar novamente sacudindo todo o corpo. Quando suas pernas relaxaram ela praticamente caiu em cima de Enid.
 
- Será que você ainda me deixou com um pouquinho de energia? - falou com certo dengo.
 
- Por que amor?
 
- Quero fazer uma coisa, mas primeiro preciso me recompor. - disse sorrindo e ofegante ao mesmo tempo. Quando sentiu que as pernas estavam mais firmes, se levantou e foi até sua mochila, estava totalmente nua e já não sentia mais vergonha. Pegou um pequeno frasco e olhou para Enid, que a observava encantada.
 
- Vem... - chamou já perto da cama.
 
Enid se aproximou e sentou na beirada da cama.
 
- Deita de costas pra mim.
 
Enid então deitou e Wednesday sentou em suas nádegas. Derramou um óleo que tinha no frasco e começou a massagear as costas da loira.
 
- Nossa que cheiro bom.
 
- É uma essência, comprei da mesma moça que me depilou. Ela vende umas coisinhas interessantes. - falava e massageava ao mesmo tempo.
 
- Que coisinhas?
 
- Tipo óleos, cremes, calcinhas comestíveis...
 
- Opa! Preciso conhecer essa moça. - Enid sorriu. - Sabe que eu tava precisando de uma massagem?
 
- Sei, você é muito tensa. Precisa relaxar.
 
- Acha que sou tensa?
 
- Acho, não só tensa como agitada, às vezes parece estar calma, mas não está. Por dentro você pega fogo.
 
- É que sou quente. - brincou.
 
- Não falo disso sua boba, falo de ansiedade.
 
Enid fechou os olhos e suspirou.
 
- Está gostando?
 
- Muito, a sensação é de total bem estar.
 
- Que bom, eu estava ansiosa, achei que não ia dar conta de você. - Wednesday falou meio envergonhada.
 
- Dar conta? Como assim? - Enid quis se virar, mas a pianista não deixou.
 
- Ei, quietinha aí, ainda não terminei.
 
- Mas como é isso de dar conta?
 
- Eu acho que você faz muita coisa por mim, tenho medo de que se canse disso uma hora, então como não posso retribuir da mesma forma, quero te compensar com o que está ao meu alcance. - Wednesday tinha a voz calma e suave. - Sei que temos muitas diferenças, principalmente financeira, não queria que elas existissem, mas já que existem, quero estreitar essa diferença com gestos simples, pra você saber que o que eu quero é seu amor e sua atenção, só isso.
 
Enid ficou pensando no que ela falou, fechou os olhos e se deixou relaxar. Acabou adormecendo. Wednesday a olhou com carinho, ficou alisando seus cabelos, instintivamente a loira procurou seu colo, sem acordar e adormeceram ali.
 
No meio da noite, Enid estava agitada na cama e se debatendo. Dizia algumas coisas sem sentido.
 
- Não, vai me deixar aqui? Volte, por favor! Vamos conversar! As coisas vão mudar.
 
Wednesday podia sentir a agonia da namorada.
 
- Amor, acorda... shii... ei... já passou.
 
Enid acordou espantada.
 
- Nossa! Que pesadelo horrível.
 
- Calma, já passou. - alisava seus cabelos. - Vem, deita aqui de novo. – Podia sentir o coração acelerado dela.
 
- Eu dormi depois da massagem?
 
- Dormiu.
 
- E deixei você à deriva? - brincou.
 
Wednesday achou graça.
 
- Deixou.
 
- Ah, que falta de educação. - disse envergonhada.
 
- Você tava dormindo tão linda que não te acordei, fiquei velando seu sono e também dormi.
 
- E eu que pensei numa noite daquelas.
 
- Uma noite "daquelas" não precisa ser só sexo.
 
Enid se aconchegou mais nos braços da mais nova e respirou fundo.
 
- Também é bom ficar assim.
 
- Também gosto. Cama, coberta, uma namorada linda e chuva lá fora. Que mais eu posso querer?
 
- Faço das suas palavras as minhas. - Sorriu.
 
- Está mais calma?
 
- Ahan.
 
Wednesday beijou os cabelos da namorada e adormeceu. Acordou com a claridade no quarto. Enid dormia de bruços virada para ela. Estava com o semblante calmo. Wednesday levantou, trocou rapidamente de roupa e desceu. Rezou para encontrar Esther pela casa. Estava entrando na cozinha quando ela a chamou.
 
- Já acordou?
 
- Oi, bom dia! Acordei. Queria saber se posso preparar um café da manhã para Enid.
 
- Claro. Vou te ajudar.
 
Em poucos instantes Esther esquentou um leite com chocolate e fez torradas enquanto Wednesday pegava um iogurte na geladeira e colocava em uma taça com cereais. Pegou um cacho de uva e uns morangos. Prepararam a bandeja e Wednesday subiu para o quarto.
 
- Obrigada! Acho que ela vai gostar.
 
- Ah vai sim.
 
Esther achou graça da empolgação da menina.
 
Quando a pianista entrou no quarto, Enid ainda dormia. Deixou a bandeja numa mesa de canto e tirou a roupa novamente se enfiando embaixo das cobertas. A loira sentiu um corpo gelado encostar-se ao seu.
 
- Está gelada linda.
 
- É o frio.
 
- Hum... vem cá que eu te esquento. - Enid colocou Wednesday sob ela. A mais nova a abraçou sentindo o peso de seu corpo. Olhavam-se carinhosamente, beijaram-se e suas línguas se encontraram. O beijo ficou mais ardente, mas não tinha urgência de sexo. Queriam se curtir, aproveitar aquele momento de intimidade. Enid acariciava o corpo de Wednesday em cada parte, passeava suas mãos por cada canto sentindo o corpo se arrepiar. Sua língua ficou mais exigente e procurou o pescoço da pianista, lambia e mordia sentindo estremecer a carne. Wednesday arranhava as costas de Enid e abraçava sua cintura com as pernas. Enid encaixou seus sexos e fez um movimento de vaivém bem devagar. Wednesday segurou sua cintura e apertou contra ela. Novamente as línguas se encontraram e entraram no ritmo daquele momento. Gozaram depois de muitas carícias e beijos apaixonados. Enid escondeu sua cabeça no pescoço de Wednesday e continuou em cima dela.
 
- Esquentou?
 
- Muito!
 
A loira sorriu e já ia saindo de cima dela.
 
- Não, fique aqui.
 
- Estou pesando em cima de você, linda.
 
- Eu gosto de sentir você assim. - falou baixando os olhos.
 
- Por quê?
 
- Não sei, você é diferente, não estou dizendo isso pra te agradar ou impressionar. Não sou assim. Sua presença me passa confiança, me deixa segura e quando você está ao meu lado eu sinto que nada de ruim vai acontecer.
 
Enid ficou comovida com aquelas palavras, não era a primeira vez que Wednesday dizia aquilo.
 
- Te amo viu. Minha moreninha linda. - se declarou.
 
- Também te amo meu anjo. - alisou aqueles longos cabelos loiros. - Está com fome?
 
- Um pouco. Parece que dormi um dia inteiro.
 
- Ainda é cedo, não são nem nove horas.
 
- Vamos tomar café?
 
Wednesday forçou o corpo para mudar de posição e ficou em cima de Enid.
 
- Vamos. - pegou o travesseiro e cobriu o rosto da namorada. - Fique assim.
 
- Que é isso? - a voz saiu abafada por conta do travesseiro.
 
Wednesday correu e pegou a bandeja.
 
- Agora pode tirar. - Wednesday estava sentada na cama com a bandeja ao lado dela. - Café da manhã na cama para minha namorada.
 
- Nossa, o serviço é cinco estrelas mesmo.
 
- Tem um monte de coisas. Torradas, suco, chocolate quente, iogurte, frutas e uns biscoitinhos.
 
Enid olhava admirada pelo fato de Wednesday estar sem roupa e à vontade.
 
- Que foi?
 
- Queria saber se a mulher sentada ao lado da bandeja também faz parte do café? Estou adorando ver você toda nua em cima da cama.
 
- Ah, agora fiquei com vergonha. - se cobriu com o lençol.
 
- Não fique, se soubesse como tem o corpo bonito.
 
- Meu corpo ainda é meio rechonchudo.
 
- Porque é nova, quando estiver na minha idade vai pedir pra ter esse corpo.
 
- Quando eu puder vou começar a fazer exercícios. Malhar ou caminhar, qualquer coisa. Não gosto de ficar parada.
 
- Você fazia alguma coisa na sua cidade?
 
- Andava a pé. - Wednesday riu. - Exercício mesmo eu não fazia, mas ajudava minha mãe no sítio e em Jaú eu andava pra lá e pra cá, porque morava no centro e não pegava ônibus.
 
- Seu pai tem carro?
 
- Só a caminhonete de carregar as coisas do sítio. Meu irmão tem uma moto.
 
- Se quiser, podemos nos exercitar, porque não caminhamos?
 
- Amor, você tem seus compromissos.
 
- Mas eu malho todo dia, posso substituir a malhação por alguma coisa com você. Ou pode malhar lá comigo, seria minha convidada, não tem problema nenhum.
 
- A gente vê isso depois. Ou eu to precisando tanto assim? - disse se olhando e apertando a barriga.
 
- Você que tocou no assunto ué, eu não disse que tava precisando de nada.
 
- Ta insistindo tanto. - Wednesday fez bico
 
- Ah não, eu só sugeri. Vem aqui que eu vou desfazer esse bico.
 
Enid puxou a mais nova e beijou seus lábios.
 
- Vamos comer, esse chocolate ta uma delícia, eu experimentei um pouco lá embaixo, sua mãe me deu a receita.
 
- Trocando receitas com a sogra.
 
- Claro, sabendo do que você gosta vou te fisgar pela boca. Não é assim que se pegam os peixes? - brincou.
 
- Achei que eu tinha fisgado você. - mordeu uma torrada.
 
- Você me seduziu.
 
- Ah é?
 
- Uma pobre menina do interior. - a pianista riu.
 
- Inocente né?
 
- Ahan.
 
- Sei bem dessa inocência aí. - Enid a olhava com um sorriso de canto que era sua marca registrada.
 
- Ainda bem que você me quis. - Wednesday beijou os lábios dela. - Antes do chocolate prova esse iogurte. - Ela havia picado os morangos e colocado dentro junto com os cereais.
 
- Estou adorando esse tratamento. Pena que é só esse final de semana.
 
- No Rio também te dou tratamento VIP, o ruim é que Bianca já desconfia muito de mim, aliás, da gente.
 
- Ela não te faz perguntas indiscretas?
 
- Não, mas ela fica de olho na gente. Quando disse que viria pra cá ela não falou nada, somente que eu aproveitasse. Ela não é boba. Sua mãe mesmo já disse que ela sabe, acho que só não quer falar, quer que eu fale.
 
- E você vai falar?
 
- Não é o momento pra isso, nem sei se existirá esse momento, mas agora não. Estamos no início dos estudos, moramos juntas. Já pensou se dá algum problema? E precisamos nos separar? Ficaria ruim pra ela e pra mim.
 
- Aí você vem morar comigo. - Enid falou mais no ímpeto que raciocinando.
 
- É bem verdade o que as pessoas dizem sobre casais de mulheres, elas se conhecem num dia, namoram no outro e casam no terceiro. - achou graça.
 
- Não ta me levando a sério? - Enid permaneceu séria.
 
- Estou amor, só que isso ainda é cedo. Cada coisa no seu tempo devido, não é?
 
- Isso.
 
- Se Bianca viesse falar comigo sobre nós, teria algum problema pra você?
 
- Nenhum. Nunca escondi meus relacionamentos, no meu escritório todos sabem que sou gay e quem eu mais precisava que soubesse e me aceitasse já sabe e aceita, que é minha mãe. Então não vejo problema algum.
 
- Meu pai morreria se soubesse que sou gay.
 
- Ele é preconceituoso?
 
- Não sei se a palavra certa é essa, mas ele foi criado numa família muito religiosa e tradicional, já pode imaginar os princípios dele né.
 
- É. - respondeu pensativa. - Vamos terminar o café? Quero te levar em Penedo e se der em Itatiaia.
 
- Amor, está chovendo.
 
- Não tem problema, agora eu tenho um gorro ultra super mega potente que não deixa meus cabelos arrepiados. - Brincou. - E foi minha namorada linda que me deu. - puxou a pianista e beijou seus lábios.

Melodia | Wenclair (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora