Capítulo 82

596 64 1
                                    

Na segunda cedo Enid pegou a receita de vitaminas e assim que Wednesday começou a tomar o enjoo foi melhorando. Passado algumas semanas, ainda não tinham conseguido ver o sexo dos bebês, mas Demetria prometeu que na próxima consulta isso seria possível.
 
- É Wednesday, ainda não deu. Vamos ter que esperar mais algumas semanas.
 
- Tudo bem, eu espero. Essa daqui que está louca pra saber. - olhou sorrindo para Enid.
 
- Claro! Quero decorar o quarto deles.
 
- Eu sei querida, daqui uns dias já saberemos. - Wednesday a consolou.
 
Demetria achava bonita a relação das duas e a forma como se tratavam, eram carinhosas sem parecer brega e causar qualquer constrangimento aos outros.
 
- Como está o enjôo? - perguntou a Wednesday.
 
- Agora quase não sinto, aquele remédio me ajudou muito. Deus como estava horrível. Eu quase bati em Enid um dia desses. Não aguentava mais comer e vomitar e ao menor sinal de comida meu estômago já embrulhava.
 
- É comum, principalmente na parte da manhã.
 
- Agora não sinto quase nada. O que me incomoda são os rompantes que eu tenho. Hora choro como criança, depois fico nervosa, daí fico muito agitada e depois muito... muito... - pareceu sem graça.
 
- Excitada? - Demetria riu e olhou para Enid.
 
- É... - Wednesday pôs a mão no rosto. - E aí depois de excitada eu tenho um sono que me faz dormir como pedra.
 
A médica ria junto com Enid.
 
- Querem parar de rir?! - a empresária se indignou.
 
- Ô amor, é que chega a ser engraçado. - beijou a testa dela. - Você se descreveu perfeitamente.
 
- Existe algo que possa fazer pra melhorar isso? - Wednesday olhou para Demetria.
 
- Claro. Ter os bebês. - riu. - E depois ainda vai demorar a se estabilizar. A carga hormonal é muito grande, por isso você tem picos de humor, de ansiedade e desejos.
 
- Sem contar o calor que eu sinto. O tempo está mais ameno agora, mas ainda assim, sinto como se estivesse em pleno verão.
 
- Acredite, isso é perfeitamente normal. Precisa criar meios que possam somente aliviar, porque passar essa fase, só quando der a luz. - sorriu.
 
Wednesday mordia o lábio inferior num gesto preocupado, mas foi Enid quem a acalmou.
 
- Eu adoro seus rompantes meu anjo. Tiro de letra. - piscou pra ela e ganhou um sorriso em troca.
 
Um dia em casa, as duas arquitetavam um jeito de fazer o quarto dos filhos, faziam isso durante o café da manhã.
 
- Não acho que desfazer seu escritório seria justo. - Wednesday falou enquanto tomava um chá gelado. - Afinal eu tenho meu estúdio aqui e poderia me desfazer dele também. Sem contar que seu escritório está no andar de baixo.
 
- Se usarmos o quarto de Sofia seria por pouco tempo também.
 
- Por quê?
 
- Se os gêmeos forem do mesmo sexo, não teria problema, ainda mais se forem meninas. Mas e se forem meninos, ou menino e menina? Daqui um tempo eles não iriam querer ficar no mesmo quarto.
 
- Nossa amor, isso é pra daqui muitos anos. Não pense nisso agora.
 
- Teríamos que mudar de novo. - riu.
 
- De jeito nenhum! Pode parar Enid. - Wednesday falou sério. - Chega de mudança, eu adoro esse apê e não vou sair daqui, não por agora.
 
- Ta bom amor. A gente estuda outra forma depois.
 
Saíram para trabalhar e se despediram no carro. Wednesday insistia em dirigir, não queria depender de Enid e apesar de contrariada a promotora aceitou.
 
Wednesday estava em sua sala quando abriu um site de notícias e quase caiu da cadeira quando viu a foto de Enid e a matéria dizendo que ela seria a promotora do caso de Fabio Medina. Sentiu um aperto no peito e o coração quase foi na boca. Passou a mão no telefone e ligou pra ela.
 
- Eu quero saber quando você ia me contar que estava envolvida nesse julgamento?
 
- Que julgamento?! Ai não! Calma amor, não estou envolvida.
 
- Ah não! Então colocaram errado a sua foto no jornal? - estava com a voz alterada.
 
- Meu amor, não fique nervosa, você ta grávida.
 
- Nervosa? Imagina se eu to nervosa, você foi chamada para acusar um mafioso que mata por informação e eu estou nervosa? Impressão sua!
 
- Estou resolvendo minha dispensa neste caso, confie em mim.
 
- Vou confiar sim, com você escondendo as coisas de mim, vou confiar mesmo. - desligou o telefone. Wednesday se levantou, mas sentiu o corpo pesado e a cabeça rodar, sentou de novo e chamou Yoko na outra sala.
 
- Fica quietinha aí que eu vou ligar para Enid.
 
- Não quero que ligue pra ela. Eu vou pra casa.
 
- Nesse estado? De jeito nenhum. O que ta acontecendo?
 
Wednesday contou o que tinha visto e Yoko também ficou brava com a situação.
 
- Ela devia ter te falado antes.
 
- Devia, mas não falou e depois me pede pra ser sincera e transparente com ela também.
 
- Vem, vou dar um jeito de levar você pra casa.
 
Enid correu para o estúdio, mas Wednesday não estava lá. Foi pra casa e quando entrava no apartamento Yoko estava saindo.
 
- Você é muito cara de pau!
 
- Que isso Yoko, posso saber o motivo da raiva?
 
- Como não contou a Wednesday sobre esse julgamento?
 
- Eu ia contar, primeiro achei que poderia sair da lista de promotores, não deu certo, fui escalada, tentei com um antigo professor para que intercedesse por mim, também não deu. Fui enrolando pra tentar escapar sem que ela soubesse, não fiz por mal. - as palavras de Enid foram sinceras, de modo que Yoko entendeu o que ela tentava fazer.
 
- Wednesday está uma fera viu? E quase passou mal agora pouco.
 
- Vou falar com ela.
 
Subiu as escadas e viu a mais nova saindo do banheiro, parecia ter vomitado.
 
- Que foi amor?
 
- Não pergunte se estou bem e o que é, porque não estou! - falou com certa dificuldade.
 
Enid se apressou para ajudá-la a se deitar.
 
- Me perdoa querida, não quis preocupá-la com isso. - repetiu as palavras que havia dito a Yoko. - Entende que não menti, apenas tentei te poupar. Me perdoa. - beijava as mãos dela.
 
- Não me esconda as coisas Enid. - Wednesday falava mais calma. - Não sabe como me senti quando vi aquilo, me deu um aperto no coração. Não queria que se envolvesse com esse caso, esse povo é perigoso. E essa mulher é obcecada por você. Não tinha outra pessoa pra colocar no seu lugar? Claro que sim. - ela mesma respondeu a pergunta.
 
- Eu sei amor, tentei de tudo, agora só me resta interceder junto a Mia. E isso eu não queria.
 
- Se preservar a vida da mulher que eu amo e a mãe dos meus filhos será falar com Mia, eu mesma falo se você quiser. - falou com segurança.
 
- Essa semana ainda eu falo com ela. Parece que ela vem ao Rio e eu vou com Parisa tentar interceder. Será minha última alternativa.
 
- Vai dar certo, tem que dar. Não quero te perder. - abraçou forte a loira.
 
- Não vai perder meu anjo.
 
Enid deitou ao lado dela e a abraçou até que dormisse. Assim que sentiu o corpo de Wednesday relaxado ela ligou para o secretário de Mia e marcou com ela uma reunião no dia seguinte.
 
Estava anoitecendo quando Wednesday acordou sentindo uma dor no ventre. Levantou-se e sentiu algo estranho, quando ficou de pé totalmente viu que havia sangue entre as pernas. Correu no banheiro e sentou no vaso, sentiu a dor novamente e gritou por Enid, que veio correndo e assustada.
 
- Oi amor? Você... Wednesday, está sangrando!
 
- Começou agora. - falou um pouco apavorada.
 
A loira ligou para Demetria e ela pediu que fossem a sua clínica urgentemente. Deram entrada com Wednesday ainda sangrando. A médica fez alguns exames e deu um remédio para estancar a hemorragia.
 
- Wednesday, levou algum tombo ou alguma pancada na barriga?
 
- Não.
 
- Pelos exames você não tem nada que possa ter causado esse sangramento. O cisto aumentou um pouco, mas dentro do esperado até agora. Algum problema no trabalho ou...
 
- Sim, o problema sou eu. - Enid a interrompeu. - Wednesday está preocupada com um processo do qual vou acusar uma figura importante.
 
- Não pode se estressar Wednesday, isso não faz bem aos bebês e a você também. Vou te passar um remédio que só vai tomar se sentir que está ficando nervosa. Quero repouso absoluto até semana que vem. O sangramento já parou e você não se levanta da cama até que a dor pare totalmente.
 
- Tudo bem, cuidarei dela e não deixarei que faça abusos. - Enid falou seriamente.
 
- Vejo vocês daqui uma semana.
 
Ao saírem do consultório a loira somente passou numa farmácia e comprou os remédios que a médica pediu. Enid fez questão de pegar Wednesday no colo e levá-la até o quarto.
 
- Se depender de mim não vai botar os pés no chão.
 
- Exagerada.
 
- Preocupada. Não imagina como fiquei de consciência pesada por isso. Não vou me perdoar se algo acontecer com você ou com nossos filhos.
 
No dia seguinte Enid foi se encontrar com Mia num café próximo ao escritório dela. Estava acompanhada de Parisa.
 
- Enid, você não perde tempo. - a juíza falou com sarcasmo.
 
- Mia, esta é Parisa, trabalha comigo no escritório.
 
- Prazer querida.
 
Parisa somente sorriu.
 
- Vou direto ao assunto Mia, quero que procure outro promotor e me dispense do julgamento de Fabio Medina. Não quero acusá-lo.
 
- Mas Enid, isso seria um excelente trampolim para sua carreira.
 
- Não preciso de trampolim nenhum. Não quero participar desse julgamento.
 
- Me admira muito estar com medo. Eu não estou. - falou com orgulho.
 
- Sou corajosa, sempre fui. Não corro de meus compromissos, a questão é que agora as coisas mudaram.
 
Mia parecia não entender, até que Enid se emocionou ao falar de Wednesday.
 
- Estou casada e amo muito minha mulher. Ela está grávida e estamos formando nossa família, como eu sempre quis. Sabe muito bem que um julgamento como esse não ficará só no tribunal. - olhou para ela com os olhos marejados. - Tenho muito a perder se a deixar para trás. Pessoas que precisam e se alguma coisa acontecer comigo, não sei o que seria delas.
 
Mia ficou parada olhando nos olhos da promotora e por um momento quis que Enid estivesse dizendo tudo aquilo para ela e por ela. Desviou o olhar, reparou nas pessoas passando depois voltou a olhá-la.
 
- Queria muito que trabalhasse comigo neste caso, não posso te responder agora sobre o que penso. Mais tarde saberá o que decidi. - levantou-se e deixou as duas sozinhas.
 
Enid olhou para Parisa e fez uma expressão como quem não entendeu.
 
- Acho que ela vai repensar. - a garota falou.
 
- Sei não, Mia é imprevisível.
 
- Ela está nesse julgamento, mas não deveria estar no Acre?
 
- Vai saber. Não entendo a vida que ela leva.
 
Voltaram para o escritório. Enid ficou até a hora do almoço apenas, depois foi buscar Esther que passaria a semana com elas para que ficasse com Wednesday. Deixou a mãe em casa e voltou pro trabalho. A cabeça estava fervilhando, não sabia se voltava a falar com Mia ou se a deixava pensar. Concentrou-se no trabalho que até perdeu a hora. Niall bateu na porta e entrou em seguida.
 
- Vai dormir aí?
 
Enid levantou a cabeça e tirou os óculos.
 
- Estão saindo?
 
- Já ué, passa das sete.
 
- Gente, disse que chegaria cedo em casa hoje.
 
Saíram logo em seguida e Enid ainda pegou um engarrafamento. Chegou em casa quase nove da noite.
 
- Minha filha, achei que tinha tido algum problema no escritório, já estava te ligando.
 
- Não mãe, me atrasei mesmo e ainda peguei um trânsito de cão. Cadê Wednesday?
 
- Está no quarto cochilando. Fiz o jantar, não vai comer?
 
- Não, só uma fruta e vou deitar com ela, quero ficar perto.
 
- Ela passou a tarde bem, não sentiu dor e se alimentou. Estou de olho nela.
 
- Obrigada mãe. - segurou suas mãos. - Vou subir.
 
Quando chegou ao quarto, Wednesday estava dormindo ainda. Correu e tomou banho para poder deitar com ela. Enfiou-se debaixo das cobertas e a abraçou, ficando agarradinha. Pouco depois Esther apareceu com uma maçã e lhe deu.
 
- Coma, senão serão duas de repouso.
 
Enid sorriu e foi comendo enquanto conversava com a mãe. Depois que Esther saiu do quarto voltou a abraçar a mais nova e dormiu.
 
Acordaram as duas juntas no dia seguinte.
 
- Bom dia. - Wednesday falou primeiro.
 
- Bom dia querida. Dormiu bem? - alisou o rosto dela.
 
- Ahan. - segurou a mão de Enid e a beijou.
 
- Está com fome?
 
- Não, estou meio sonolenta ainda.
 
- Dorme mais um pouco então, vou preparar seu café da manhã e trago depois.
 
- Não vai trabalhar?
 
- Mais tarde, vou passar a manhã com você.
 
- Estou bem amor, não precisa atrapalhar sua rotina pra ficar comigo.
 
- Minha rotina é você, o resto não é prioridade.
 
Wednesday cochilou de novo e só acordou uma hora depois. Enid tomou café com ela e a deixou ainda em repouso quando foi trabalhar. Ficou esperando uma resposta de Mia o dia todo e nada. E foi assim aquela semana inteira sem que a juíza desse sinal de vida.
 
Wednesday voltou à médica e ela a liberou para que pudesse trabalhar.
 
- Nada de movimentos bruscos viu mocinha. Você ainda requer cuidados, mas já pode voltar a trabalhar. - falava enquanto a examinava. Dessa vez fariam um ultrassom em 3D. Demetria olhava tentando ver o sexo dos bebês, mas nada falou com as duas e com Esther, que dessa vez foi junto. Deixou pra falar se realmente conseguisse ter certeza.
 
- Ta tudo bem? - Enid perguntou.
 
- Com os bebês sim, o cisto aumentou um pouco, mas dentro do esperado. Já estão estocando fraldas? Porque gasta muito viu? - riu.
 
- Nossa nem me fale. To reservando um quarto só pra elas. - Wednesday brincou.
 
- E as roupinhas? Aposto que Enid já comprou um monte.
 
- Demetria, se eu não seguro, Enid compra uma loja inteira.
 
- É que é tudo tão bonitinho, não consigo resistir.
 
- Os bebês terão de trocar de roupa umas cinco vezes por dia, só pra dar conta de usar tudo.
 
- Graças a Deus que eles terão uma família estruturada. Muitas crianças não têm. - sorriu e olhou para as duas. - E vocês compraram roupas mais unissex, sim?
 
- Ah é, porque senão é dinheiro perdido.
 
- Então podem comprar agora roupas de menina e menino. - falou olhando para ver a reação das duas.
 
- É sério?! - Enid sorriu e se levantou para olhar a tela de ultrassom, como se soubesse interpretar as imagens.
 
- Vai ser o casal de gêmeos mais bonito do Rio de Janeiro. - Demetria completou. - Acho que a ficha de Wednesday ainda não caiu.
 
- Um casal amor. - Enid a olhava. - Ei...
 
Wednesday estava com o olhar parado na tela de ultrassom e de repente deu um largo sorriso.
 
- Acho que vou chorar. - uma lágrima já descia pelo rosto apesar do sorriso.
 
- Ta chorando porque viu que agora é trabalho dobrado. - Esther brincou.
 
- Não, é porque meu sonho está se realizando, junto com o dela. - Wednesday deu a mão a Enid.
 
- Se está acontecendo é porque vocês merecem, tenho certeza. - a médica falou sorrindo para as duas.
 
Ao saírem da clínica as três foram almoçar e a conversa girou em torno dos bebês. Esther era só sorriso. Faziam planos para a decoração do quarto, sobre o nome deles e até onde iriam estudar.
 
- Estamos exagerando hein? Nem sabemos o que cada um deles quer ser. - Wednesday riu. - Eu fui criada com total liberdade, tanto que fiz música e meus pais nunca se opuseram.
 
- Verdade, muitos pais erram escolhendo a profissão dos filhos e os frustram pra uma vida toda.
 
- Preciso contar a Yoko e a Perrie. Yoko vai ficar doidinha. - riu.
 
- Sua família não sabe ainda? - Esther perguntou.
 
- Não. - Wednesday baixou o olhar. - Eles nunca mais me ligaram e somente Perrie mantém contato. Queria poder contar pra eles e dividir minha alegria. - sorriu desanimada.
 
Esther não soube o que falar, era uma situação delicada, mas quanto mais se mexia, pior ficava.
 
- Quando é assim, Deus ajeita as coisas. - sorriu tentando consolá-la.
 
- Amor, preciso voltar ao escritório, já terminou? - Enid perguntou carinhosamente.
 
- Ahan. - limpou a boca.
 
- Não vai comer sobremesa? - sorriu.
 
- Hoje não, prefiro não exagerar no doce, a médica pediu.
 
- Tadinha, fazendo sacrifício. - abraçou-a.
 
- Nem tanto, lá em casa tem sorvete e muitos bombons de menta. - encostou a cabeça no ombro da loira. - Esther, ela comprou todos os doces de menta e hortelã da cidade. - alisou o rosto de Enid e a beijou.
 
- Claro, ia deixar você passando vontade? De jeito nenhum! - beijou o topo da cabeça da empresária.
 
- Em casa eu tomo meu sorvete, mas vou te esperar. - sorriu como uma criança sapeca. Enid sabia o motivo.
 
- Então ta bom. Vamos, que não posso me atrasar.
 
Ao se levantarem Enid avistou Mia parada na porta do restaurante as observando e ao saírem ela se escondeu atrás de uma pilastra, não deixando que Wednesday a visse. Ao passarem próximas é que a juíza viu o tamanho da barriga de Wednesday e que estava de mãos dadas com Enid. Enid queria perguntar sobre o que tinha decidido, mas viu que não teve brecha e preferiu que Wednesday evitasse o dissabor do encontro.
 
Enid deixou as duas em casa e voltou a trabalhar. Quando estava saindo, à noite, recebeu um telefonema, era o assessor de Mia dizendo que Enid havia sido substituída por outro promotor que viria do Rio Grande do Sul. Ela saiu do escritório tão feliz que queria comemorar. Passou numa padaria e comprou tudo que Wednesday gostava. Chegou em casa animada e chamando por elas.
 
- Amor! Mãe! Tem alguém aí?
 
Wednesday veio do estúdio e Esther da varanda.
 
- Que foi?! - A mãe perguntou.
 
- Trouxe muitas coisas gostosas. Já que minha mulher não quis sobremesa no restaurante, agora eu comprei um doce que ela gosta. E outras coisas gostosinhas.
 
- Quanta animação! - Esther falou.
 
- É, estou animada porque tenho uma esposa linda, uma mãe maravilhosa e terei dois filhos abençoados que se Deus quiser terão a carinha da mãe deles. - sorriu.
 
As duas se entreolharam e não entenderam nada.
 
- Então ta, vamos comemorar a felicidade.
 
Wednesday olhava a mesa cheia de coisas gostosas e sentiu a boca encher d água.
 
- É... a dieta vai por água abaixo. - riu e pegou um pãozinho. - Depois que eu ficar imensa, você não reclama. - olhou para Enid.
 
- Pode ficar imensa, gigante, enorme, que eu não ligo. Quero ver você sorrindo, só isso.
 
Esther não sabia do julgamento, pois Enid havia combinado com Wednesday de não falar nada com a mãe, já que não conseguira esconder dela, ao menos Esther ela queria poupar. Então deixaria para falar da novidade no quarto a sós com a mais nova. Comeram tanto que Wednesday quase enjoou de novo.
 
- Deus do céu. Desse jeito não chego nem ao sétimo mês. Vou engordar muito!
 
- Um dia só não vai fazer você engordar. - Esther tentou despreocupá-la.
 
Enquanto comia, Enid somente a observava. Wednesday estava linda, havia engordado somente a barriga e os quadris estavam mais largos. Sabia usar roupas de gestantes, não deixava a barriga à mostra e estava sempre elegante. Seu jeito era delicado e ainda parecia uma menininha. Se diziam que mulheres grávidas ficavam maravilhosas, Wednesday era a prova disso.
 
No quarto, Enid cantarolava distraída, Wednesday a olhava intrigada.
 
- Não vai me contar o que aconteceu?
 
- Vou. - sorriu e se aproximou dela. - Não falei lá embaixo por conta de mamãe. O que acontece é que eu consegui dispensa daquele julgamento. Não vou mais ter que acusar aquele mafioso desgraçado de uma figa.
 
Wednesday abriu um sorriso e pulou no colo de Enid.
 
- Ei, cuidado! - a loira a segurou. - Meus filhos vão pensar que a mãe está numa montanha russa. - riu.
 
- Não acredito amor! Rezei tanto por você! Esse julgamento vai trazer problemas demais. Juro de coração que estou com medo por Mia, ela não sabe onde está se metendo.
 
- Mia é metida a corajosa, sempre achou que estava acima de qualquer ameaça, mas agora não está tendo a noção de com quem está lidando.
 
- Estou feliz por não estar nessa confusão, meu coração diz que não vai acabar bem.
 
- Não interessa mais, o importante é que conseguimos.
 
- Graças a Deus!
 
A loira a olhava com encanto, parecia perdida em seus pensamentos.
 
- Que foi? - Wednesday alisou o rosto dela.
 
- Estou te olhando. - sorriu. - Sabia que está a grávida mais linda que já vi? - envolveu os braços em sua cintura.
 
- Tudo bem que você não vê muitas grávidas, mas vou aceitar o elogio.
 
- Eu vejo sim. Na rua, no prédio onde trabalho. A secretária do senhor Francisco do andar de baixo está grávida, mas ela não está tão bonita quanto você.
 
- E você fica reparando nela é? - Wednesday fingiu mágoa.
 
- Fico. - Enid beijou seus lábios.
 
- Ah é Enid?! - ficou indignada.
 
- É, sabe por quê?
 
- Não, não sei por que você fica olhando para outras mulheres. - a voz saiu realmente chateada.
 
- Olho pra ter certeza de que realmente a minha esposa é a mais linda de todas as mulheres do mundo. - beijou a testa dela. - Que é a grávida mais bonita. - beijou a ponta do nariz. - E a mãe mais gostosa que conheço. - riu e a beijou nos lábios.
 
- Você é muito boba, sabia? - Wednesday beliscou a barriga dela.
 
- E você é muito linda! - sorriu para ela. - Acha mesmo que fico olhando para outras mulheres? - beijou o pescoço dela. - Hum?! - mordeu a nuca fazendo pressão com os dentes.
 
- Não. Sei que tem o seu lado conquistadora e cafajeste, mas confio em você.
 
- Eu, cafajeste? - Enid se afastou um pouco.
 
- Totalmente. - a empresária fez uma cara de sarcasmo. - E eu adoro, porque é seu lado safado que me deixa louca. - a olhou com malícia.
 
Enid abraçou Wednesday e a beijou com todo carinho. O clima começou a esquentar e aos poucos o beijo foi se tornando mais ardente e as roupas iam sendo tiradas e jogadas pelo chão. Completamente nuas, Enid parou para olhar Wednesday e ficou meio sem ação.
 
- Que foi? - Wednesday sorriu e alisou o rosto dela.
 
- Será que não vou te machucar, porque você está...
 
- Estou grávida Enid e não doente, esta frase é velha, todo mundo conhece.
 
- Não quero te machucar. - falou insegura.
 
- E não vai.
 
Wednesday sentou na beirada da cama e guiou os movimentos de Enid.
 
- Vem... me beija aqui. - puxou o rosto dela para que beijasse seu pescoço e ombros. Depois pegou as mãos dela e levou até os seus seios e fez com que massageasse os mamilos.
 
Enid se excitou, mas foi comedida. Wednesday pegou sua outra mão e foi descendo contornando a barriga até chegar em seu sexo.
 
- Agora aqui... bem devagar... - sentiu os dedos da loira. - Ah...
 
- Querida eu acho que...
 
- Shii... vem... - Wednesday deitou na cama e abriu as pernas para que Enid a possuísse. Aconteceu de forma delicada e sem pressa. Enid beijou seu sexo e acariciou com cuidado. Sentia a excitação de Wednesday escorrer em seus dedos, mas não teve urgência para que ela gozasse.
 
- Mais amor... mais...
 
Enid então a penetrou com dois dedos e lambeu o clitóris ao mesmo tempo. Sentiu seu corpo sacudir em espasmos e relaxar em seguida. Deitou ao seu lado e ficou admirando aquele perfil de traços delicados, o nariz arrebitado, bochechas vermelhas. Ficava linda quando faziam amor.
 
- Te amo muito. - alisou o rosto dela.
 
Wednesday a olhou sorrindo e beijou seus lábios.
 
- Também amo muito você. - fechou os olhos e depois falou com doçura. - Estou tão feliz que nossa família vai aumentar. Me deu vontade de morder você quando Demetria falou que teríamos um casal. Sua carinha foi linda. - continuava sorrindo.
 
- Você está realizando um sonho meu.
 
- Estamos realizando amor.
 
Beijaram-se de novo e dessa vez foi Wednesday quem quis possuir Enid.

Melodia | Wenclair (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora