Capítulo 84

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Passaram-se alguns meses e Wednesday entrava no sétimo mês de gravidez. Já sentia dificuldades para andar. Esther insistia em ficar com elas, mas Enid não queria incomodar. À noite, preparando-se para dormirem, foi a empresária quem manifestou a vontade de que a sogra ficasse com ela.
 
- Sua mãe podia vir amor, assim ela me ajuda a organizar melhor as coisas dos bebês.
 
- Tudo bem então, se vai se sentir melhor com ela aqui, eu ligo amanhã.
 
Wednesday foi abaixar pra pegar uma blusa que havia caído no chão e quase que não levanta.
 
- Ta cada dia mais difícil. - fez uma careta. - Estou andando que nem uma pata, só consigo dormir de lado, não consigo ver nem os meus joelhos. - lamentou.
 
Enid a olhava e sorria. Wednesday estava mais inchada, mas ainda ficava linda.
 
- Está linda querida! Deslumbrante como uma gestante no sétimo mês de gravidez. - abraçou-a por trás.
 
- Foi-se o tempo em que você conseguia circular os braços em volta de mim. - riu; - Será que meu corpo vai voltar ao normal? - falou apreensiva.
 
- Claro! Você se cuidou a gravidez toda, passou hidratante, óleos, nem teve estrias.
 
- Vou malhar dia e noite. - arregalou os olhos.
 
- Eu te ajudo a perder peso, mas seu metabolismo é bom, rapidinho você volta ao normal. E se não voltar, qual o problema?
 
- Você me troca.
 
- Nem que você tenha duzentos quilos. Eu faço musculação pra aguentar, se for o caso.
 
- Humpf! - Wednesday fez um bico.
 
- Vem bonitinha, vamos deitar. A noite passada você não dormiu bem e hoje vou fazer uma massagem pra você relaxar.
 
Wednesday deitou de lado e Enid fez a massagem como falou. Depois a abraçou, ficando as duas debaixo das cobertas. Ela já não conseguia abraçar a cintura de Wednesday, pois a barriga não deixava.
 
- Preciso de braços maiores. - brincou.
 
- Boba. - Wednesday lhe deu um tapinha no braço.
 
- Pesa muito? - Enid alisou a barriga.
 
- Ah pesa, quando deito de barriga pra cima parece que vão me sufocar. E quando chutam parece que meu estômago vai vir na boca.
 
- Eles são agitados.
 
- Que nem a mãe deles. - sorriu.
 
- Ainda bem, eu gosto de criança bagunceira. São mais espertos e inteligentes.
 
- Fala isso agora viu, quero ver quando estiverem correndo pela casa e você doida atrás deles.
 
- Vou agitar com eles.
 
- Sei, pelo visto terei que tomar conta de três crianças.
 
- Amor, o que são aqueles papéis com nomes em cima da mesa lá embaixo?
 
- Ah... é... - Wednesday riu. - Eu coloquei alguns nomes lá pra sortear depois.
 
- Então o nome dos meus filhos será escolhido por sorteio? - levantou a sobrancelha.
 
- Parecia uma boa ideia quando pensei. - Wednesday a olhou sorrindo.
 
Enid parou um pouco, suspirou e falou virando o rosto de Wednesday pra ela.
 
- Você está uma grávida linda! A vejo sorrir e seu rosto parece se iluminar. Dizem que as mulheres grávidas ficam radiantes e é a mais pura verdade. Quando a elogio, não é só pra que se sinta bem, falo sinceramente. - beijou-lhe os lábios.
 
- Estou inchada amor, andando que nem uma pata e...
 
- Não! Está linda! - a interrompeu.
 
- E nem me sinto mais desejável... - desviou o olhar.
 
- Quer que eu lhe mostre o quanto é desejável pra mim? - Enid beijou seu pescoço e o lóbulo da orelha. - Você é cheirosa, macia, delicada e mesmo com essa barriga toda e andando como uma pata... - riu. - consegue ser maravilhosa. - beijou seus lábios com mais paixão. Foi correspondida, mas interrompeu o beijo. - No início quando tive receio de fazermos amor, era por me preocupar em não machucá-la. Depois eu relaxei, e hoje só não acontece porque você não quer.
 
- Estou me sentindo feia, desajeitada e por mais que você fale o contrário, sou eu que me sinto assim. Sei que faz de tudo pra que eu me sinta bem, mas não é fácil. - pausou e depois respirou pra falar. - Depois da cirurgia eu vou tirar o útero e pode parecer bobagem, mas sinto como se depois que acontecer, não serei mais mulher.
 
Enid a principio se assustou um pouco com o que ela disse.
 
- Entendo o que quer dizer. Só quero que saiba que nada mudou e nem vai mudar. Você será sempre a mesma Wednesday pra mim. A moreninha de olhos castanhos que encheu meu coração de amor, a pianista que tocou minha alma, a produtora que tem toda minha admiração, a mãe mais linda que já vi e por último e não menos importante. - sorriu. - A única mulher capaz de me deixar totalmente plena.
 
- Resumindo, eu a mato de orgulho. - Wednesday riu gostoso.
 
- É por aí. - Enid deu um sorriso tão bonito, acabou fazendo com que Wednesday chorasse.
 
- Eu te amo tanto. - alisou o rosto dela. - Você é o motivo de todas as minhas alegrias. Todos os meus bons pensamentos têm sua assinatura. - beijou-a - Amo você!
 
- Também te amo minha linda. Não fica amuada, que logo essa fase vai passar. - beijava o rosto dela com carinho.
 
Estavam conversando e namorando quando anunciou no jornal a morte de Mia. Ela havia sido encontrada morta dentro do próprio apartamento e tudo indicava que era um acidente na cozinha. Wednesday sentiu um arrepio no corpo e estremeceu.
 
- Meu Deus!
 
- Eu sabia. - Enid trincou os dentes.
 
- Apesar de tudo ela não merecia, morreu por querer ser corajosa demais.
 
- Tem horas que é melhor ser um manso vivo que um herói morto. Que adiantou tanta arrogância? Isso foi morte encomendada, tenho certeza.
 
- Vamos rezar pra ela amor, pra que Deus dê um bom lugar a sua alma e que descanse em paz.
 
Enid ficava impressionada com a capacidade que Wednesday tinha de ser simples e gentil. Tinha um bom senso invejável.
 
A notícia sobre Mia correu o país, o velório foi em São Paulo e Enid achou de bom tom ir. Deixou Wednesday com Esther e foi com Niall. Cumprimentou os familiares e não ficou muito tempo. Despediu-se dela muito triste e desejando uma boa passagem. No aeroporto enquanto esperavam o avião Enid viu um móbile musical, achou que ia combinar com o quarto das crianças. Cada peça ao ser tocada tinha uma nota e acendia uma luz bem suave.
 
- Agora preciso saber montar em casa. - riu pra Niall que se divertia com a cena.
 
- Você não existe. - fez sinal de negativo com a cabeça. - Se precisar de ajuda fala com a Pari, ela é ótima pra ler manual.
 
- Já percebi, ela lê, lê e lê. Depois faz tudo certinho. - riu. - Vão casar quando? - Enid perguntou na lata.
 
- Que isso! Ta muito cedo, queremos curtir primeiro.
 
- Ta certo, vocês são novos ainda. Eu que quis logo essa vidinha de casada.
 
- Ta reclamando? Você adora!
 
- Adoro mesmo, não troco por nada.
 
Viajaram falando sobre relacionamento e Niall se revelou muito conservador. Enid ficou admirada de ele aceitar numa boa o relacionamento dela com Wednesday e nunca ter feito uma cara feia.
 
Quando a promotora chegou Wednesday falava ao telefone com Perrie, contava das novidades e também recebia notícias do pessoal. Perrie insistia em contar sobre a gravidez para os pais de Wednesday, mas ela não deixou.
 
- Não Perrie, depois que eles nascerem eu vejo isso. E segura a língua de Sofia hein.
 
- Tudo bem.
 
- Vou desligar, Enid acabou de chegar de viagem.
 
- Mande um beijo pra ela e outro pra você e os nenéns.
 
Desligou e foi até o escritório atrás de Enid que guardava suas coisas.
 
- Chegou meu bem. Como foi por lá?
 
- Muito triste. O pai dela chorou, muitos amigos, reencontrei gente da faculdade. Todos emocionados.
 
Wednesday olhava penalizada.
 
- Está com fome? Sua mãe já deitou, mas eu preparo algo pra você.
 
- Não quero jantar, mas você faz um sanduíche pra mim? To sentindo falta da sua comida. - sorriu.
 
- Claro amor, vem.
 
Wednesday preparou um lanche e fez companhia para Enid, acabou comendo com ela.
 
- Comprei uma coisa, vou te mostrar. - a loira limpou a boca e correu pra pegar o móbile.
 
Wednesday foi atrás dela, mas andando devagar.
 
- Calma aí, não posso correr.
 
Enid veio com uma caixa na mão.
 
- Achei a cara deles e sua. - entregou a ela.
 
Wednesday abriu a caixa e viu o desenho do móbile.
 
- É lindo!
 
- Agora preciso aprender a montar. - fez uma cara de criança levada.
 
- Eu te ajudo. - sorriu pra ela. - Adorei amor! Vai ficar no quarto deles.
 
Abraçaram-se e Enid sentiu a barriga de Wednesday mexer.
 
- Mexeu! - pôs a mão e sentiu de novo. - Acho que gostaram do presente.
 
- Nos últimos dias eles têm mexido bastante. Hoje que você viajou eles ficaram quietos o dia todo. É só ouvirem a sua voz que eles se agitam.
 
- Eles sabem que a outra mãe é bagunceira. - agachou e ficou conversando com os nenéns.
 
Wednesday ria divertindo-se. Enid dava beijinhos e passava a mão bem de leve, como se fizesse carinho neles.
 
No final do sétimo mês Wednesday começou a ficar mais inchada e com dificuldade para andar por conta de dor nas pernas. Na consulta com Demetria, a médica pediu que ela ficasse mais em casa e que já fosse se preparando para ter os bebês.
 
- Daqui pra frente Wednesday estamos sob alerta, qualquer hora é hora. Deixe uma bolsa com roupas suas e dos bebês preparadas.
 
- Eu já fiz isso. - Enid correu em responder.
 
- Desde o terceiro mês de gravidez que essa bolsa ta pronta. - Wednesday revirou os olhos e riu.
 
- Precaução ué.
 
- Melhor assim não é Enid? Os precavidos valem por dois. - Demetria brincou com a promotora. - Procure ficar mais deitada e com os pés pra cima Wednesday, isso alivia o inchaço e mantenha a dieta com pouco sal.
 
- Moleza isso, Wednesday só gosta de doce.
 
- Doce pode, mas sem exagerar, não queremos uma diabetes gestacional já no fim.
 
Foram para o estúdio depois do consultório e Wednesday já anunciou que iria se afastar até ganhar neném. Combinou com Eugene de segurar os dois estúdios e Diogo ficaria a postos também. Os funcionários a cumprimentaram e desejaram saúde e felicidades a ela e aos bebês. Depois foi pra casa acompanhada de Esther.
 
- Às vezes sinto que vou explodir.
 
- É assim mesmo, quando estava prestes a ganhar Enid eu estava enorme. E ela nasceu grande hein?
 
- Tenho medo de acontecer alguma coisa comigo. - Wednesday falou apreensiva. - Esther... - olhou para a sogra. - Se me acontecer qualquer imprevisto, ajude Enid, por favor.
 
- Que isso Wednesday, não vai...
 
- Estou falando sério. - a interrompeu. - Se por acaso algo der errado, gostaria muito que meus filhos ficassem com vocês. Se dependesse de mim, minha família nem os conheceria, já que não estão dando a mínima para o que me acontece. - falou triste.
 
- Não vai acontecer nada querida, fica calma. Você está bem e os bebês vão nascer já cantando e dançando. - brincou.
 
Esther ficou preocupada, mas quis acalmá-la. Sabia que aquela gestação tinha sido toda controlada por conta do cisto e que Wednesday poderia sim ter algum tipo de complicação no parto. Não quis pensar negativo, então rezou para afastar aquela sensação.
 
Quando Wednesday entrou no oitavo mês de gravidez Demetria fez um ultrassom e viu que o cisto estava aumentando. Chamou Enid para conversar a sós, para não preocupar a empresária.
 
- Não quis que ela participasse dessa conversa, mas não é nada grave.
 
- O que houve?
 
- O cisto está aumentando e eu não posso dar mais medicação do que já estou dando, poderia prejudicar os bebês.
 
- Então...?
 
- Acho melhor marcarmos logo a cirurgia. Antes que as coisas se compliquem.
 
Voltaram para a sala e Demetria conversou com Wednesday.
 
- Quero marcar sua cesariana Wednesday, acho que não precisa esperar mais. Logo que você tiver os bebês, a gente já marca a cirurgia para a histerectomia.
 
- É, nunca achei mesmo que fosse ter parto normal.
 
- Poderíamos tentar se não fosse o problema do cisto, mas seria arriscado.
 
Marcaram a cesariana para uma quinta-feira, assim teriam alguns dias para se preparar.
 
Yoko se dedicou totalmente ao estúdio e teve uma boa ajuda de Tyler. Eugene vinha de São Paulo a cada quinze dias e lhe dava as coordenadas. O movimento não foi prejudicado e tudo estava sob controle, para a tranquilidade de Wednesday.
 
- Fica calma chefinha! Quando você voltar seu posto estará sendo ocupado por mim. - brincou.
 
- Ah é? Quero ver quando começar a receber cantadas de músicos folgados. Tyler vai morrer de ciúme.
 
- Ele ta na minha cola o dia todo. Parece até que ta marcando território.
 
- Deve ser mal de cariocas. Enid faz isso também. - riu.
 
- Fica tranquila que o estúdio está caminhando bem. E eu vou te mantendo a par dos compromissos, pra quando voltar não ficar tão perdida.
 
- Se Deus quiser, volto logo. - falou quase num desânimo.
 
Percebendo a carinha da amiga, Yoko quis descontrair.
 
- Ele há de querer. Relaxa, curte os bebês e a mãe babona deles. - riu.
 
Yoko tinha o dom de tranquilizar Wednesday. Sabia que estando nas mãos da secretária, nada daria errado.
 
Enid ajudou Wednesday a preparar a mala e certificar de que nada faltaria no hospital. Estava tudo pronto para a data marcada da cesariana. Porém um dia antes da cirurgia, Wednesday sentiu uma dor e teve um sangramento muito forte. Precisou ir às pressas para a clínica. Por sorte Enid estava em casa.
 
- Vim o mais rápido que pude. - falou com a médica já entrando no hospital.
 
- A sala de cirurgia está pronta. - Demetria falou colocando Wednesday na maca.
 
Estava cada vez mais pálida e parecia querer dormir.
 
- O que aconteceu? - a loira perguntou apreensiva.
 
- Não sei te dizer, só examinando. Dessa vez você não poderá entrar, mas fique tranquila que vai ficar tudo bem. Te dou notícias assim que possível.
 
Enid segurou a mão da mais nova e a beijou.
 
- Meu amor eu vou ficar aqui fora viu? Não saio daqui sem você, vai dar tudo certo.
 
- Eles... vão... ficar com você. - falou devagar e com certa dificuldade.
 
- Ficarão conosco, nós duas juntas.
 
- Amo você...
 
- Também te amo.
 
Wednesday entrou na sala de cirurgia e Enid ficou aguardando o que parecia ser uma eternidade. Fizeram alguns exames e descobriram que o cisto havia pressionado a bolsa e ela estourou. Por conta disso, Wednesday também estava com uma hemorragia e por isso o sangramento. Demetria mais que depressa fez a cesariana, primeiro nasceu a menina, logo em seguida o menino. Por estar sedada, Wednesday não os viu nascer. Quando Demetria entregou o garoto para que a enfermeira o limpasse os monitores cardíacos acusaram uma parada respiratória na empresária.
 
- Corre! - gritou para o enfermeiro.
 
A pressão dela baixava rapidamente, tentaram desfibrilador, mas ela não reagiu. Demetria achou que ia perdê-la.
 
- Uma última vez.
 
O enfermeiro veio, jogou a carga e esperou. Demetria olhou a pressão e havia estabilizado.
 
- Graças a Deus! - verificou o pulso e voltou-se para o enfermeiro. - Prepare que vou fazer a retirada do útero.
 
- Não vai esperar? Agora é arriscado.
 
- Se eu esperar ela pode ter outra hemorragia, não adianta retirar somente o cisto, vou fazer tudo de uma vez. Risco por risco, melhor não esperar.
 
Mais de quatro horas se passaram e Enid estava à beira da loucura. Queria notícias e só o que falavam era que Wednesday ainda estava em cirurgia. Sua mãe havia ligado e já vinha acompanhada de Yoko. Chegaram naquele momento.
 
- Enid por que você não me ligou? - Esther falou preocupada.
 
- Desculpa mãe, quando tudo aconteceu a senhora tinha acabado de sair.
 
- Cheguei em casa e não encontrei vocês, só me dei conta de que tinha acontecido algo porque não vi a bolsa de Wednesday no quarto, mas isso foi agora pouco.
 
- Eu nem me lembrei de nada. - Enid foi relatando tudo que tinha acontecido e terminou falando desanimada. - Faz horas que ela está lá dentro e eu não tenho notícia.
 
- Calma, ainda não devem ter terminado. - Yoko falou.
 
- Vamos rezar que tudo vai ficar bem. - Esther tentou confortá-la.
 
Dentro da sala de cirurgia Demetria terminava de fazer a histerectomia, Wednesday tinha a pressão muito baixa, mas resistia.
 
- Aguenta firme menina, estamos acabando.
 
- Doutora, ela está muito pálida. - o enfermeiro falou.
 
- Eu sei, mas ela vai aguentar. Tem duas crianças lindas esperando por ela.
 
Quando terminou a cirurgia pediu pra falar com Enid.
 
- E aí Demetria? Como ela está? E os bebês?
 
- Calma, uma pergunta de cada vez. Os bebês estão ótimos, você vai vê-los daqui a pouco. O parto foi relativamente tranquilo, mas Wednesday teve uma parada cardíaca. Pensei em retirar somente o cisto, mas não ia adiantar e isso poderia prejudicar a recuperação dela. Então fiz a histerectomia e essa cirurgia foi um pouco complicada devido a perda de sangue e baixa pressão dela. Wednesday está na UTI agora e em coma.
 
- O que?!
 
- Calma.
 
- Calma?!?! Demetria minha mulher está em coma e você me pede pra ter calma?!
 
- Não adianta se apavorar. Enid, ela é nova e tem grandes chances de se recuperar. Está numa das melhores clínicas do país.
 
Enid apertava o braço da cadeira, estava com raiva, com medo, tinha tantas sensações que não sabia qual era a pior.
 
- Posso vê-la?
 
- Primeiro vou te levar até as crianças, estão na incubadora.
 
Ao ver os filhos Enid se emocionou.
 
- Ele é a cara dela. - Demetria falou. - E posso afirmar que a menina se parece com você.
 
O menino tinha o cabelo castanho claro e era muito branquinho, já a menina tinha os cabelos muito loiros.
 
- São saudáveis, nasceram com quase três quilos cada um. Agora vem, vou te levar na UTI, mas lá não podemos demorar.
 
Quando Enid viu Wednesday toda cheia de aparelhos, não aguentou e chorou.
 
- Por que isso aconteceu?
 
- Calma Enid, Wednesday vai sair dessa. O tempo será nosso aliado agora, as primeiras quarenta e oito horas serão cruciais.
 
- Esperar é que é o problema. E os bebês?
 
- Ficarão aqui nesse mesmo período, melhor pra eles, pois nasceram prematuros.
 
- Vou falar com minha mãe e uma amiga que estão lá fora.
 
- Pode ficar sossegada que eu mesma vou monitorar tudo. Não sairei desse hospital até que Wednesday saia daqui andando.
 
Enid se sentiu confortável com aquelas palavras, Demetria lhe passava uma segurança e isso era importante. Contou a mãe e a Yoko que ficaram desoladas.
 
- Não sei se agradeço ou se reclamo. Meu Deus, não podia vir as notícias boas todas juntas? - Yoko falava.
 
- Ela vai ficar bem, minha intuição de mãe diz isso.
 
- Deus te ouça mãe... Deus te ouça.
 
As três saíram do hospital, deixaram Yoko em casa e foram pra casa. O apartamento de Enid nunca ficou tão vazio, chorou como uma criança ao olhar o quarto dos bebês.
 

 
- Queria que eles estivessem aqui. Queria que ela estivesse aqui.
 
- E estarão, daqui uns dias. - Esther a abraçou.
 
- Vou voltar pra lá mãe e esperar, quero ficar do lado dela.
 
Esther ia censurar a filha, mas pensou no que ela estaria sentindo.
 
- Tudo bem, faça o que se sentir melhor.
 
Enid tomou banho, pegou algumas roupas e foi pro hospital. E nos dias que se seguiram ficou ao lado de Wednesday e dos filhos. Os amigos ligavam e sempre diziam palavras reconfortantes, desejando saúde. As quarenta e oito horas se passaram e o estado da moreninha era estável. Nem havia melhorado, nem piorado. Demetria a monitorava todos os dias e num deles perguntou a Enid.
 
- Quando é que vão colocar nomes nos bebês? Está esperando ela acordar?
 
Enid sorriu meio sem graça.
 
- Na verdade sim.
 
- Enid, acho melhor fazer de uma vez, pois pode demorar. - tentou não ser pessimista.
 
- Trouxe uma caixa com vários nomes. É pra sortear.
 
- Como é?! - a médica perguntou surpresa.
 
- Wednesday queria assim, então vou fazer do jeito que ela desejou.
 
Demetria achou engraçado, mas entendeu. Enid pegou a caixa e pediu a mãe para sortear. Esther mexeu bem os papéis e puxou um.
 
- Ai meu Deus! Espero que tenha escolhido bons nomes. - desdobrou o papel e leu. - Luna e Henrique.
 
Enid deixou escorrer uma lágrima no rosto e não falou nada.
 
- Que nomes lindos. - Demetria falou sorrindo. - Bela escolha vovó. Vou pedir imediatamente para colocarem as pulseirinhas. - falou e saiu do quarto.
 
- Ela vai adorar esses nomes. - Enid falou.
 
- Vai sim filha. - Esther a abraçou.

Melodia | Wenclair (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora