Capítulo 5 - Sala comunal da Sonserina

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Entrei bufando na comunal no fim do dia, Gina Weasley acabara comigo sem falar nada, era absurdo o quando essa garota estava me afetando, não me lembro de uma única palavra das minhas aulas hoje, depois teria que revisitar minhas memórias com legilimência para tentar captar alguma coisa do que os professores estavam dizendo.

Me joguei na poltrona perto da lareira e suspirei, nem notei que havia pessoas ali, olhei para os lados e vi os amigos do meu irmão. Aff, era só o que faltava, conhecendo bem o Draco, ele deve ter ameaçado metade da Sonserina para ficar de olho em mim, mas não estava a fim de lidar com isso agora.

Pansy foi a primeira que soltou uma risada, antes de destilar seu veneno habitual:

- Problemas no paraíso ruivo Malfoy? – Todos caíram na gargalhada. Ah pronto, virei piada agora, estava tão na cara que a Gina estava me afetando? Draco nunca falaria nada, ou sim? Onde ele estava afinal?

Sorri maliciosamente e rebati: - Pelo menos eu consigo estabelecer vínculos com humanos Parkinson, ao contrário de você, que até as portas fogem da sua personalidade. – Consegui o que eu queria, direcionei a risada dos amigos do meu irmão para ela, ela ficou roxa de raiva. Graças a Merlin, Draco escolheu aquele minuto para entrar, vindo direto em nossa direção.

- Aly, resolveu se juntar a nós? Estava mais do que na hora. – Eu revirei os olhos e relaxei na poltrona de novo, ele até poderia me provocar, mas não ia me humilhar publicamente.

- Meu dia foi uma merda Draco, não estou com humor para os joguinhos de vocês. – Virei a cabeça para a lareira e senti os olhos do Draco na minha nuca, quase instantaneamente o senti tentando entrar na minha cabeça delicadamente, eu pensei em o repelir, mas ia acabar desencadeando a segunda guerra bruxa se ele resolvesse tirar satisfação com quem quer que seja que ele pensasse estar fazendo qualquer coisa comigo.

Sussurrei em sua cabeça:

- Ta tudo bem Draco, eu juro, só estou frustrada e com raiva por você estar sempre certo. – Aguardei sua resposta, mas ela não veio. Olhei ao redor e ele tinha ido embora, ah pronto, até ele tinha resolvido me abandonar agora.

Fiquei no meu torpor de melancolia e autopiedade por mais alguns minutos antes de me levantar e ir tentar anotar as coisas das aulas de hoje. Quase dei de cara com a Pans, ela se aproximou no exato momento em que eu resolvia me levantar. Aparentemente querendo falar comigo de novo:

- Desculpa Pans, não devia ter descontado em você. – Ela me olhou surpresa, não deve estar acostuma a ouvir a palavra "desculpa" saindo da boca de um Malfoy, preciso me lembrar disso, fiz uma anotação mental: 'não se desculpar em público'.

- Eu mereci, tudo bem. Quer conversar? – E essa agora? Pansy Parkinson queria ser minha amiga?

- Hmm, não sei, nunca fomos amigas.

- É porque somos todos iguais aqui Aly, não deixamos ninguém se aproximar muito e acabar tendo algum tipo de vantagem sobre nós. Sei que parece exagero, mas acredito que seus pais não sejam diferentes dos nossos.

Eu entendi do que ela falava, mamãe tentava ser mais gentil e compreensiva, mas tudo girava em torno das aparências, do poder e da manipulação. Draco amenizava muito esses comportamentos, mas sei que ele acabava recebendo muitas punições por isso, ele me protegia de todos, até mesmo dos nossos pais, acho que é por isso que ele está frustrado comigo hoje. Eu não reconheço o suficiente os esforços dele em cuidar de mim, droga.

- Sei o que você quer dizer, mas é que eu odeio isso, só queria ser eu mesma, é cansativo fingir o tempo todo.

- É, mas você não precisa fingir com a gente, sei que parece muito ruim agora, ser amiga dos amigos do seu irmão, mas somos uma família aqui, você chegou a pouco mais de um mês, eu levei seis meses para admitir que eu só tinha esses pentelhos que conhecia desde criança e que ninguém mais me entenderia como eles. – Ela deu de ombros e me encarou, aguardando.

- Obrigada, eu acho, você provavelmente tem razão, e essa coisa do herdeiro de Sonserina não ajuda.

- Realmente. Eu vi o que escreveram para você no banheiro, se precisar que eu acabe com a raça de algumas delas, é só chamar, você não está sozinha como pensa Aly, seu irmão não permitiria.

- Onde ele foi?

- Pro quarto, vai lá falar com ele. - Ela sorriu genuinamente agora e eu fiquei agradecida, talvez eu realmente estivesse enganada sobre todos eles, pelo menos sobre Pans.

Bati na porta e o chamei, ele murmurou um entra e eu respirei fundo antes de entrar, não costumo ser o motivo do desapontamento do meu irmão, ele até pode dizer que sou a princesinha do papai, mas Lúcio Malfoy só tinha olhos para seu herdeiro, eu era a princesinha dele, do meu irmão.

- Achei que você viria Aly, senta. – Eu não esperava pela ordem, mas me sentei, obedecendo pela primeira vez na vida sem questionar, ele percebeu e relaxou um pouco.

- Draco, eu não queria te afastar, desculpa. – Ele fez um movimento com a mão como se isso não fosse importante. – O que houve então?

- Você falou com o Potter? – Pisquei confusa, mas assenti.

- E então?

- Ele pareceu mais tranquilo, pelo menos até o próximo ataque. – Ele concordou com um gesto minúsculo de cabeça.

- O que você está planejando?

- Eu recebi isso hoje. – Ele me alcançou uma folha de pergaminho:

"Sabemos que foi você quem soltou esse monstro na escola, Malfoy, mantenha seu bichinho de estimação longe da mesa da Grifinória".

- Eles precisam se decidir, sou eu ou Harry afinal? Quem eles pensam que são? Ameaçando crianças de onze anos e se achando melhores que nós? Tudo em nome do heroísmo? Eu to cansada de ser tratada como a vilã, a Gina está me evitando, Draco! Eu vou acabar com todos eles, não vou ficar me escondendo, se eles querem um monstro, é isso que eles vão ter. – Vi o brilho malicioso de orgulho passar por trás dos olhos do meu irmão e fiquei satisfeita.

- Era sobre isso que eu queria falar com você, mas essa sua melancolia é insuportável. – Ele riu e eu não consegui evitar rir junto, eu estava sendo muito idiota mesmo, o que deu em mim? Passei toda a vida esnobando os filhos dos amigos dos nossos pais e na hora que conheço uma pessoa nova, decido ser a sombra dela? Eu estava sendo ridícula.

Olhei séria para Draco:

- Quem você acha que nos mandou isso?

- Tenho algumas suspeitas, mas como não posso provar, vou precisar causar alguma comoção para mostrar de uma vez por todas que não se brinca com os Malfoy. Começando pelo quadribol amanhã. Esses idiotas vão se arrepender do dia que cruzaram meu caminho, ninguém ameaça minha irmã.

- Eu espero que você não mate ninguém, maninho. – Caímos os dois na gargalhada, Draco era dramático, e estava puto, ia aprontar alguma, com certeza.

Alya Malfoy em O retorno do HerdeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora