Capítulo 2 - Imigração

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Demetria

Voltei para minha sala, lentamente, minhas pernas trepidaram, senti um leve escurecer em minhas vistas, quase que uma tintura, o cheiro de café em minha sala me enjoou um pouco. Gravidez? Jamais. Ri com meu próprio pensamento, afinal eu não transava desde.... Busquei em minha memória, droga eu nem lembrava de minha última relação sexual. Me sentei na mesa, e respirei fundo, tão profundamente que precisei fechar os olhos por um momento.

- Senhorita Lovato? Tudo bem? Ouvi a voz da Gomez ao longe, então abri os olhos para encarar ela. - Senhorita Lovato?

- O que é? - Respondi ríspida.

- Pelo que vejo já está bem. - Eu era a megera, ok? Mas ouvir isso as vezes dói mais do que parece e me deixa frágil. Talvez fosse lembranças passadas que me deixassem assim, quantas vezes eu ouvi que não seria ninguém, que nada daria certo, que eu seria uma nada pro resto de minha vida. 

O telefone tocou e ela atendeu prontamente, e eu nem ouvi o que ela dizia. -  Sirah espera a senhora na sala dela.

- Droga mais essa. - Afirmei - Desanimada, afinal quem não perde a pose com algumas alfinetadas sobre terminar a vida sozinha? Me levantei e ajeitei o blazer. O celular de Selena tocava e ela fingia não ser o dela. - Atenda logo.

- Oi, não posso falar agora. - Ela atendeu totalmente constrangida. - Não eu não posso... Estou no trabalho mãe... eu sei é que ...- Eu olhava torto e então ela desligou o telefone.

– Me desculpe, festa de família e minha mãe costuma a ficar desesperada com esses eventos, ou qualquer outro, enfim... É a festa de cem anos da vovó. - Nem família eu tinha quanto mais uma avó que completaria cem anos, e eu era tão megera a ponto de fazê-la trabalhar e perder isso. Eu estava com pena? Sim..., mas temos que nos virar em certas situações.

– Bom vou ver o que aquela coisa quer, me busque em dez minutos, temos muito o que fazer.

- Ok. - Eu passei reto pelo corredor. Entrei na sala e logo a morena me cumprimentou.

– Demetria.

– Olá Sirah. Me chamou pra um segundo aumento? - Disse rindo, mas a seriedade da morena me preocupou.

– O assunto é bem sério na verdade. Se lembra da feira do livro em Londres?

- A que eu quase perdi por conta do visto?

- Sim essa mesmo.

- O que tem ela?

- Bom a empresa ficou feliz porque você conseguiu aquele autor, mas as autoridades não, hoje de manhã falei com seu advogado sobre o visto e eles negaram exatamente por essa sua irreverência, vamos dizer assim.

- Vamos pedir outro.

- Demi não é simples assim. Nós até podemos pedir outro, mas você vai ser deportada e ficará pelo menos um ano no Canadá. - Aquele baque foi gigantesco.

-Bom posso alugar um escritório lá assim, fazer videochamadas... - Eu tentava pensar em um jeito desesperadamente em minha cabeça, mas nada vinha como ideia.

- A questão é que sendo uma pessoa deportada você não pode ser editora de uma empresa americana.

- Você sabe que sou competente e a melhor no que faço.

- Sei que é a melhor nisso, e me dói colocar o Joe no seu lugar.

- Joe? O que eu acabei de demitir?

- Sim, ele é o que nos restou. - Merda, merda, merda era um conjunto de merda das grandes, inferno o que eu faria agora. - Escutamos leves batidas e Selena entrou.

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