"Eu era muito novo para entender.
Para entender que... nada do que eu faça está bom o suficiente. Nada do que eu diga será ouvido totalmente. Nada que eu sinta tenha importância realmente...
E a cada dia vivendo no inferno...
Ouço meu cérebro abso...
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— Hany…? Hany, está me ouvindo?! Hany! — Bel balançou a mão na frente do meu rosto, segurando em meus ombros e me sacudindo. Mas eu ainda estava processando tudo que havia acontecido.
— Me diz que eu não estou sonhando… — Murmuro, paralisado. Ouço ele suspirar, e logo grito pela dor em meu braço quando o maldito me beliscou. O encaro feio e ele sorri inocentemente, cruzando os braços.
— Não, não está.
Conheci Bel em um desfile de moda. Estávamos na primeira fila e disputamos com duas socialites dois vestidos que entraram em leilão após o desfile. Obviamente ganhamos. Trocamos números de telefone e desde então nos falamos sempre.
— Ele me beijou… — Murmuro, desacreditado. Bel soltou uma breve risadinha.
— E te convidou para jantar — Acrescentou, me fazendo olhá-lo.
— E me convidou para jantar — Repito e ele ri, me abraçando.
— Estou tão feliz por você, Hany!
— Não sei o que vou vestir…! Eu não sei! — Exclamo, nervoso. Então olho para Miguel no sofá da sala, assistindo televisão, passando algum desenho que eu não conhecia. — E ele? Quem vai cuidar?
— Hany — Bel chamou, segurando meu rosto entre suas mãos. — Está tudo bem, fica calmo. Vai dá tudo certo. Eu só viajo amanhã com o Henry, então posso ficar olhando o Miguelzinho. E nada de batom vermelho. Não é bom para beijar — Alertou, me fazendo sorri levemente, concordando.
— E se… ele não gostar das minhas roupas? — Questiono, nervoso. Ele balançou a cabeça.
— Se ele não gostar, então não é o cara certo — Ditou, me obrigando a concordar.
— Certo… certo, tem razão… Agora preciso me arrumar! — Exclamo, o beijando no rosto e em seguida me aproximando do Miguel, segurando suas mãos. — Oi, pequenino… eu só quero avisar que irei sair hoje à noite, mas não precisa se preocupar porque o tio Bel vai cuidar de você, além disso, todos desta casa vão garantir que fique bem, ok? — Falo, e mesmo receoso, ele assente.
— Eu vou ficar com ele, tio Hany! — Rory exclamou, descendo as escadas às pressas, já banhada e com seu pijama de unicórnio que a deixava uma gracinha de tão fofa. Miguel pareceu se acalmar ao vê-la. Rory "escalou" o sofá, se sentando ao lado de Miguel. — Vamos assistir Barbie! — Falou, e não houve rejeição da parte de Miguel. Coloquei o filme para eles ficarem assistindo e subi para meu quarto para poder me arrumar.
Tomei um banho caprichado, daqueles especiais que só tomamos quando a ocasião significa à dois. Olhei inúmeras peças de roupas, algumas elaboradas até demais, outras nem fazia sentido, para no fim, eu optar por um vestido vermelho tubinho, justo e curto. Coloquei uma meia calça rendada negra e saltos scarpin de mesma cor.
Peguei uma gargantilha vermelha com um coração dependurado, a colocando e me sentando em frente a penteadeira, fazendo uma maquiagem mais leve na pele, e marcando mais meus olhos. Coloquei minhas lentes de contato e passei um batom e gloss nude. Passo meu melhor perfume e me preparo mentalmente, porque era a primeira vez que eu era convidado para um encontro, então, o nervosismo estava presente.
Não sei o que ele tinha em mente. Se finalmente havia me notado, ou apenas pensava como todos os outros e decidiu transar comigo. Mas de qualquer forma, eu estava aqui, descendo as escadarias e indo ao seu encontro.
Prendi a respiração ao vê-lo e me segurei no corrimão para garantir que minhas pernas não iriam me trair e me fazer ceder.
Que Oden Bergan era lindo, eu já sabia. Mas agora estou achando um atentado ao pudor de tão gostoso que ele estava.
Meu. Deus.
Engulo em seco, o olhando de cima abaixo, apreciando cada mínimo detalhe, a calça preta um pouco justa, marcando suas coxas grossas. A camisa social branca estava com metade dos botões abertos, revelando parte de seu peito e as correntes em seu pescoço. O suspensório na calça estava me matando, porque somente nele aquilo ficava divino e extremamente sexy. E em seu braço ele mantinha apoiado um sobretudo cinza escuro.
Ele não demorou a notar minha presença. Foi inevitável não me sentir quente com seu olhar percorrendo todo o meu corpo, respirando fundo e descendo as escadarias. Ele se aproximou, me estendendo a mão, na qual a peguei prontamente, sorrindo ansioso.
— Você está lindo, Hany — Elogiou, fazendo meu peito aquecer com suas palavras.
— Obrigado… nem vou te elogiar, porque nenhum adjetivo é o suficiente para descrever o que estou pensando agora — Insinuo e ele ri levemente, me guiando para fora da mansão. Ele pediu para prepararem seu próprio carro, e meu queixo caiu quando vi o belo automóvel em frente à entrada da mansão. Nada mais, nada menos, que um Bugatti La Voiture Noire.
Ele não está brincando em serviço.
Odd abriu a porta do lado passageiro, me ajudando a entrar, o que me fez sorri com seu cavalheirismo. Então o vejo dá a volta e ocupar o banco do motorista, logo dando partida.
Certo, preciso mentalizar para ficar calmo e não ter um surto acreditando que enlouqueci e estou sonhando.
Estou realmente saindo para um encontro de verdade com Oden Bergan.
