CAPÍTULO #6

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“[...] E tudo que eu te dei se foi
Tremeu como se fosse pedra
Achei que tínhamos construídos uma
Disnatia que o céu não poderia abalar.
Achei que tínhamos construído uma Disnatia como nunca feita.
Achei que tínhamos construído uma
Disnatia que não poderia se quebrar [...]”

— Dysnaty, MIIA

Coloco a faixa de renda em meus olhos, sentindo a música aos poucos atravessando meu corpo, a deixando tomar conta por completo, me arrancando um sorriso sincero, começando a movimentar meu corpo ao som de Just The Way You Are, do Bruno Mars

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Coloco a faixa de renda em meus olhos, sentindo a música aos poucos atravessando meu corpo, a deixando tomar conta por completo, me arrancando um sorriso sincero, começando a movimentar meu corpo ao som de Just The Way You Are, do Bruno Mars.

Começo com passos simples, movimentos pequenos, sentindo o ritmo. Já tem um tempo que não danço para me distrair, para esvaziar minha mente. E com os olhos vendados, sinto a música dez vezes mais, como se ela fizesse parte de mim, como se eu fosse sua marionete, me movimentando de acordo como ela quer.

"Quando eu vejo o seu rosto
Não há nada que eu mudaria
Pois você é incrível
Exatamente como você é…"

Sinto o peso da letra, e minha mente traiçoeira me levando para alguém que não me dá a mínima, nem para me usar, como todos fazem. Nem para eu ser seu objeto de prazer. Para ele eu não sirvo para absolutamente nada.

Respiro fundo, mantendo meu foco e intensificando meus passos, sentindo as lágrimas molharem a faixa. Aqueles versos, aquelas palavras, não serviam para mim. Ninguém me diria coisas do tipo, mas eu gostava de fugir da realidade às vezes e imaginar que eu poderia ser sim importante para alguém.

Talvez.

A música chega ao fim e eu paro, respirando fundo e retirando a faixa dos meus olhos.

— Integrante novo? — Ouço a voz de Matt ecoando na academia de dança, me fazendo sorri levemente, me virando e vendo ele colocar sua bolsa no chão, se aproximando.

— Lucian disse que eu poderia usar se precisasse… não sou bem vindo? Vou me sentir ofendido — Brinco e ele sorri, balançando a cabeça e vindo em minha direção. Ele se alongou e selecionou a faixa de música.

— Sei como é usar a dança como método de escape — Insinuou, me olhando por cima do ombro. Engulo em seco, não o respondendo. Matt retirou a camisa, ficando apenas com a calça moletom vermelha e os tênis esportivos, se posicionando ao meu lado. — Que tal extravasar um pouco? — sugeriu, me arrancando um sorriso e dando play, fazendo uma careta ao reconhecer o ritmo.

— Quer me fazer entrar em depressão de vez? — Resmungo e ele ri, me estendendo a mão. A seguro, sorrindo levemente.

— Não estrague o momento. — Sendo assim, começamos a dançar Dysnaty, em uma performance a dois.

Nossos corpos se movimentavam em perfeito equilíbrio, uma dança mais triste, carregada de emoções que eu não gostaria de exibir, mas na arte da dança eu poderia ser tudo e ao mesmo tempo nada. Eu não estaria vulnerável. Pelo contrário. Eu estaria mais impenetrável do que nunca.

— O que aconteceu? — Matt questionou, ainda durante a dança, abraçando minha cintura e me girando, enquanto eu tentava raciocinar entre os passos e sua pergunta delicada.

O que aconteceu?

Ah, tantas coisas aconteceram.

— Nada… — Uso a melhor resposta que encontro, e a padrão. Mas não funcionou com ele.

— Pode mentir o quanto quiser, mas hoje não vi aquele brilho em seus olhos. Você não parece radiante como sempre está. Quem apagou essa estrela? — Questionou, o que me fez ri brevemente, parando a dança, respirando fundo e o olhando.

— Eu mesmo fiz isso. Mas não se preocupe. Logo me acendo de novo. Só preciso de uma nova luz — Brinco e ele me encara por alguns segundos em silêncio, pensativo.

— O amor estraga muitas coisas. Mas a pior delas, é quando estraga a si mesmo — Recitou, me fazendo olhá-lo.

— Por que acha que meu problema é amor? — Questiono e ele sorri, se sentando no chão e pegando sua garrafa com água, bebendo um pouco.

— Porque é óbvio. O amor te afeta de dentro para fora. Não é bonito. É doloroso. — Me aproximo, me sentando ao lado dele, encostando minha cabeça em seu ombro.

— Eu digo a mim mesmo que não preciso de ninguém, que estou feliz e bem resolvido sozinho… — Murmuro e ele vira o rosto para me encarar.

— E então?

— Acontece que dizer isso por tantos anos… já não está mais funcionando. É solitário e… na maioria das vezes, ou melhor, todas as vezes, não passo de um objeto sexual para estranhos. E não consigo sair disso. Porque, quando penso que pode sair algo legal, ter esperança… no fim, a pessoa só queria uma coisa…

— Sexo. — Matt completou comigo, me fazendo encará-lo.

— É… sexo.

— Hany, você é a pessoa mais corajosa que eu já conheci na minha vida, de verdade. Eu te admiro. E seja lá o que for que esteja te afetando, sei que vai dá um jeito, porque tudo é passageiro. E não desejo que jogue fora sua essência por conta de ninguém. Se tem algo que aprendi nessa vida, é que quanto menos você se valoriza, mais as pessoas pisarão em você. Então, leve o tempo que precisar para chorar, para extravasar, e então volte dez vezes mais forte do que antes, porque assim, será muito mais difícil te derrubar na próxima — aconselhou, me arrancando um sorriso sincero, agarrando seu braço e me mantendo junto dele.

— Está livre hoje à noite? Estou precisando deste ombro largo e musculoso para chorar — Brinco e ele sorri.

— Tenho dois ombros se for preciso.

— Você é o melhor! — Exclamo e ele ri, balançando a cabeça, me puxando para dançar novamente enquanto os meninos não chegavam.

Conhecer Matt foi sem dúvidas o melhor dia da minha vida. Porque ele era um dos poucos, senão o único, que conhecia minhas fragilidades. Que eu não tinha medo de ser eu mesmo perto dele, porque eu sei que ele não vai me julgar.

Pelo contrário, ele sempre me acolheu em seu abraço, como um amigo protetor e cuidadoso que ele é. Ele é do tipo que se você estiver no fundo do poço, ele desce até lá e fica com você até que esteja bem novamente para se reerguer.

E neste momento, ele desceu até o fundo do poço por mim

Para eu me reerguer depois.

TURN OFF - Livro 4 da Série King Of Sex (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora