Max Konrthas

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Eu tinha notado o espanto e a confusão no rosto dele assim que ele me viu, o que foi espantoso pra mim também, não ver aquele característico sorrisinho debochado, que ele fazia questão de esbanjar assim que me via, eu me perguntei o que o fato de eu estar trabalhando em um café tinha a ver com a sua falta de arrogância. O dia naquele café foi quase anestésico, até ele aparecer. Não bastasse sua entrada chamar atenção, ele não estava sozinho. A garota ao seu lado parecia saída diretamente de um drama coreano, impecável em cada detalhe, como se a própria perfeição tivesse tirado um dia de folga para caminhar ao lado dele.

Algo dentro de mim revirou, atribui a culpa disso ao fato do meu corpo todo parecer detonado pelo cansaço.

A garota, sem perder tempo com mei drama invisível, ergueu a mão num gesto autoritário (porque só tinha eu disponível para atendê-los, óbvio que o destino gostava de se divertir com a minha cara) fui até eles me lamentando.

- Boa tarde! Um Latte e uma fatia de torta de limão, por favor - disse ela, com um tom suave, quase etéreo. Dirigi o meu olhar para o idiota. E lá estava ele, com os olhos fixos em mim, como se eu fosse algum enigma a ser resolvido. O que havia de errado com esse cara, ou será que tinha algo no meu rosto?

Discretamente toquei o meu rosto para me certificar de que não estava sujo ou algo assim.

- E você, senhor? - o chamei quando ele não tinha feito nenhum movimento para fazer o pedido, forçando o tom mais neutro que conseguia.

- Café preto.

Suspirei internamente. Claro que pediria algo tão monótono. Algo que só uma alma amarga poderia apreciar. Anotei tudo e me afastei, mas não antes de sentir seu olhar queimando em minhas costas. Aquilo não era novo, mas, agora, parecia pior, como se eu fosse uma mosca dentro da sua xícara de café.

——

Voltei com os pedidos, lutando para manter as mãos firmes. Era ridículo o quanto ele me afetava. Eu já tinha enfrentado pessoas piores, mas aquele cara tinha uma maneira de fazer o ar pesar só por existir.

Pela forma que ele me olhavam era como se eu tivesse duas cabeças no pescoço, ele estava mais estranho do que nunca, ou talvez ele tinha esse comportamento bipolar mesmo. Afinal eu não o conhecia de qualquer forma.

- Porque está trabalhando aqui?

Sua expressão não parecia muito amigável, olhei para a garota, desconfortável. Ela me olhou dos pés a cabeça não com desdém mas com curiosidade, como se estivesse assistindo a um filme intrigante.

- Desculpe, não posso conversar no horário de trabalho - respondi, tentando manter a compostura. Dei um passo para me afastar, mas a mão de P’Max se fechou ao redor do meu pulso, era o primeiro contato pele a pele que eu tive com ele. E foi como se o tempo tivesse congelado.

Era como se todas as minhas terminações nervosas estivessem se agrupado naquele local, O toque dele foi uma mistura de brasas e gelo. Não doloroso, mas elétrico. Quando nossos olhos se encontraram, algo nele se quebrou, uma hesitação que nunca esperei ver ali. Levantei o olhar até os suas íris obscuras, ele também estava olhando para a sua mão em meu pulso. Eu sabia que a garota estava nos encarando mas eu simplesmente não conseguia puxar meu braço, apostava que parecia um belo show olhando de fora.

- Você é bolsista?

A voz dele não estava como de costume irônica e com aquela pitada de arrogância agora havia desprezo e... algo mais.

- Sim. - A resposta saiu de mim antes que eu pudesse controlá-la.

Como se a palavra tivesse algum poder mágico, ele largou meu pulso com a mesma rapidez com que o tinha agarrado, como se eu fosse algo contaminado. Aquele olhar... repulsa pura me desestabilizou. E o pior era o nó na minha garganta, porque, por mais estúpido que fosse, aquilo me magoou. Totalmente desconcertado me virei para me esconder na cozinha, mas antes que eu chegasse a porta ouvi a garota perguntar.

The Beauty Of Chaos (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora