FREENBECKY EM CASOS DE ''POLÍCIAS''

Elas me amam de qualquer jeito

Freen desceu as escadas e ouviu uma música suave tocando baixinho na sala.
Becky estava na cozinha.

Assim como Freen, ela havia tomado banho e usava um roupão branco. O cabelo bagunçado a deixava ainda mais linda.

Parecia mais aliviada e seu rosto estava mais sereno e menos preocupado.
Freen a observava em silêncio.

Becky havia lhe dado uma camiseta e uma calça moletom. Embora a camiseta tenha ficado um pouco justa, serviu perfeitamente em Freen.

- Detetive! As roupas serviram muito bem em você.

- Gosto de roupas assim. Me deixam á vontade.

- Fiz comida instantânea, espero que goste.

Freen sorriu e sentou-se à mesa.
Era a vez de Becky observá-la.

Estava se perguntando como aquela mulher de nariz empinado e muito arrogante que havia entrado em sua sala, de repente apareceu sem avisar e ainda por cima, com um doce e sincero pedido de desculpas.

Os pensamentos de Becky foram interrompidos.

- Não vai comer diretora Armstrong?

- Hã...?

- Não tá com fome?

Becky ficou em silêncio e novamente seu olhar cruzou com o de Freen.

- Por que estava me olhando?
- Não estava.

Freen encarou novamente Becky que começava a comer.

- Sempre faz isso diretora?

- isso o quê?

- Sempre analisa as pessoas?

- Quer mesmo saber detetive? Estava me perguntando o que aconteceu pra você vir tão rápido me pedir desculpas.

- Eu fui obrigada. Tinha uma comandante ameaçando me demitir, uma capitã pegando no meu pé, um advogado exigindo uma explicação e uma diretora mima...uma diretora querendo me processar.

Becky olhou para ela sério.

- Então você me acha mimada?

- Eu não disse isso.

- Não com todas as letras.

Freen tomou um pouco de água e continuou.

- Tudo bem! Você quer sinceridade diretora? Então, vamos lá. Você é mimada sim. Aposto que foi criada de uma maneira que as pessoas faziam todas as suas vontades e ainda é assim. Você é do tipo que gosta de mandar e quando encontra alguém que a contraria você age como agiu hoje: dando chilique e fazendo ligações que prejudicam o trabalho dos outros por puro e simples CAPRICHO.

Becky ficou paralisada sem saber o que dizer. Freen pediu licença e levantou em direção a pia.

Becky continuou na mesa.
Alguns minutos se passaram.

Freen estava no sofá quando Becky sentou ao seu lado.

- Você tá enganada detetive. Não sou o que você pensa.

Freen tomou o uísque que tinha no copo de uma vez só.

Ela ia responder o comentário de Becky, quando um barulho estrondoso fez a diretora quase pular no colo dela.

Becky ficou tão assustada que apertou com força o braço de Freen.

Embora Freen também tenha se assustado, ela se concentrou apenas no rosto de Becky que a olhava assustada e sem jeito.

- Me desculpe detetive...eu...

Becky estava trêmula.

- Calma diretora. Isso deve ter sido um raio, trovão ou algo assim, a chuva ainda tá forte.

Becky ia servir uma dose da bebida, mas Freen a impediu.

- Calminha aí. Não pode beber toda vez que fica nervosa.

- Você não me conhece, não sabe nada da minha vida e também julga muito mal as pessoas.

- Ficou com raiva do que eu falei?

- Eu não sou mimada. Você que é arrogante e muito metida também.

Freen fez exatamente o que a maioria das mulheres odeia quando estão com raiva:

Sorriu da cara de Becky. Aliás, não sorriu, gargalhou mesmo.

A diretora Armstrong fez novamente o biquinho de criança emburrada.

Freen olhou para ela com a cara mais cínica que uma pessoa pode fazer.

- Adoro mulheres sinceras senhorita Armstrong.

- Gosta de tirar as pessoas do sério não é mesmo?

- Essa carinha de anjinho com raiva não me assusta, já estou acostumada. É uma maneira das mulheres reagirem ao meu charme. Elas me amam de qualquer jeito.

- Você se relaciona com mulheres?

- Isso é um problema pra você?

- Não, não quis dizer isso? É que...

- Que...?

- Nada, isso não é problema meu. Só não entendo como alguém que se relaciona com mulheres consegue irritar tanto elas.

Becky levantou, se despediu de Freen e subiu para seu quarto.

Freen seguiu cada passo dela até perdê-la de vista.