Efeito SAROCHA

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Era a primeira vez que Becky se sentia realmente segura naquele dia.

Agarrou firme na cintura de Freen.
Não quis o capacete que ela ofereceu.
Ficou ali agarrada enquanto ela pilotava.
Em cada sinal que a detetive parava, Becky encostava o rosto na costa dela e fechava os olhos.

A cabeça doía. O corpo inteiro doía.
Ainda sentia o rosto arder do tapa que havia levado.

Estava com medo, com fome e exausta.
Freen sentiu Becky tremendo.
Desacelerou e parou por um momento. Tocou as mãos de Becky e percebeu que estavam frias.

- Tudo bem aí?

- Me sinto fraca. Disse a diretora agarrada em Freen.

- Sinto como se fosse desmaiar.

- Estamos indo pro hospital, aguenta só mais um pouco.

Becky se aconchegou ainda mais em Freen.
A detetive ligou novamente a moto e seguiu o caminho sem tanta pressa.

Estava com o pensamento longe, aflita por não ter notícias de Nam e ao mesmo tempo preocupada com Becky.

Ao chegar no hospital, Freen tirou a pistola para "guardá-la  melhor" e enquanto fazia isso ouviu um:

- Largue a arma e afaste-se dela!!.

- Tudo bem! Eu sou policial.

- Eu disse para largar a arma.

Freen levantou as mãos e Becky se meteu entre ela e o policial que apontava uma arma para a detetive.

A essa altura Freen tinha várias armas apontadas para ela.

Vários policiais haviam se dirigido ao hospital quando souberam que Nam havia sido baleada. As ordens que receberam de Irin era pra achar Becky e usar fogo e força se preciso para salvá-la.

- Afaste-se senhorita!

- Não atire, ela salvou min...

Becky não teve tempo de terminar, estava fraca demais e caiu desmaiada.
Feen mal teve tempo de segurá-la.

O policial se aproximou, ainda apontando a arma para Freen.

- Afaste-se dela ou vai levar um tiro.

- Você é idiota ou o quê? Ela precisa de ajuda.

Antes que alguém falasse alguma coisa, Freen ouviu uma voz familiar.

- Baixem as armas! Ela tá com a gente.

Tee se aproximou se identificando e os policiais recuaram.

- Desculpe capitã, somos do distrito vizinho, estávamos ajudando na busca pela senhorita e ...

- Tudo bem, não diga mais nada.

Os policiais ajudaram a levar Becky para receber os primeiros-socorros enquanto Freen acompanhou a capitã até onde estava Irin.
Tee percebeu a preocupação de Freen com Becky.

- Não se preocupe com ela, há mais policiais aqui hoje do que médicos.

As duas seguiram em silêncio até a recepção.
Freen percebeu a presença incomum de policiais e até mesmo de outros detetives.
Todos olharam para ela quando entrou.
Irin se aproximou.

- Venha! Precisamos conversar.

- O que houve? Onde tá a Nam?

Irin respirou fundo e falou:

- Não tá nada bem.

- E onde ela tá? Tá machucada?

Freen falou ao mesmo tempo que partiu em direção ao corredor de acesso a enfermaria.

Irin tentou segurá-la pelo braço.
Freen se livrou rapidamente dela.

- Sarocha! Me escuta...não pode entrar aí, ela...

Freen andou mais um pouco e um policial tentou impedi-la de seguir em frente.

- Não ouviu a comandante? Não pode entrar aqui.

Freen deu meia volta como se fosse recuar, mas virou e botou o policial a nocaute com um soco violento no queixo.

A parceira dele agarrou a detetive por trás, segurando pelo pescoço com um golpe no estilo "mata-leao", mas Freen se livrou dela com uma cabeçada.

Uma confusão se formou na recepção do hospital.

Tee tentou acalmar a detetive, mas também foi empurrada para longe.

Quase não se conteve para não revidar o empurrão.

Freen estava descontrolada.
Irin puxou a camisa de Freen com força quase rasgando.

Freen sentiu as unhas da Comandante arranharem sua pele enquanto fazia isso.
Ela cerrou o punho armando um golpe.

- Vai bater em mim também detetive?

Freen olhava com ódio para a Irin que a prensava contra o balcão da recepção.

- A sua parceira tá na cirurgia agora, lutando pra ficar viva, levou dois tiros. Agora eu preciso que fique calma, entendeu?

Freen respirava ofegante.
Irin aliviou um pouco a pressão que fazia com a mãos.

- Posso soltar você agora?

Freen fez sinal de positivo sem dizer uma palavra.

Tee pediu que todos voltassem ao trabalho.
Freen sentou numa cadeira e baixou a cabeça.
Tee estava p* da vida.

- Precisamos relatar tudo isso, ela agrediu dois agentes de outro distrito e...

- Tee...por favor...agora não.

Irin interrompeu a companheira que não escondeu o quanto não gostou do que a comandante disse.

- Preciso voltar ao distrito. Mas não posso levar a Mon comigo.

Tee estava chateada.
Irin também estava uma pilha de nervos.
Era o que as duas chamavam de "Efeito Sarocha".

- Eu fico com ela não se preocupe.

Tee se despediu e Irin foi até Freen.

- Quer um pouco d'água?

Freen tomou quase toda a garrafa que Irin lhe ofereceu.
Os olhos estavam vermelhos.
A detetive segurava o choro.

- O que diabos aconteceu?

- Não sei direito. Depois que você saiu recebi uma ligação. A detetive estava com a diretora voltando pra casa, testemunhas disseram que um homem puxou briga com as duas, depois viram uma mulher correndo e depois tiros. Quando cheguei vi Nam sendo levada na ambulância.

- A senhorita Armstrong! Ela pode dizer o que houve.

- Precisamos achá-la primeiro. Disse Irin.

- Ela tá aqui, Tee não disse a você?

- Bom...talvez ela tenha tentado, mas aí você resolveu dá uma de Rambo, querendo bater em todo mundo.

As duas levantaram e foram até o quarto onde Becky estava.

A diretora havia sido medicada e dormia.

- Como ela tá?
- Cuidamos dos machucados, mas ela ficou agitada quando recobrou a consciência e aplicamos um calmante, ela chamava pela detetive Sarocha, é você?

Quem perguntava era a médica que atendeu Becky.

- Sim, sou eu. Sabe me dizer como está a policial que deu entrada hoje?

- Eu a atendi mais cedo na emergência, foi encaminhada para o centro cirúrgico. Sinto informar, mas ela chegou em estado grave, perdeu muito sangue. Isso é tudo que posso dizer no momento.

A médica saiu prometendo a Freen que voltaria com mais notícias.

- Vou deixar um policial aqui com ela. Sei que não é o melhor momento, mas preciso fazer umas perguntas.

Irin saiu do quarto com Freen e as duas continuaram conversando no corredor.

- Comece dizendo como a diretora foi parar com você enquanto toda a polícia da cidade procurava por ela.

FREENBECKY EM CASOS DE ''POLÍCIAS''Onde histórias criam vida. Descubra agora