Coração quebrado

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Macau estava com a cabeça baixa quando percebeu a presença de alguém. Era o empresário de Tay, com um sorriso de deboche no rosto e um envelope na mão.

- Pobre Macau, descobrindo a verdadeira face de Tay - zombou o empresário.
- Por favor, não se dirija a mim - retrucou Macau, sem levantar o olhar.
- Isto é para você! Tay me pediu para entregar pessoalmente.

Macau hesitou, mas pegou o envelope, reconhecendo a assinatura de Tay. Quando abriu, tomou um choque. Dentro, havia uma quantia significativa de dinheiro e um breve bilhete: "Obrigado por tudo. Daqui, seguirei um novo ciclo."

- Sabe, Macau, quando vi Tay interessado em você, pensei que seria apenas mais uma das suas aventuras passageiras - começou o empresário, com um sorriso presunçoso. - Mas você, com sua juventude e beleza, foi se aproximando cada vez mais.

- E dificultando o seu lado - Macau interrompeu, a amargura evidente em sua voz.
- Sim, mas eu sabia que, cedo ou tarde, Tay se cansaria dessa vida de namorado de professor suburbano - o empresário riu ao ver Macau se encolher de desgosto. - Ou você realmente acreditou que viveriam para sempre em uma casa com jardim, em um interior comendo sopa barata? Que ingenuidade. Tay nasceu no luxo, ele gosta do luxo.

- Você não deveria falar o que não sabe - rebateu Macau, embora sua voz tremesse.

- Mas eu sei. O envelope em sua mão prova isso. Nem preciso abrir para saber o que está aí dentro. Dinheiro e a baboseira de começar um novo ciclo. É assim que ele se livra. Dinheiro, a linguagem que ele entende.

Macau estava prestes a revidar. Ele não era de aguentar desaforo. Mas se viu tão cansado daquela rede de mentiras. E essa realmente era a decisão que Tay pediu para ele esperar. Era a letra dele. Era o dinheiro dele. Era ele.

Pegou o envelope com o dinheiro e saiu. Ignorou o insulto, deixando o empresário confuso. Ele esperava que Macau fizesse um escândalo, que jogasse o dinheiro na cara dele. Mas não, Macau apenas saiu.

Pegou o primeiro táxi que viu e só parou no hotel. Pegou sua mochila e partiu. Não ficaria mais nem um minuto naquele mundo.



Quando chegou em casa, Pete estava à sua espera. Assim que o viu, Macau deitou a cabeça no colo do cunhado e chorou.

- Eu realmente achei que daria certo. Eu realmente achei que viveria um amor como o seu e o de Vegas. Que em breve teríamos um pequeno Venice correndo pela casa.

- Você é uma boa pessoa. Não é culpa sua. Não apague as boas lembranças.

- É só que... - Macau não conseguiu terminar a frase. O choro veio junto com as lembranças. - É só que tudo que vivemos acabou com um mísero dinheiro.

- Você fez bem em devolver.
- Eu não devolvi, Pete. Eu não devolvi. Ia devolver e falar sobre honra, mas não adianta falar com quem não quer escutar. Peguei o maldito dinheiro porque essa é a linguagem que ele entende e mostrei que eu entendi. Além do mais, se eu não pegasse, esse dinheiro iria para algum traficante qualquer. Posso ser iludido, mas nunca recusaria dinheiro.

Pete e Macau sorriram. Assim era a vida deles, rindo das desgraças.

Pete só saiu quando Macau adormeceu, exausto de tanto chorar. Chorar é bom, e seu ombro sempre estaria disponível para o que Macau precisasse.

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