Capítulo IV: O Cavalo e a Lesma

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"Odeio gostar de me sentir assim, meu cérebro e meu coração nunca estiveram tão livres, livres de você! Eu posso sentir minha vida escorrendo de suas mãos."

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Nikolai recebeu uma carta naquela manhã nublada. Ninguém sabia onde ele estava e todos que o conheciam já tinham sido mortos. Mesmo assim, a carta vermelha ainda estava no correio da casa.

Fyodor, que já sabia quem havia enviado a carta, olhou tristemente para o bobo da corte enquanto ele lia o conteúdo em voz alta, no quarto que eles dormiram.

Presado Nikolai Gogol,
Em base a sua habilidade, nós, a Decadência do Anjo, o convidamos para fazer parte da nossa ilustre organização. Nossos objetivos não podem ser revelados por escrito, porém, vamos o encontrar na toca do Coelho. Esperamos que aceite a nossa proposta.

Nikolai encarou o papel vermelho, depois olhou animado para o amigo. — Eu vou!

— Por quê? Você nem sabe quem eles são! — Fyodor tentou convencê-lo. — Além disso, não foi a Decadência do Anjo que mandou isso.

— Oh, eu sei! — Ele disse sorrindo, surpreendendo o assassino. — A Decadência do Anjo se partiu. Eu pude perceber quando pararam de escrever sobre eles no jornal — Nikolai olhou para o teto. — É realmente uma pena! Era tão interessante ler as matérias.

Fyodor se arrependeu em subestimar o acrobata. Não havia nada que ele pudesse fazer. Quando o artista quer algo, ele consegue de um jeito ou de outro.

— Eu vou com você! — Ele anunciou, por fim, colocando as botas e arrumando a cama que ele acabará de se levantar. — Se você morrer, eu já tinha te avisado.

O acrobata o olhou intrigado, enquanto os cabelos pretos armados do assassino eram deixados de lado.

— Dostoy, quando foi a última vez que você se lavou? — Nikolai perguntou, observando o olhar cansado e o cabelo bagunçado do amigo.

— Não sei... — Ele disse, se levantando. — Isso não é importante...

— É sim! Eu vou para uma entrevista de emprego! Você quer que eu não passe? — Nikolai refez a trança de um jeito mais formal e arrumou as roupas com elegância, o deixando com um ar ainda mais bobo.

— Na verdade, sim — Ele admitiu, saindo do quarto e descendo as escadas. O palhaço o seguia com pressa. — Além disso, quem quer que tenha mandado aquela carta, quer acabar com a sua liberdade. Você acha que eles realmente se importam com você? Eles vão te prender em uma gaiola ainda menor do que a que você está.

— Eu sei disso — Nikolai parou. Fyodor virou bruscamente em sua direção. — Eu estou indo lá para matá-los — ele riu. — E um espetáculo precisa de um apresentador bem arrumado, não é mesmo? Então trate de arrumar essa cara de bolacha!

Nikolai empurrou Fyodor escada a baixo. Acontece, que havia mais um banheiro na casa, esse ficava no andar de baixo. As paredes eram brancas e a banheira estava limpa, ou melhor, foram limpas pelo acrobata.

O artista nem se importou em tirar as botas ou a roupa do amigo, ele apenas o jogou, inteiramente vestido, na banheira cheia de água morna que ele havia preparado. Depois de um tempo em choque, Fyodor começou a reclamar.

— Por que você fez isso?! Nikolai, eu não tenho outra roupa para vestir! — Ele gritou irritado, com os cabelos pingando.

— O que foi? Quer tanto assim ficar sem roupa na minha frente? — O acrobata perguntou, provocativo, fazendo seu rosto ficar a centímetros do de Fyodor.

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