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"Mas como poderei ser livre dentro de uma gaiola? Como amar até seus pulmões ficarem sem ar? Como sentir na pele a esperança? Como saber ao certo quem matar?"
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Fyodor não achou Nikolai em lugar algum da casa pela manhã.
Ele não se importou com sua garganta seca, suas canelas doloridas e seus olhos extremamente pesados. Se o acrobata não estava por perto, ele tinha assuntos mais importantes para se preocupar.
Ele procurou no andar de baixo, no de cima, nos quartos e nos banheiros. Nem um sinal do palhaço.
Ele sabia onde Nikolai estava e sabia o que ele estava fazendo, só não sabia como o bobo da corte concluiu que essa era a melhor coisa a fazer. Um roubo em plena luz do dia.
Acontece que Nikolai estava indo em direção a base dos Cães de Caça para pegar o Livro que eles tanto discutiram.
Já que ele não conseguiria matar Fyodor, Nikolai pensou que, se escrevesse no livro que todos são livres, ele não precisaria mais sentir em algo tão deprimente quanto seu amor pelo assasino.
Fyodor saiu de casa com o casaco que ainda estava em condições de uso. O sol incomodava muito sua visão, ele aparecia mesmo em uma tarde inesperadamenrte fria como essa. Observado as pessoas passando com os jornais, ele percebeu que passou três dias inteiros desacordado.
Ele estava muito mais fraco que antes, ao andar até os portões da cidade, ele já sentiu náusea e sua visão ficou turva. Ele tinha sim alguma imunidade ao veneno, mas isso não o impedia de sofrer pelos efeitos que ele causava.
Pela primeira vez em toda sua vida, o assassino não sabia o que fazer. Aquele acrobata era o ser humano mais imprevisível que ele já conhecerá. Ele poderia ter roubado um carro, ido a pé, ter pegado carona em uma carroça... Era impossível saber, já que ele tinha passado todos os dias dormindo.
Até que ele viu, na manchete de um jornal jogado fora, o rosto do palhaço. Eles usaram a mesma foto do baile, onde ele está de máscara e com um traje de pedrinhas de prata.
<PALHAÇO MANIACO ADQUIRE MAIS UM CRIME A SUA LISTA> Dizia a manchete. Fyodor riu, até ler o resto da matéria.
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Um estrondo roxo dispara pela sala.
Nikolai acabará de voltar de sua longa viajem, com nada em mãos a não ser uma cópia de Alice no País das Maravilhas.
Com os últimos traços de consciência, ele se deitou na poltrona e desmaiou, se esparramado pela pele de urso.
Fyodor assistiu tudo no seu canto da sala, a manchete de jornal na mesa. Ele esperou todas as 15 horas até o palhaço acordar, já estava cansado de dormir. Uma garrafa de vodka disfarçou os três dias sem comer.
Depois que as horas se passaram, Fyodor viu Nikolai se mecher no sofá. O acrobata levantou a cabeça, desnorteado e consfuso. Ele olhou em volta e achou seu tão amado parceiro o encarando.
— Dostoy! Que bom te ver! Já faz o que? Trinta minutos? — Ele começou, voltando a seu humor usual e indo abraçar o moreno que já havia se levantado.
— Não venha com "Dostoy!" Para cima de mim! O que você pensava que ia conseguir arrumando briga com os Cães de Caça?! — Fyodor perguntou se esquivando, fazendo o acrobata abraçar o vento fingindo desapontamento. — Agora eles sabem onde estamos, está contente?
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Liberdade É Uma Consequência | FyoLai
Hayran KurguNikolai Gogol, o acrobata, fugiu do circo onde trabalhava para procurar a liberdade que um assassino havia prometido. Os sentimentos o deixam louco, mais do que já é, e tudo isso é culpa do seu parceiro, Fyodor Dostoyevsky. -> Ler os gatilhos antes...