Capítulo VII: Jogos de Azar

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"A lebre que pulava alegremente por minha cartola quebrou a perna e cansou de fazer shows."

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- Eu ainda prefiro o primeiro traje - Fyodor disse pela quarta vez depois de Nikolai desfilar pela sala com o possível "look da noite". - Com essa roupa, você parece um saco de batatas.

- Foi meu melhor amigo que me deu esse! - Ele gritou, fingindo indignação.

- Seu amigo, além de não existir, tem mal gosto.

- Ótimo, então eu vou com o branco! - O acrobata anunciou subindo as escadas e voltando com um lindo traje de tecido branco. Ele cobria todo seu corpo até o pescoço, com detalhes em pedrinhas sintilantes e prateadas.

O acrobata nunca tinha o usado antes, nem mesmo quando os colegas do circo imploravam. Aquela roupa ficava justa no seu corpo, então Nikolai vestiu um terno branco e uma calça social que tinha achado no armário por cima do traje. Um par de botas com salto caíram perfeitamente em seus pés, o deixando mais alto do que já era. Como o traje estava por baixo da roupa, ele sentia um pouco de calor, mas isso não o incomodava.

Fyodor usava apenas uma camisa social preta simples, abotoada até o colarinho. Um sobretudo preto por cima para ajudar a esconder suas coisas. Anéis e colares prateados cintilavam em suas mãos e pescoço. Uma cruz, também prateada, era usada perto de seu coração. Nikolai poderia o observar por horas a fio sem se entediar.

- Eu tenho um presente para você - Fyodor anunciou, pegando o pacote branco com um formato estranho do armário. - Combina com sua roupa.

Nikolai rasgou o papel e saltitou sorridente para o revólver preteado que se encontrava dentro dele. Ele abraçou o amigo e, sem se preocupar muito, atirou no lustre a cima deles.

- Está sem balas? - Ele perguntou entristecido.

- É um truque, você não precisa de quase nada para conseguir assustar um público sorridente. - Ele andou até a porta, abrindo-a para o palhaço.

- Mas eu quero atirar em alguma coisa! - Ele resmungou, agindo com infantilidade. - Seus truques não são tão legais quanto os meus!

- Faça balas aparecerem, você não era um mágico? - Fyodor perguntou, olhando o grande relógio atrás do acrobata com um sorriso de impaciência. Ele colocou sua máscara preta sobre os olhos. - Já vamos perder a hora do show, vai vir ou não?

Nikolai, derrotado, seguiu até a porta, colocando sua máscara branca feita de cartas que ele tinha montado na noite anterior. Ela, de algum jeito, fazia seu olho pálido não parecer tão chamativo.

Eles não andaram muito naquela viagem. Fyodor usou o restante do dinheiro para pagar um motorista para levá-los até o grande salão onde o jovem os encontraria.

O lugar era enorme! O acrobata ficou admirado com o grande lustre dourado no meio do salão, que era, pelo menos, cinco vezes maior do que o que eles tinham em casa.

Também era perceptível a segurança escassa do lugar, como Fyodor havia previsto. Apenas um porteiro tomava conta de todos que entravam e saiam. Ele era um homem velho, que provavelmente dormiria nos primeiros minutos de festa. Eles entraram sem serem reconhecidos como acrobata e assassino.

O Palácio estava cheio. Homens, mulheres, jovens, adultos... todo tipo de pessoa! Todos se vestiam formalmente, ternos e vestidos enchiam sua visão.

Uma orquestra fazia o local se encher de música. Era quente lá dentro, mas não o suficiente para os fazer sentir calor, dando um contraste perfeito com a noite fria do lado de fora.

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