Confinado

Prato de Chef

Uma das primeiras lições que aprendi na prisão, é nunca reclamar da comida. Por mais que a comida da prisão seja sem gosto e rançosa, como se tivesse sido cozida em água fria, criticar o cozinheiro é quase uma sentença de morte.

E eu aprendi isso da pior forma possível.

— Olá, senhora cozinheira criminosa! Então, eu percebi que você deixou um fio de cabelo cair bem aqui no macarrão, olha.

Comentei casualmente, apontando para um fio de cabelo negro que se enrolava no espaguete molenga de aparência velha e esbranquiçada.

A cozinheira era uma Monstro-Chefe, uma grande cabra de pelo acinzentado com olhos vermelho sangue. Ela me encarou com raiva.

— Não sei de onde veio isso, garoto. Deve ser seu.

Deixei escapar uma risadinha de divertimento, e ela estreitou os olhos.

— Mas eu nem tenho cabelo! Quer dizer, tenho uma bela coleção de perucas artísticas, mas não são permitidas aqui.

Continuei alegremente, mas a mulher parecia não achar graça.

— Então o que você quer? Caviar? Aqui não é hotel não, vá irritar outra pessoa!

Respondeu a mulher com rispidez, enquanto mexia uma gororoba estranha em uma grande panela de ferro.

— Oh, não! Não foi minha intenção te irritar!

Ela revirou os olhos, impaciente.

— Então você não gosta da minha comida?

— Bem, eu acho que a senhorita tem um grande potencial, mas talvez deva fazer algumas aulas de culinária para aprimorar os seu talento!

A mulher me lançou um olhar mortal, seus olhos vermelhos brilhando de ódio. Por um momento, pensei que fosse me estrangular alí mesmo, mas ela apenas sorriu com um olhar cínico.

— Certo, garoto esqueleto, então amanhã vou fazer questão de preparar um prato de chef, especialmente para você.

Disse, em um tom de ameaça que não entendi de primeira.

No dia seguinte, ela me serviu uma aranha ensopada com quiabo.

...

Definitivamente, a cozinha PRECISA de mim.