Dia de Visita

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     Certo, eu tinha três dias pra convencer meu assassino e psicótico colega de cela a auxiliar em fuga da qual eu nem queria fazer parte.

     Tudo bem. Eu consigo. Pensamento positivo.

     Enquanto eu caminhava distraído em direção a minha cela,, o diretor da prisão se aproximou de mim.

— Sr. Swap, é dia de visita hoje. Seu irmão veio te ver.

     Eu o encarei, por alguns segundos, e então senti uma descarga de alegria.

— O quê? Visita? Hoje? Que bom!

— Eu só queria ter certeza de que você está ciente das regras. Vocês terão dez minutos. Apenas dois abraços serão permitidos, um na entrada e outro na saída. Os dois serão revistados antes de entrarem na sala, e esteja ciente de que qualquer tentativa de tráfico será punida com rigor.

— Oh, sim, eu entendo. Não se preocupe, senhor, eu não vou causar problemas!

    O diretor da prisão bufou e revirou os olhos. Ela um humano de aparência cansada, devia ter cerca de 56 anos. Ele fez um sinal para que eu o seguisse, e me conduziu até a sala de visitas.
    Quando vi Papyrus, do outro lado do vidro, cheguei a pular de alegria. Fazia quase uma semana que não nos víamos. Antes de me deixar entrar na sala, me revistaram duas vezes.

— Tudo bem, pode ir.

     Assim que entrei na sala, Papyrus me recebeu com um sorriso amarelo. Demos um abraço apertado que, vigiado pelo olhar rigoroso de um guarda, durou apenas alguns segundos.

— Papyrus, irmão! Eu estava com tanta saudade! Eu tenho tanta coisa pra te contar! Esse lugar é horrível, e a comida é... é péssima! Um crime gastronômico!

Ele me escutava atentamente, apesar do olhar cansado. Parecia não dormir há algum tempo.

— Eu imagino. Como tem passado, mano?

— Ah, bem... as pessoas ainda não gostam muito de mim. Mas isso é por que eles não me conhecem! Eu até fiz um, uh, amigo, eu acho.

Ele franziu o cenho, desconfiado.

— Amigo? Que amigo?

— Oh, você ia gostar dele! É meu colega de quarto. Ele é meio quieto, e... mentalmente enfermo. Mas é um doce de pessoa quando não está em crise! Todo caladão, você tinha que ver!

— ....sei. Olha, melhor você ficar longe desses caras, Blue. Amigos de cadeia podem ser uma má influência pra você.

— Ou eu podia ser uma boa influência pra eles! Então eles deixariam de ser bandidos e passariam a ser pessoas boas, não é? Todo mundo merece uma segunda chance!

Ele suspirou, cansado, e sorriu pra mim.

— É, mano. Boa.

— E você, irmão? Como estão as coisas lá em casa? Oh, não, o Asgore deve estar desolado, e a Toriel também...

Papyrus deu de ombros, meio sem ânimo para falar.

— É, eles... eles estão segurando as pontas.

Me calei por alguns segundos.

— Eles ainda acham que eu fiz isso?

Questionei, apresar de saber a resposta. Papyrus me encarou no fundo das órbitas e assentiu com a cabeça.

— Mas eles não tão pensando direito, mano. Dá um tempo pra eles, em algum momento vão perceber que estão sendo irracionais. Eles só querem alguém a quem culpar, e como você estava lá, eles....

Senti um aperto no peito, e ele fez uma pausa.

— Olha, não importa o que eles acham. Não foi você.

Suspirei e concordei com a cabeça. A julgar pela cara do guarda, nosso tempo estava acabando.

— Eu te amo, irmão.

Ele abriu um sorriso triste.

— Também te amo, mano.

E o tempo acabou. Nos foi permitido mais um abraço, breve, e depois disso fui dirigido para a minha cela e revistado duas vezes.

A próxima visita? Só daqui um mês.

ConfinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora